sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Vamos cuidar do nosso planeta? Al Gore


“Essa é a crise mais urgente e perigosa que a humanidade já viveu. Dizem os mais importantes cientistas que temos no máximo dez anos para agir, senão chegaremos a um ponto sem volta. Se o Polo Norte, a Groelândia ou Antártida derreterem, será difícil recuperar o balanço climático que propiciou o avanço da civilização. Porém, cada um de nós ainda pode fazer algo”, como plantar árvores, economizar água, luz, escolher um carro menos poluente, reduzir ou evitar o consumo de carne.
Al Gore
Documentário "Uma verdade inconveniente" em DVD. No filme, Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, alerta sobre o aquecimento global.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Torne-se comum, Osho



"Torne-se comum e você será extraordinário; tente se tornar extraordinário e você continuará sendo comum."
Osho

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Assim como as folhas se movem ao vento, B.K.S. Iyengar



Assim como as folhas se movem ao vento, a mente se move ao sabor da respiração. Quando a respiração se torna regular e tranquila, tem o efeito de neutralizar a mente. Quando você sustenta a respiração, sustenta a alma.
B.K.S. Iyengar

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

De todos os presentes da natureza, Ernest Hemingway




“De todos os presentes da natureza para a raça humana,
o que é mais doce para o homem do que as crianças?”
Ernest Hemingway

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Desequilíbrio da natureza, Lawrence Wahba


"O tubarão não é vilão, mas sim mais uma vítima da destruição da natureza."

Lawrence Wahba 


Por conta de filmes de suspense e de ataques a banhistas, as pessoas tem uma visão dos tubarões como os vilões da natureza.
Mas esquecem que eles são peixes essenciais para o equilíbrio dos mares e oceanos.



Lawrence Wahba mergulhador, repórter cinematográfico e documentarista brasileiro. Já fez matérias em vários locais do planeta, tendo visitado todos os oceanos.
É um dos embaixadores da Sea Shepherd no Brasil.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Caminho para amar, Dalai Lama


O que eu entendo por amor aparece no reconhecimento claro da existência da outra pessoa, e num autêntico respeito pelo bem estar e pelo direito dos outros.
O caminho mais razoável para amar os outros está no reconhecimento do simples fato de que cada ser vivo tem o mesmo direito e o mesmo desejo de alcançar a felicidade e de não sofrer.
Dalai Lama

sábado, 25 de janeiro de 2014

O analfabeto político, Bertold Brecht





O pior analfabeto, é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha
Do aluguel, do sapato e do remédio
Depende das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que
Se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil,
Que da sua ignorância nasce a prostituta,
O menor abandonado,
O assaltante e o pior de todos os bandidos
Que é o político vigarista,
Pilantra, o corrupto e o espoliador
Das empresas nacionais e multinacionais.

Bertold Brecht 


Eugen Berthold Friedrich Brecht, dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX. Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações de sua companhia o Berliner Ensemble realizadas em Paris durante os anos de 1954 e 1955.


Recebeu o Prêmio Stalin da Paz em 1954.



Homenagem ao 460° aniversário da cidade de São Paulo.


ACORDA BRASIL!!!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Nossa primeira tarefa, Chagdud Tulku Rinpoche



Nossa primeira tarefa como pacificadores é limpar nossos conflitos internos causados por ignorância, raiva, apego, ciúmes e orgulho.

Chagdud Tulku Rinpoche 

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Inscrição, Cecília Meireles

René Magritte

Sou entre flor e nuvem, 
estrela e mar. 
Por que havemos de ser unicamente humanos, 
limitados em chorar? 

Não encontro caminhos 
fáceis de andar. 
Meu rosto vário desorienta as firmes pedras 
que não sabem de água e de ar. 

E por isso levito. 
É bom deixar 
um pouco de ternura e encanto indiferente 
de herança, em cada lugar. 

Rastro de flor e estrela, 
nuvem e mar. 
Meu destino é mais longe e meu passo mais rápido: 
a sombra é que vai devagar.


Cecília Meireles





In: Mar Absoluto

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Que a gente se divirta, Lya Luft



"Que a gente se divirta sem se matar, que ame sem se contaminar, que aprenda sem se enganar, que viva sem se vender."
Lya Luft

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Casamento, Adélia Prado



Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.

Adélia Prado 

In: Terra de Santa Cruz, Rio de Janeiro: Record, 2006. p. 25.


Aniversário de Casamento, 18 anos! Eternamente S.L.N.

domingo, 19 de janeiro de 2014

O presente, Thich Nhat Hanh



Lembre-se de que só existe um tempo importante e este tempo é agora. O presente é o único tempo sobre o qual temos domínio. A pessoa mais importante é aquela que está à sua frente. E a coisa mais importante é fazer essa pessoa feliz.

Thich Nhat Hanh

sábado, 18 de janeiro de 2014

Ouvir a música da alma, Rubem Alves



Ângelus Silésius, místico só escrevia poesia, disse o seguinte: “Temos dois olhos. Com um contemplamos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro contemplamos as coisas da alma, eternas, que permanecem.” Eis aí um bom início para se compreender os mistérios do olhar! Para se entender os mistérios do ouvir eu escrevo uma variação: “Temos dois ouvidos. Com um escutamos os ruídos do tempo, passageiros, que desaparecem. Com o outro ouvimos a música da alma, eterna, que permanece.”

A alma nada sabe sobre a história, o encadeamento dos eventos no tempo que acontecem uma vez e nunca mais se repetem. Na história a vida está enterrada no “nunca mais”. A alma, ao contrário, é o lugar onde o que estava morto volta a viver. Os poemas não são seres da história. Se eles pertencessem à história, uma vez lidos nunca mais seriam lidos: ficariam guardados no limbo do “nunca mais”. Mas a alma não conhece o “nunca mais”. Ela toma o poema, escrito há muito tempo, no tempo da história... (escrito no tempo da história, sim, mas sem pertencer à história...), ela o lê e ele fica vivo de novo: apossa-se do seu corpo, faz amor com ele, provoca riso, choro, alegria... A gente quer que os poemas sejam lidos de novo, ainda que os saibamos de cor, tantas foram as vezes que os lemos! Como a estórias infantis, irmãs dos poemas! As crianças querem ouvi-las de novo, do mesmo jeito. Se o leitor tenta introduzir variações a criança logo protesta: “ Não é assim...” Nisso se encontra minha briga com os gramáticos que fazem os dicionários: eles mataram a palavra “estória”. Agora só existe a palavra “história”. Freqüentemente os sabedores da anatomia das palavras ignoram a alma das palavras. Guimarães Rosa inicia o Tutameia com essa afirmação: “A estória não quer ser história. A estória, em rigor, deve ser contra a História.” Um revisor responsável ao se defrontar com esse texto, tendo nas mãos a autoridade do dicionário, se apressaria a corrigir: “A história não quer ser história. A história, em rigor, dever ser contra a História”. Puro “non-sense”... Mas aconteceu com um texto meu que, pela combinação da diligência do revisor com a minha preguiça 
(não reli suas correções), ficou arruinado...

Escrevi essas palavras à guisa de uma explicação a posteriori para uma cena da minha vida acontecida há muitos anos que vi de novo com meu segundo olho há poucos minutos. Também a ouvi com meu segundo ouvido porque nela havia música. Veio-me no seu frescor original. Não havia tempo algum entre o seu acontecer no passado e o seu acontecimento, há pouco. As mesmas emoções. Não. Corrijo-me. A sua beleza estava mais bela ainda, perfumada pela saudade. Entendo melhor o que escreveu Octávio Paz: “Parece que nos recordamos e quereríamos voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Um sopro nos golpeia a fronte. Estamos encantados. Adivinhamos que somos de outro mundo. É a ‘vida anterior’que retorna...” Sim, algo da minha vida anterior retornou como um sopro a me golpear a fronte...

A cena é assim (quase escrevi “foi assim”. Corrigi-me a tempo. As cenas da alma não têm passado. Elas acontecem sempre no presente). Eu e o meu filho de três anos estamos na sala de estar da nossa casa. Só nós dois. Havíamos terminado de jantar. No sofá, sua cabeça está deitada no meu colo. É a hora de contar estórias, antes de dormir. Aí ele me diz: “Papai, põe o disco do violão...” Levanto-me e pego o disco. Tomando toda a capa, a figura de um violino. Mozart. Ponho a peça que ele mais ama: “Uma pequena serenata”. É impossível não amar a pequena serenata... Quem poderia resistir à tentação de voar que ela produz? Pode ser que o corpo não voe. Mas a alma voa. Ouvir a “Pequena Serenata” é uma felicidade... (Note que a “Pequena Serenata” é inútil. Não serve para nada. Ela é uma criatura da “caixa dos brinquedos”, lugar da alegria...)

Quando eu me esforçava por exercer a arte da psicanálise ouvi de uma paciente: “Estou angustiada. Não tenho tempo para educar minha filha.” Psicanalista heterodoxo que eu era, não fiz o que meu ofício dizia que eu deveria fazer. Não me meti a analisar seus sentimentos de culpa. Apenas disse: “Eu nunca eduquei meus filhos...” Ela ficou perplexa. Desentendeu. Expliquei então: “Eu nunca eduquei meus filhos. Só vivi com eles...” Ali, naquela noite, não me passava pela cabeça que estivesse educando meu filho. Eu só estava partilhando com ele um momento de beleza e felicidade. E se a Adélia Prado está certa, se “aquilo que a memória amou fica eterno”, sei que aquela cena está eternamente na alma do meu filho, muito embora ele tenha crescido e já esteja com cabelos brancos. Parte da alma dele é a “Pequena Serenata”, o disco do violão... E por isso, por causa da “Pequena Serenata”, ele ficou mais bonito...

Rubem Alves

Ouça a Pequena Serenata Noturna de Mozart.




sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Tem mais presença, Manoel de Barros


Amy Friend, Canadian photographer



"Tem mais presença em mim o que me falta."

Manoel de Barros


In: Livro sobre Nada.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A vida me ensinou, reflexão



A vida me ensinou...
A dizer adeus às pessoas que amo,
Sem tira-las do meu coração;
Sorrir às pessoas que não gostam de mim,
Para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam;
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade,
Para que eu possa acreditar que tudo vai mudar;


Calar-me para ouvir;
Aprender com meus erros.
Afinal eu posso ser sempre melhor.
A lutar contra as injustiças;
Sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo,
A ser forte quando os que amo estão com problemas;
Ser carinhosa com todos que precisam do meu carinho;
Ouvir a todos que só precisam desabafar;
Amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafetos;
Perdoar incondicionalmente,
Pois já precisei desse perdão;
Amar incondicionalmente,
Pois também preciso desse amor;
A alegrar a quem precisa;
A pedir perdão;
A sonhar acordada;
A acordar para a realidade (sempre que fosse necessário);
A aproveitar cada instante de felicidade;
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar;
Me ensinou a ter olhos para "ver e ouvir estrelas", embora nem sempre consiga entendê-las;
A ver o encanto do pôr-do-sol;
A sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser;
A abrir minhas janelas para o amor;
A não temer o futuro;
Me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente, como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que eu mesma tenha que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher.

Autoria Desconhecida

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Felicidade, Emerson

Imagem:  Mademoiselle Maurice*

"Por cada minuto que nos zangamos, perdemos 60 segundos de felicidade."

Ralph Waldo Emerson

*Mademoiselle Maurice - http://www.mademoisellemaurice.com/en

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O sempre amor, Adélia Prado



Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é a coisa que mais quero.
Por causa dele falo palavras como lanças.
Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é a coisa que mais quero.
Por causa dele podem entalhar-me,
sou de pedra sabão.

Alegre ou triste,
amor é a coisa que mais quero.

Adélia Prado


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Renascer, Martha Medeiros



"Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar."

Martha Medeiros 

domingo, 12 de janeiro de 2014

Eu não quero, Joaquim Cardozo

La Valse, Camille Claudel


Eu não quero o teu corpo
Eu não quero a tua alma,
Eu deixarei intato o teu ser a tua pessoa inviolável
Eu quero apenas uma parte neste prazer
A parte que não te pertence.


Joaquim Cardozo

In: Poemas, 1947

Joaquim Maria Moreira Cardozo (Recife, 26 de agosto de 1897 – Olinda, 4 de novembro de 1978) foi um poeta, contista, desenhista, engenheiro civil, professor universitário e editor de revistas especializadas em arte e arquitetura.
Notabilizou-se pela sua colaboração com o arquiteto Oscar Niemeyer, na construção do conjunto daPampulha e dos palácios de Brasilia.

sábado, 11 de janeiro de 2014

O amor verdadeiro existe no coração, Amma



"Este amor não pode ser pronunciado
nem expresso em palavras.
As palavras pertencem ao intelecto.
Não há amor nas palavras, só ego.
Vá além das palavras para chegar ao coração."

Amma

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Que sejamos luz, Pedro Kupfer








"Que tenhamos paz.
Que sejamos felizes.
Que fiquemos sábios.
Que tenhamos saúde.
Que não nos faltem arte.
Que não nos faltem música.
Que descubramos o mistério da vida.
Que a fidalguia dos santos homens nos livre da injustiça.
Que o sofrimento e a fome esqueçam o sistema solar.
Que reine a paz entre os homens.
Que voltemos a ser inocentes.
Que cresçam asas em nós.
Que sejamos luz!"


Pedro Kupfer

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

É possível praticar meditação, Thich Nhat Hanh




"É possível praticar meditação em qualquer tarefa cotidiana, como comer uma tangerina. Basta estar atento à forma do gomo, ao tamanho e ao sabor. O mesmo pode ser feito com um bombom. Sinta o aroma do chocolate antes de colocá-lo lentamente na boca, sem morder. Em seguida, perceba a textura (se é liso ou tem alguma noz ao redor) e o sabor. Preste atenção se sua salivação aumenta e também no barulhinho gostoso que ele faz ao ser rolado de um lado a outro da boca."
 
Thich Nhat Hanh
 
Revista Bons Fluidos

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Tudo está interligado, Ana Primavesi




"O solo sempre me fascinou, porque do solo dependem as plantas, a água, o clima. Tudo está interligado. Não existe ser humano sadio se o solo não for sadio e as plantas bem nutridas."

Ana Primavesi


Engenheira agrônoma Ana Primavesi, aos 92 anos, é uma referência na história da agroecologia e da agricultura orgânica no país e no exterior. Austríaca naturalizada brasileira, Ana veio com seu marido Artur para o Brasil em 1949, depois de passar pela experiência da 2ª Guerra Mundial e fazer seu doutorado em Nutrição Vegetal e Produtividade do Solo na Universidade Rural de Viena. Desde essa época, ela é uma defensora desse modelo de agricultura. Escreveu 12 livros, sendo o mais recente Cartilha do Solo (Editora Mokiti Okada, esgotado), além de uma de suas obras mais lidas deste segmento, Manejo Ecológico do Solo (Editora Nobel). Lecionou por 14 anos nas Faculdades de Agronomia e Veterinária da Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e em 2012 a pioneira dos alimentos orgânicos no Brasil recebeu o prêmio One World Award da Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura Orgânica (IFOAM, da sigla em inglês).


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Os três reis, Rubem Alves




A estrela iluminava uma gruta. Os reis se aproximaram. Na gruta havia vacas, cavalos, burros, ovelhas. Era uma estrebaria. Mas, convivendo com os animais, uma pequena família: um jovem e uma jovem que amamentava um nenezinho recém-nascido. Era só isso. Nada mais.

Eram três reis, cada um vindo de um reino diferente, um nada sabendo sobre os outros, numa viagem absurda com que jamais haviam sonhado, caminhando na direção de uma estrela que só eles viam. Era certo que eles estavam loucos...
Gaspar navegara do norte em seu navio, velas enfunadas por uma brisa fresca e constante e agora, pés na terra, caminhava... Balt-hazar viera do sul em seu cavalo, por caminhos que cortavam matas verdejantes. Mélek-hor viera do oeste, em seu camelo, atravessando desertos com areias escaldantes.
Viajaram por muito tempo. E depois de muito viajar chegaram a uma encruzilhada. Nela se cruzavam os quatro caminhos do mundo: o caminho do norte, o caminho do sul, o caminho do oeste e um quarto caminho... Olhando na direção do quarto caminho podia-se ver, no horizonte, uma estrela brilhante...

Havia ali, no meio da encruzilhada, uma estalagem chamada "Os Quatro Caminhos do Mundo" que os três reis viajantes se encontraram. Descobriram, então, que eram irmãos: "todos vinham da mesma nostalgia, todos caminhavam em busca da mesma alegria. Continuaram juntos a jornada até que... chegaram a um vilarejo: Beth-léhem - esse era o seu nome, gravado numa pedra. "Que estranho", disse Gaspar, "aprendi tudo o que há para ser aprendido sobre reinos, províncias, cidades e vilas. Mas nunca vi esse nome..."

Balt-hazar acendeu sua lâmpada de azeite e iluminou, com sua luz bruxuleante, o mapa que abrira sobre o chão. "Aqui está ela", disse marcando com o dedo um lugar no mapa: "Beth-léhem. Fica precisamente na divisa entre dois grandes reinos: À esquerda, está o Reino da Fantasia. À direita, está o Reino da Realidade. São reinos perigosos. Quem mora só no Reino da Fantasia, fica louco. Quem mora só no Reino da Realidade, fica louco. Para se fugir da loucura, há de se ficar transitando de um para o outro, o tempo todo. Somente os moradores de Beth-léhem estão livres de ficar o tempo todo indo de um reino para outro. Porque Beth-léhem fica bem na divisa...."

No vilarejo, todos dormiam. Era uma noite de paz. O ar estava perfumado com flores de jasmim e magnólia. E havia um brilho no ar - milhares, milhões de vaga-lumes estavam pousados sobre as árvores. No ar, o som de uma flauta de pastor... A estrela iluminava uma gruta. (...) Era uma estrebaria. Junto com os animais, uma pequena família: um jovem, e uma jovem que amamentava um nenezinho recém-nascido. Era só isso. Nada mais. Perceberam que haviam se enganado. Não era a estrela que iluminava a cena. Era o nenezinho que iluminava a estrela. E, olhando bem para ela, puderam ver, nela refletido como num espelho, o rosto da criancinha. E disseram: "O universo é um berço onde uma criança dorme!".

Aí, uma coisa estranha aconteceu: ao olharem para o nenezinho, os reis perderam a sua compostura real; eram dominados por uma vontade incontrolável de rir. E, quando riam, ficavam leves e começavam a flutuar. Era assim: quem visse o menino se transformava em anjo...

Os reis, em meio a risos e vôos, olharam cada um para o outro e disseram: "Nossa busca chegou ao fim. Encontramos a alegria. Para ter alegria, é preciso voltar a ser criança". Ato contínuo, tomaram suas coroas, capas de veludo, dinheiro, ouro, jóias - coisas de adulto - e as depuseram no chão, ao lado das vacas e dos burros... Eram pesadas demais. E partiram leves, ora andando, ora pulando, ora voando, mas sempre rindo.

"Vou mudar de vida", disse Gaspar, "É horrível ter de estar estudando ciência o tempo todo. Vou me transformar em poeta" [Os consultores da Corte onde era Rei o haviam aconselhado a adquirir todos os conhecimentos do mundo a fim de curar-se de sua tristeza e nostalgia].
"Eu também vou mudar de vida", disse Balt-hazar. "É horrível estar rezando o tempo todo. Vou ser palhaço. O riso é o início da oração". [Seus consultores lá no Reino onde reinava o haviam aconselhado a aprofundar-se no misticismo a fim de curar sua tristeza e nostalgia].
Ao que Mélek-hor acrescentou: "Eu descobri o prazer supremo que vem sempre acompanhado da alegria: brincar. Vou ser fabricante de brinquedos. Quem brinca volta a ser criança e quem volta a ser criança, está de volta ao paraíso". [Seus consultores o aconselharam a dedicar-se a farras, a fim de curar sua tristeza e nostalgia].

E assim, partiram, cada um por um caminho. E, se você, nas suas andanças, se encontrar com um poeta, com um palhaço, ou com um fabricante de brinquedos, pergunte se ele não tem notícias de uns três reis...


Rubem Alves

(*) Rubem Alves é educador, teólogo, psicoanalista e escritor. O texto completo desta história está em seu livro "Transparências da Eternidade" (Campinas, S.P. - 2002, Verus Editora, pp.117-126).

domingo, 5 de janeiro de 2014

Há aqueles, Jorge Luis Borges



"Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem pássaros;
Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem água;
Ao que me refere, sou incapaz de imaginar um mundo sem livros."

Jorge Luis Borges

Jorge Luis Borges escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino.

sábado, 4 de janeiro de 2014

O Planeta precisa desesperadamente, David Orr

Professora Rosalinda Montone*
 
 
"O Planeta não precisa mais de pessoas bem sucedidas. Precisa desesperadamente de mais pacificadores, curadores, restauradores, contadores de histórias e amantes de todo tipo. Precisa de mais pessoas que vivem bem em seus lugares. Precisa de pessoas de coragem e moral dispostas a se juntar para tornar o mundo habitável e humano. E essas qualidades têm pouco a ver com o que temos definido como sucesso."
 
David Orr
Americano, Educador ambiental e um dos criadores do conceito de Ecoalfabetização.
 
 
*Velejadores brasileiros fazem uma expedição internacional para avaliar o lixo que contamina mares e oceanos da Terra. A ideia é dar a volta ao mundo pela região dos trópicos, percorrendo 30 mil milhas em três anos. A expedição batizada de "4 ventos" envolve uma parceria com a Universidade de São Paulo.

 Os velejadores coletam amostras na costa brasileira para um estudo inédito que será realizado pelos cientistas da USP. A professora Rosalinda Montone coordena o programa de Oceanografia Química e Geológica, ela explica que de 70 a 90% dos resíduos sólidos que chegam ao mar são plásticos.
 
Fonte: Programa Repórter Eco (TV Cultura)



sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Vamos começar o ano novo, Sri Bhagavan



"Desapegar-se da necessidade de controlar é entrega.
Despegar-se das mágoas é perdão.
Desapegar-se da posse é amor.
Para se soltar, desapegar, mais uma vez é preciso da Graça.
Vamos começar o ano novo buscando a Graça para deixar tudo ir."

Sri Bhagavan

Fonte: http://despertardaunidade.blogspot.com.br/

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Cafés suspensos, reflexão



Vejam que iniciativa maravilhosa! Vale a pena replicá-la.
Entramos num pequeno café na Bélgica com um amigo meu e fizemos o nosso pedido. Enquanto estamos a aproximar-nos da nossa mesa duas pessoas chegam e vão para o balcão:
- "Cinco cafés, por favor. Dois deles para nós e três suspensos."
Eles pagaram a sua conta, pegaram os dois e saíram.
Perguntei ao meu amigo:
- "O que são esses cafés suspensos?"
O meu amigo respondeu-me:
- "Espera e vais ver."
Algumas pessoas mais entraram. Duas meninas pediram um café cada, pagaram e foram embora. A ordem seguinte foi para sete cafés e foi feita por três advogados - três para eles e quatro "suspensos". Enquanto eu ainda me pergunto qual é o significado dos "suspensos" eles saem. De repente, um homem vestido com roupas gastas que parece um mendigo chega na porta e pede cordialmente:
- "Você tem um café suspenso?"
Resumindo, as pessoas pagam com antecedência um café que servirá para quem não pode pagar uma bebida quente. Esta tradição começou em Nápoles, mas espalhou-se por todo o mundo e em alguns lugares é possível encomendar não só cafés "suspensos" mas também um sanduíche ou refeição inteira.


Gentileza gera gentileza.

Compartilhem no sentido de divulgar esta Linda ideia.


Fonte: Página do Facebook: Confia em Mim, sou "Engenheiro"

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Alcançarás todos os horizontes, Cecília Meireles

ilustração de Roberto Weigand


Não queiras ter Pátria.
Não dividas a Terra.
Não dividas o Céu.
Não arranques pedaços ao mar.
Não queiras ter.
Nasce bem alto,
Que as coisas todas serão tuas.
Que alcançarás todos os horizontes.
Que o teu olhar, estando em toda parte
te ponha em tudo,
como Deus.


Cecilia Meireles

In: Cânticos I

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