Em chinês este conhecido símbolo que representa a integração de Yin e Yang é denominado como diagrama do Taiji Tu. O príncipio da dualidade do Yin e Yang tem origem no Tao(ou Dao), filosofia e metafísica da cultura daquele país.
Segundo este princípio, duas forças complementares compõem tudo que existe, e do equiliíbrio dinâmico entre elas surge todo movimento e mutação. Essas forças são:
Essas qualidades acima atribuídas a cada uma das dualidade são, não definições, mas analogias que exemplificam a expressão de cada um deles no mundo fenoménico. Os princípios em si mesmos estão implícitos em toda e qualquer manifestação.
Os exemplos acima não incluem qualquer juízo de valor, e não há qualquer hierarquia entre os dois princípios. Assim, referir-se a Yin como negativo apenas indica que ele é negativo quando comparado com Yang, que será positivo. Esta analogia é como a carga elétrica atribuída a protons e electrons: os opostos complementam-se, positivo não é bom ou mau, é apenas o oposto complementar de negativo.
O diagrama do Taiji simboliza o equilíbrio das forças da natureza, da mente e do físico. (Preto) e (branco) integrados num movimento contínuo de geração mútua representam a interação destas forças.
A realidade observada é fluida e em constante mutação, na perspectiva da filosofia chinesa tradicional. Portanto, tudo que existe contém tanto o princípio Yin quanto o Yang. O símbolo Taiji expressa esse conceito: o Yin dá origem ao Yang e o Yang dá origem ao Yin.
Desde os primeiros tempos, os dois pólos arquetípicos da natureza foram representados não apenas pelo claro e pelo escuro, mas, igualmente pelo masculino e pelo feminino, pelo inflexível e pelo dócil, pelo acima e pelo abaixo. Yang, o forte, o masculino, o poder criador era associado ao céu, enquanto o Yin, o escuro, o receptivo, o feminino, o material, era representado pela terra. O céu está acima e esta cheio de movimento. A terra - na antiga concepção geocêntrica - está em baixo e em repouso.Dessa forma, yang passou a simbolizar o movimento e yin o repouso.No reino do pensamento, yin é a mente intuitiva, feminina e complexa, ao passo que yang é o intelecto masculino,racional e claro.yin é a tranqüilidade contemplativa do sábio, yang a vigorosa ação criativa do rei.
Yin/Yang e I Ching
O I Ching, ou Livro das mutações, mostra através dos hexagramas que o compõe uma aplicação do princípio yin-yang à percepção dos ciclos de mutação da natureza, discutindo como o ser humano pode se integrar a ela de uma forma melhor.
A manipulação das 49 varetas para determinar o hexagrama que representa uma dada situação origina para cada linha do hexagrama combinações que representam um destes quatro estados: yin-jovem, yin-velho, yang-jovem ou yang-velho.
As linhas velhas, ou móveis, indicam uma sobrecarga do princípio que representam, portanto estão prestes a se transformar no princípio oposto, originando interpretações mutáveis.
Yin Yang - Mestres
Yin - Cao-yin - grande mestre das artes negras, sombrio ninja q lutou em muitas batalhas durante seculos.
Yang - Cheng-yang - grande mestre espiritual, dominate da magia sagrada, grande general das guerras e sabio do templo Shingsey.
Estes dois grandes mestres confrontaram entre si, na dinastia Shu, para definir o poder sobre a China.
Yin/Yang na Medicina Tradicional Chinesa
Os conceitos Yin e Yang estão presentes no mito de criação da terra e humanidade, a história de Pan gu, e atribui-se seu mais antigo uso sistemático ao I Ching. (Cooper, Kikuchi) Contudo não há dúvidas que o cánone básico de sua aplicação à medicina é o Nei Ching "o livro de imperador amarelo".
Lê-se, no Nei Ching: " O imperador Amarelo disse:
“O princípio de Yin e do Yang - os elementos masculino e feminino da Natureza - é o princípio básico de todo o Universo. É o princípio de tudo quanto existe na Criação. Efetua a transformação para a paternidade; é a raiz e a fonte da vida e da morte, e também encontra-se no tempo dos deuses.
A fim de tratar e curar as doenças, há que investigar-se a sua origem. O céu foi criado por uma acumulação de Yang, o elemento da luz; e a terra foi criada por uma acumulação de yin o elemento das trevas. “
O Nei Ching consiste basicamente no diálogo de Qi-bai (também grafado Ch'i Po) com o imperador amarelo mas é voltado para as questões práticas da adaptação ao clima, nutrição, emoções mas sobretudo num segundo tomo ou versão, o Su Wen, concentra-se na prática clínica, naturalmente com as metáforas e referências da época em que foi contado (tradição oral), escrito ou re-escrito nas distintas dinastias (Han, Tang). A título de exemplo observe-se a seguinte citação:
"O Imperador Amarelo pergunta: Ouvi dizer que o céu era Yang e a terra era Yin, que o sol era Yang e a lua era Yin. Como concordam elas, no homem?
Qi-bai responde: O que está acima dos rins (região lombar) depende do céu; o que está abaixo da região lombar depende da terra. os 12 vasos principais ((Jing - mai) correspondem assim aos 12 meses (12 ramos terrestres). A lua está em relação com a água. Eis porque está situada em baixo é Yin"''
Iniciando assim a classificação dos meridianos em suas propriedades Yin e Yang. Esse livro para o qual existem algumas traduções e sobretudo múltiplas versões, mantém uma unidade quanto ao tema que aborda e é nítida a identificação da teoria de um conjunto de explicações sobre o processo saúde doença em relação ao Yin Yang, fatores patogênicos/terapêuticos organizados sob a forma de uma fisiologia ou dinâmica vital, (Madel Luz) onde se integram com os conceitos de meridianos e a teoria dos cinco movimentos (elementos).
O estudo das noções de oposição/correlação ou par de oposições tem uma longa história de aplicações em diversas áreas do saber, tanto na China antiga como atual a exemplo o Feng Shui, assim como no ocidente a exemplo estudos de filosofia, lógica, linguística (estrutural), teoria da informação, semiótica/semiologia, psicanálise e antropologia.
Semiologia da dualidade
Em Semiologia a questão de reunir todas as oposições conhecidas na semiologia, em um modelo (paradigmático) binário, tido como universal (e por ser universal, natural) é discutida por Barthes (Barthes). Esse autor nos dá referências que contestam essa universalidade sobretudo na lingüística. Não apresenta dados concretos, mas põe em dúvida a “Lei do tudo ou nada” da transmissão neuronal e o possível mecanismo neuro-cerebral de “operação por exclusão de alternativa” e principalmente a extensão desses princípios ... “edificando-se da natureza a sociedade uma tradução digital” e não mais “analógica do mundo”... Ambos incertos (imprecisos) segundo ele. (Barthes)
Barthes afirma entretanto, que o binarismo constitui um fato muito geral, e um princípio reconhecido a séculos, de que a informação pode ser veiculada por um código binário. Segundo ele a maioria dos códigos artificiais, inventados por sociedades muito diversas, foram binários desde o “Bush Telegraph” (principalmente o “Talking Drum” das tribos congolesas de duas notas ) até o alfabeto morse e os atuais desenvolvimentos do “digitalismo”, ou códigos alternativos de “digits” da mecanografia e cibernética”. (Barthes)
Para o antropólogo Claude Lévi-Strauss uma das primeiras sistematizações sobre associação por contrariedade encontrada no estudo do totemismo (exogamia) como um traço universal do pensamento humano se deve a Radcliffe Brown (Lévi- Strauss).
Refere-se também ao mérito da psicologia associonista de delinear os contornos dessa lógica elementar que é como “o menor denominador comum de todo pensamento” lhe faltando (a Radcliffe Brown) reconhecer que se tratava de uma lógica original, ”expressão do espírito e do cérebro”, análoga a álgebra de Boole, e que se estende bem além das generalizações etnográficas do totemismo até as leis da linguagem e mesmo do pensamento (Levi-Strauss, Totemismo Hoje).
Yin/Yang e anatomia
Quanto a descrição e classificação anatômica a cultura chinesa possui ampla nomenclatura que descreve as diversas partes, pontos, regiões, órgãos e sistemas do corpo onde os princípios do Yin - Yang são aplicados, diferenciando tanto as formas como funções, por exemplo:
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- Yin : lado direito; parte anterior (ventral); parte palmar; interior do corpo; membros inferiores; tronco; cheio (sólido); órgãos /meridianos zang: fígado, coração, rim, pulmão, baço-pancreas, pericárdio.
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- Yang: lado esquerdo; parte posterior (dorsal); parte volar; exterior; membros superiores; cabeça; oco, vazio (luz); órgãos/meridianos fu: intestino delgado, i. grosso, estômago, bexiga, vesícula - biliar, tríplice aquecedor (san jiao), cérebro, útero.
E assim se estende essa classificação tanto aos órgãos como aos processos fisiológicos normais e patológicos, abrangendo inclusive uma série de sinais e sintomas que são utilizados no processo diagnóstico da medicina chinesa como será visto em seguida. Entretanto, é sempre bom lembrar que cada uma das funções ou órgãos aqui divididos em grupos Yin e Yang podem ser ainda subdivididos em sucessivas classificações.
Por exemplo alguns órgãos como o coração e o rim possuem características Yang (Shao - jovem Yin) enquanto que o pulmão e baço-pancreas características Yin (Tai - grande Yin) apesar de todos em sua constituição ser classificados como Zang (órgãos) de natureza Yin.Analisando-se o coração pode-se ainda diferenciar o Yin cardíaco (a sístole - a massa muscular) do Yang cardíaco (a diástole, as cavidades) e assim sucessivamente.
Eis uma breve síntese da aplicação desses conceitos ao conjunto de sinais e sintomas usualmente identificados na semiologia médica.
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- Yin: processos crônicos; tendência à obesidade; congestão; passiva; hipotermia; tonus muscular diminuído; flacidez; sensibilidade diminuída; pele úmida, fria; sonolência; voz apagada; pessismismo; olhar apagado; aspecto alquebrado; timidez; depressão; inibição; distensão; dilatação; equilíbrio estático; coma, estupor.
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- Yang: processos agudos; tendência ao emagrecimento; inflamação; febre; tonus muscular aumentado; espasmo; sensibilidade aumentada; pele sêca, quente; insônia; voz vibrante; otimismo; olhar brilhante; aspecto arrogante; desembaraço; ansiedade; excitação; tensão; contração; alteração dos movimentos; convulsão.
Diagnosticando através do sistema Yin - Yang
A partir da desarmonia e/ou interrupção do fluxo dessa energia (Yin/Yang) é que se pode estabelecer os desequilíbrios endógenos e/ou a vulnerabilidade aos agentes agressores externos (frio, calor. Chi impuro, etc.)
As síndromes Yin – Yang causadas por esse desequilíbrio, podem ser basicamente subdivididas por causas como:
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- tipo Xu (deficiência) ou seja aquelas provocadas por uma baixa resistência corpórea devida a hipofunção ou insuficiência de certos materiais;
- e tipo Shi (excesso) indicando agressão por agente nocivo externo em presença de uma resistência orgânica normal. (Livro dos 4 institutos; Auteroche - Navailh)
A preponderância do Yin sobre Yang em presença do fator patogênico Yin caracteriza a síndrome frio do tipo Shi (excesso).
A deficiência da energia Yang com níveis adequados dos fatores Yin caracteriza a síndrome do frio tipo Xu (deficiência).
A preponderância do Yang sobr Yin em presença do fator patogênico Yang caracteriza a síndrome do calor do tipo Shi (excesso).
A deficiência de Yin com níveis adequados da energia Yang caracteriza a síndrome do calor tipo Xu (deficiência). (Livro dos 4 institutos; Auteroche - Navailh)
A caracterização Yin - Yang das diversas situações patogênicas e patológicas é essencial no processo diagnóstico, contudo para ser concluído e portanto permitir a melhor opção terapêutica que restabeleça o equilíbrio do organismo faz-se necessário identificar os fatores internos - meridianos ou órgãos atingidos bem como os agentes patogênicos aos quais o organismo está exposto.
Na medicina chinesa as doenças são vistas como um desequilíbrio causado por agentes externos (vento, secura, calor, umidade e frio) associados a sentimentos ou estados emocionais (raiva, medo, alegria, “preocupação” e tristeza) (Sussmann) a exemplo do reumatismo denominado como “doença” do frio da tristeza e da umidade; ou emoção depressiva levando o Chi do “fígado” (madeira) a invadir o “estômago” (fogo) causando gastrite; e ainda o vento penetrante no mar de medula causar uma paralisia equivalente ao que chamamos acidente vascular cerebral essas combinações são explicadas, como alterações do fluxo habitual de Chi (Yin ou Yang) que resultam no excesso ou falta dessa energia nos diversos órgãos e meridianos. (Auteroche ; Navailh) Esses meridianos e suas relações são também explicadas pela Lei dos 5 elementos que os classifica como água, fogo, terra, metal e madeira. (Livro dos 4 institutos; Sussmann; Wen; Auteroche; Navailh)
O prognóstico e terapêutica deve ainda levar em conta, além dos fatores ambientais e psicológicos a qualidade do Chi ancestral ou Jing Chi na síndrome Dian xian (vento da cabra louca) ou epilepsia considera-se a dimensão do dano ao Yin ancestral (pré natal) (Scott) nos remete para essa informação ao Su Wen do Nei Ching onde consta a observação que "o susto (surpresa, alegria) enquanto o bebê está no útero faz o Chi subir e perturbar o Yang puro dando origem à epilepsia" reforça essa idéia citando um livro médico da dinastia Ming o Zhou ZhiGan (Dádiva das almas) onde se lê: " Dian xian surge da insuficiência de Yin ancestral antes do céu (pré natal); o fígado patologicamente torna-se muito terra e lesa o coração" O coração pode ser afetado tanto por sentimentos tipo alegria e susto (surpresa) como pela energia que recebe do meridiano do fígado como foi referido. (Scott)
Nas concepções populares de dano fetal susto, passar raiva, ter desejos não satisfeitos e podem explicar defeitos congênitos.
Os chineses identificavam também dano ao Chi ancestral nos quadros de retardo mental - "fraqueza da essência ou sangue da mãe por insuficiência do Chi do útero que lesa o baço e/ou rins" Distinguem formas curáveis dos quadros irreversíveis e também consideram a etiologia pós natal onde incluem a desnutrição causando deficiência do Chi e do Sangue. (Scott)
Ainda sobre processo diagnóstico e dimensão dos fatores exógenos Lê-se no Nei Ching: "Quando o Yang é mais forte, as pessoas podem suportar o inverno, mas não suportam o verão...quando o Yin é mais forte as pessoas podem suportar o verão mas não suportam o inverno" O Ling Shu complementa esclarecendo que as doenças Yang acontecem no inverno (no caso tipo xu - deficiência) e as doenças Yin acontecem no verão identificando ainda 5 agentes patogênicos, a saber:
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- O xié (fator patógeno) que penetra no Yang e provoca o Kuang (acesso maníaco).
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- O xié (fator patógeno) que penetra no Yin e provoca o xué-bi (bloqueio de sangue).
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- O agente patogênico que penetra no Yang e se transforma na doença do Dian (vértex), cefaléias, ou vertigens.
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- O agente patogênico que penetra no Yin e transforma-se em "Yin" (afonia) perda da voz.
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- O agente patogênico do Yang que penetra no Yin suscita uma doença do equilíbrio (estática - o Yin representa o repouso). O agente patogênico saindo pelo Yang, provoca uma doença de movimento (riso, cólera). O Yang configura o movimento."(Ling Shu / Ming Wong)
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Nancilee Wydra Capítulo do livro Feng Shui O livro das soluções Editora Pensamento Yin e Yang representam opostos, como alto e baixo, grande e pequeno, quente e frio. Ao contrário de nossa idéia ocidental de antagonismo dos opostos, eles são complementares. Tomem em consideração um ioiô. Esse brinquedo funciona utilizando-se dois extremos em uma relação equilibrada entre um e outro. Sem um dos extremos, um ioiô não pode funcionar. Ele precisa do "para cima" tanto quanto do "para baixo". Yin e Yang sempre precisam um do outro para equilibrar um jogo, o quarto de uma pessoa, ou a vida dela. | |||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Para acrescentar yin
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MANUAL DO HERÓI OU A FILOSOFIA CHINESA NA COZINHA |
Confúcio disse: A harmonia do mundo depende da retificação dos nomes. |
Tudo o que se quer entender carece de um mínimo de arrumação. Os chineses de antigamente, muito apaixonados pela observação e classificação dos fenômenos da natureza, arrumaram o mundo primeiro em yin e yang, a quietude e o movimento, o sombrio e o luminoso, o vazio e o cheio, a água e o fogo. Essa forma de pensar, a princípio estranha, se torna simples e vigorosa quando nos acostumamos com ela - ou melhor, quando percebemos que yin e yang não são forças opostas e distintas, mas qualidades inseparáveis de um mesmo processo. Você joga a bola para cima, herói, e enquanto há impulso ela sobe, e isto é yang; acabado o impulso ela pára de subir e cai, e isto é yin. Yang: movimento. Yin: quietude. Nada é yin ou yang o tempo todo. Quando um movimento atinge sua expressão máxima, se transforma no outro. Como uma onda no mar, que começa devagarinho, vai crescendo, mostra sua força, atinge seu máximo - e quebra, deixando despencar aquele monte de água e espuma. Como o sol que vai subindo no céu até ficar a pino, e então começa a descer. Yin e yang refletem as mutações contínuas do próprio universo e nos dão a chave para compreender uma realidade sempre relativa, cheia de novidades e surpresas, e entretanto constante em seus ciclos temporais. Durante muito tempo foi assim; yin e yang, em sua infinita flexibilidade, eram o modo oficial do pensamento. Mas aos poucos foi aparecendo, e finalmente se escancarou há cerca de três mil anos, uma outra forma de arrumar o mundo - sempre compatível com yin e yang, mas definida em cinco setores que abrangem simplesmente tudo. Por que cinco e não quatro ou seis? Porque esses novos pensadores prestaram muita atenção a certos detalhes. Por exemplo: os pontos cardeais, que sempre se diz que são quatro, para eles são cinco - norte, sul, leste, oeste e centro. Pois que seria das direções se não houvesse um centro como ponto de partida? Outro detalhe: as estações do ano. Onde todo mundo viu quatro eles viram mais uma, o final do verão, que tem características de todas as estações e se faz notar também, embora menos intensa, no final da primavera, do outono e do inverno. No funcionamento do corpo humano perceberam cinco órgãos fundamentais, cada qual constituindo, com seu meridiano, um centro sutil de energia: fígado, coração, baço, pulmões e rins. Viram que esses órgãos atuam em parceria com cinco outros: vesícula biliar, intestino delgado, estômago, intestino grosso e bexiga. Notaram que cada um dos cinco setores é mais sensível a um tipo de clima: vento, calor, umidade, secura ou frio. Mais ativo num período do dia: manhã, meio-dia, tarde, anoitecer ou noite. Favorece diferentes atitudes: planejamento, comunicação, reflexão, ordenação, vontade. E traz consigo um sabor - ácido, amargo, doce, picante ou salgado - que vai influir decisivamente na nossa vida, já que sua presença reforça, sua ausência enfraquece e seu excesso desequilibra a energia daquele setor dentro de nós. Essa arrumação do mundo em cinco partes é representada por uma estrela de cinco pontas, cada uma das quais recebe o nome do elemento natural que mais se identifica com aquela maneira de ser. Água para a energia que é fria, fluida, pesada, escura, yin. Madeira para a energia morna que brota, sobe, ocupa e determina espaços - o começo do movimento, yang. Fogo para a energia quente, leve, luminosa e exuberante que se espalha com facilidade: yang. Terra para a energia neutra sobre a qual tudo repousa, estabilizadora, receptiva. Metal para a energia fresca e seca que desce, concentra, contrai - o começo do yin. Mas o mundo gira e a estrela roda, herói, e rodando constrói um ciclo, um círculo, um mundo redondo em que tudo muda o tempo todo. Água se transforma em Madeira, Madeira se transforma em Fogo, Fogo se transforma em Terra, Terra se transforma em Metal, Metal se transforma em Água. O movimento nasce, cresce, atinge o alto, desce, morre, renasce, tudo legitimamente yin e yang. As pontas da estrela representam os momentos de transformação dentro do ciclo. São apenas um modo fácil de simbolizar o processo; não dão a idéia visual exata, porque Terra deveria estar sempre no centro, mas quebram o maior galho, e você logo verá por quê. Os chineses expressam estes momentos da seguinte forma: O leste cria o vento. O vento cria a madeira. A madeira cria o sabor ácido. O sabor ácido nutre o fígado; o fígado nutre os músculos; os músculos fortalecem o coração; e o fígado governa os olhos. Os olhos vêem a escuridão e o mistério do Céu e descobrem Tao, o caminho. Do sul vem extremo calor. Calor produz fogo e fogo produz o sabor amargo. O sabor amargo nutre o coração, o coração nutre o sangue e o sangue dá vida ao estômago. O coração reina sobre a língua. Do centro vem a umidade que cria a terra e a terra cria o sabor doce. O sabor doce nutre o baço, que nutre as carnes que fortalecem o pulmão. E o baço governa a boca. O oeste engendra a secura que produz o metal. O metal cria o sabor picante e o sabor picante nutre o pulmão. O pulmão nutre a epiderme que fortalece os rins, e governa o nariz. O norte cria o frio; o frio produz a água; a água gera o sabor salgado; o sabor salgado nutre os rins; os rins nutrem os ossos e as medulas, que fortalecem o fígado; e os rins governam as orelhas. Você reparou que um setor nutre e fortalece o outro? Mais que isso, herói: um setor integra o outro, tem conseqüências no outro, sofre as conseqüências de outro, exatamente como tudo o que existe no universo. Como nós tendemos a ver as partes isoladas, fragmentadas, às vezes é muito difícil compreender a dinâmica das interações nessa história. Não se afobe. O inconsciente também trabalha. Trocando tudo em frases curtas, o jogo simbólico fica assim: Madeira queima, produzindo Fogo, de cujas cinzas se forma a Terra, e dentro dela se condensa o Metal que expulsa de si a Água, da qual brota Madeira. Ou seja: Madeira nutre Fogo, que gera Terra, que engendra Metal, que gera Água, que nutre Madeira, ou seja ainda: uma ponta dá energia para a outra, permite que a outra aconteça. Este é o ciclo de geração de energia. Mas a Água apaga o Fogo, que funde o Metal, e Metal corta a Madeira, que esgota a Terra, e Terra absorve a Água, não é? Pois então, herói, este é o ciclo de dominação da energia. Significa que Madeira controla Terra, Terra controla Água, Água controla Fogo, Fogo controla Metal, Metal controla Madeira. Mas também é possível que Madeira ofenda Metal, Metal ofenda Fogo, Fogo ofenda Água, Água ofenda Terra e Terra ofenda Madeira, assim como qualquer escravo pode se voltar contra seu senhor, e este é o ciclo perverso. De qualquer modo, as cinco pontas têm sempre uma relação dinâmica entre si que não deixa nenhuma de fora: Água nutre Madeira, é nutrida por Metal, controla Fogo, é controlada por Terra. Madeira nutre Fogo, é nutrida por Água, controla Terra, é controlada por Metal. Fogo nutre Terra, é nutrido por Madeira, controla Metal, é controlado por Água. Terra nutre Metal, é nutrida por Fogo, controla Água, é controlada por Madeira. Metal nutre Madeira, é nutrido por Terra, controla Madeira, é controlado por Fogo. Quando um elemento predomina, por exemplo em determinados horários ou estações do ano, é chamado imperador: o mais ativo. O que é nutrido por ele se chama ministro: está perto, desperto. O que gerou é a mãe: repousa, esgotada. O controlado por ele é inimigo vencido: não ousa. O que controla seu poder é conselheiro: modera.
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Conheça os elementos Yin e Yang
Na concepção chinesa do mundo, o universo consiste em yang - o elemento masculino e em yin, o elemento feminino. Em 1850, o filósofo Ralph Emerson em seu ensaio sobre a filosofia oriental, descrevia que o yin-yang estava presente na polaridade, na ação e na reação, na escuridão e na luz, no calor e no frio, no masculino e no feminino, na inspiração e na expiração, no ritmo do sangue, nas forças centrífuga e centrípeta.
Tudo na natureza é dividido, de modo que cada coisa constitui uma metade que precisa ser completada por uma outra coisa, como o espírito e a matéria, subjetivo e objetivo, interior e exterior, movimento e repouso. Os pólos se complementam entre si para que exista um equilíbrio dinâmico".
Yin e Yang são inseparáveis. Seu simbolismo é representado por um círculo dividido em duas metades iguais por uma linha sinuosa. A parte preta é yin e a outra branca, yang. Podemos observar que o comprimento da separação das cores é igual a circunferência exterior e que o contorno de cada metade yin e yang é igual ao perímetro da figura. Cada um dos elementos contém o germe do outro, na forma do ponto claro ou do ponto escuro.
Na visão cabalista, o yin-yang representa o céu e a terra, presos um ao outro abraçando-se mutuamente. Para os chineses, o yin-yang significa que o tempo (e o espaço) é "Uno", ou seja, a matéria e o espírito também. A ação de uma pessoa resulta em uma reação boa ou má. Tudo no ser é yin ou yang, com a dupla possibilidade de evolução ou involução.
Christopher Markert em seu livro Yin-yang - polaridade e harmonia em nossa vida, explica que só é possível ser feliz e ter sucesso quando se vive em sintonia com as forças cósmicas como o consciente e inconsciente, corpo e espírito, ideal e realidade, doce e salgado, direita e esquerda, dia e noite etc. Cada pólo portanto, tem valor idêntico ao outro, onde estes se complementam e se necessitam mutuamente.
Se o equilíbrio for perturbado, ambas as partes mostram o seu lado destrutivo e maléfico. A meta não é incentivar um pólo em prejuízo do outro, mas visar um equilíbrio que beneficie ambos os pólos. A vida busca o equilíbrio correspondente a cada lugar e a cada momento. Um homem pode tomar uma iniciativa na parte da manhã, e a tarde, a mulher pode ser a responsável. Ao acordar por exemplo, a pessoa pode tomar uma decisão "prática", mas a noite pode seguir a "intuição". Isto é yin e yang.
O yang é: masculino, pai, céu, deus-pai, Sol, consciente, compreensão, lógica, eu, condição desperta, cabeça, forma, ter, tensão, voltado para o exterior, decidido, risco, só, gasta energia, construtivo ou destrutivo, abstrato, ordenado, sóbrio, patriarcado etc.
O yin é: feminino, mãe, terra, mãe-terra, Lua, inconsciente, sentimento, intuição, eu interior, condição de sonho, coração, conteúdo, ser, relaxamento, voltado para o interior, segue o fluxo da vida, pacífico, atraído pela comunidade, economiza energia, cura e preserva, orgânico, fluente, sóbrio, matriarcado etc. De acordo com os ensinamentos chineses, o conceito yin-yang poderia ser exposto assim:
Monica Buonfiglio
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