sexta-feira, 31 de outubro de 2014

É fácil amar, Nelson Rodrigues



“É fácil amar a humanidade;
difícil é amar o próximo.”

Nelson Rodrigues



Nelson Falcão Rodrigues (1912 - 1980) foi um jornalista e escritor brasileiro, e tido como o mais influente dramaturgo do Brasil. Nascido no Recife, Pernambuco, mudou-se em 1916 para a cidade do Rio de Janeiro. A consagração se seguiria com vários outros sucessos, transformando-o no grande representante da literatura teatral do seu tempo, apesar de suas peças serem taxadas muitas vezes como obscenas e imorais. Em 1962, começou a escrever crônicas esportivas, deixando transparecer toda a sua paixão por futebol. 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Nosso tempo, Carlos Drummond de Andrade

Mário Ribeiro Martins, o Mártio - 'Sem Direito ao Trabalho/Sem Direito à Indignação' 
Óleo s/ Tela - 75 X 95 cm


Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.

Em vão percorremos volumes,

viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.

Visito os fatos, não te encontro.

Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimos, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.

Calo-me, espero, decifro.

As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir.


(...)


Carlos Drummond de Andrade


In: A rosa do povo, 1945.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Convite, Lya Luft



Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou 
mistério

A quatro mãos escrevemos este roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos 
a sério.
Lya Luft

HOMENAGEM AO DIA NACIONAL DO LIVRO


terça-feira, 28 de outubro de 2014

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O importante não é aquilo que fazem de nós, Jean-Paul Sartre


"O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós fazemos do que os outros fizeram de nós."
Jean-Paul Sartre 

Jean-Paul Charles Aymard Sartre (1905 - 1980) foi um filósofo, escritor e crítico francês, conhecido como representante do existencialismo. Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo na sociedade.

domingo, 26 de outubro de 2014

O Brasil é o país do futuro, Margaret Thatcher


"O Brasil é o país do futuro, mas para tanto é preciso decidir que o 'futuro' é amanhã. E, como bem sabem, isto significa que as decisões difíceis têm que ser tomadas hoje."
Margaret Thatcher

Margaret Hilda Thatcher (Grantham, Reino Unido, 1925) Política britânica, primeira ministra de 1979 a 1990.

sábado, 25 de outubro de 2014

Senhor Brasil, Rolando Boldrin



Minha terra é uma grande pessoa.
Meu País é a criança pura, boa, inocente.
É também o sofrido adolescente,
Ou então, o jovem combativo e sonhador.
E agora, em tempo novo redivivo,
Eis que meu País se prepara em tom definitivo,
Para ser tratado de Senhor,
SR. BRASIL

Rolando Boldrin

Rolando Boldrin (1936) é um músico, ator e apresentador de televisão brasileiro, entre outras atividades. 
Atualmente apresenta o programa Sr. Brasil, pela Rede Cultura de São Paulo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Esperança, Ariano Suassuna

Xilogravura de João Pedro do Juazeiro

"Eu não sou otimista nem pessimista. Os otimistas são ingênuos e os pessimistas são amargos. Sou um realista esperançoso. Eu sou um homem de esperança. Sei que isso vai acontecer num futuro distante, mas eu sonho com um dia em que o sol de Deus vai trazer justiça para o mundo."


Ariano Suassuna

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A raça humana, Charles Bukowski



"A raça humana
exagera tudo:
seus heróis,
seus inimigos,
sua importância."

Charles Bukowski


Henry Charles Bukowski Jr (1920 – 1994)  foi um poeta, contista e romancista americano nascido na Alemanha. 

O filósofo francês Jean-Paul Sartre referiu a Bukowski como — “O maior poeta da América”. Verdade ou não Bukowski está presente em álbuns, músicas, letras, entre outros de muitas bandas, entre as quais: Anthrax, Apollo 440, Modest Mouse, Leftover Crack, Bad Radio (uma das bandas de começo de carreira de Eddie Vedder, vocalista da banda Pearl Jam), Red Hot Chili Peppers, entre muitas outras.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Política, Thoreau


“Os homens hão de aprender que a política não é a moral e que se ocupa apenas do que é oportuno.

Henry David Thoreau

Henry David Thoreau (1817 – 1862) foi um escritor americano, poeta, naturalista, ativista anti-impostos, crítico da ideia de desenvolvimento, pesquisador, historiador, filósofo e transcendentalista. 

Ele é mais conhecido por seu livro Walden, uma reflexão sobre a vida simples cercada pela natureza, e por seu ensaio Desobediência Civil uma defesa da desobediência civil individual como forma de oposição legítima frente a um estado injusto.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

O mais feroz, Mário Quintana


"O mais feroz de todos os animais domésticos é o relógio de parede:
conheço um que já devorou três gerações da minha família."
Mário Quintana

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O amor, Osho

Lindy Longhurst


"Amor é uma alegria transbordante.
Amor é quando você viu quem você é."
Osho

domingo, 19 de outubro de 2014

Razão de ser, Paulo Leminski

Vladimir Kush

“Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?”

Paulo Leminski

sábado, 18 de outubro de 2014

Curar a terra, Masonobu Fukuoka



“Curar a terra e purificar o espírito são a mesma coisa.”

Masonobu Fukuoka
Masanobu Fukuoka (1913 - 2008) foi um agricultor e microbiólogo japonês, autor das obras A Revolução de uma folha de Palha e A Senda Natural do Cultivo, onde apresenta suas propostas para o plantio direto assim  assim como uma forma de agricultura que é conhecida por agricultura selvagem ou método Fukuoka.
Nos últimos 20-30 anos utilizou o seu método para florestar zonas com tendência a desertificação. Na Tailândia, nas Filipinas, na Índia e em alguns países africanos transformou pequenas regiões desertificadas em áreas verdes. Também iniciou um projeto de reflorestamento na Grécia . Em 1988, recebeu o Prêmio Magsaysay (Prémio Nobel da Paz no Extremo Oriente) por sua contribuição para o bem da humanidade.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

É preciso diminuir, Paulo Freire



"É preciso diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, até que num dado momento, a tua fala seja a tua prática." 

Paulo Freire

Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997) foi um educador, pedagogista e filósofo brasileiro.  É Patrono da Educação Brasileira.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Cada dia a natureza, Gandhi

Preservando a Natureza, De Marchi

"Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome."

                                                         
Mahatma Gandhi      


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Educar, Rubem Alves




Sobre a paixão pela educação, escreveu:

Minha estrela é a educação. Educar não é ensinar matemática, física, química, geografia, português. Essas coisas podem ser aprendidas nos livros e nos computadores. Dispensam a presença do educador. Educar é outra coisa. De um educador pode-se dizer o que Cecília Meireles disse de sua avó – que foi quem a educou: “O seu corpo era um espelho pensante do universo”. O educador é um corpo cheio de mundos.... A primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O mundo é maravilhoso, está cheio de coisas assombrosas. Zaratustra ria vendo borboletas e bolhas de sabão. A Adélia ria vendo tanajuras em vôo e um pé de mato que dava flor amarela. Eu rio vendo conchas, teias de aranha e pipocas estourando... Quem vê bem nunca fica entediado com a vida. O educador aponta e sorri – e contempla os olhos do discípulo. Quando seus olhos sorriem, ele se sente feliz. Estão vendo a mesma coisa. Quando digo que minha paixão é a educação estou dizendo que desejo ter a alegria de ver os olhos dos meus discípulos, especialmente os olhos das crianças.

Rubem Alves


                 HOMENAGEM AO DIA DO PROFESSOR


Rubem Azevedo Alves (Boa Esperança, 15 de setembro de 1933 – Campinas, 19 de julho de 2014) foi um psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, é autor de livros religiosos, educacionais, existenciais e infantis.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Se não agora, então quando?, Kailash Satyarthi


Kailash Satyarthi


"Se não agora, então quando? Se não você, então quem? Se somos capazes de responder a estas perguntas fundamentais, então talvez possamos acabar com a mácula da escravidão humana." 

Kailash Satyarthi


Vencedor do Premio Nobel da Paz de 2014


Nascido em 11 de janeiro de 1954, Satyarthi está na linha de frente, há 30 anos, nas ações contra o trabalho e a exploração infantis em seu país, onde a prática é comum.
Satyarthi, natural do estado indiano de Madhya Pradesh e engenheiro de formação, lidera a organização Global March Against Child Labor (Marcha Global contra o trabalho Infantil), um conjunto de 2.000 grupos sociais presente em 140 países.
O vencedor do Nobel da Paz vive de maneira modesta e sempre manteve a discrição, inclusive em seu país.
"Agradeço ao comitê Nobel por este reconhecimento do sofrimento de milhões de crianças", disse o premiado, antes de afirmar que estava "encantado" com a notícia, segundo a agência Press Trust of India (PTI).
Ele atribuiu sua vitória à "viva e vibrante" democracia da Índia.
Ao falar sobre a organização Global March Against Child Labor, Satyarthi celebrou: "Algo que nasceu na Índia cresceu e agora é um movimento mundial contra o trabalho infantil", declarou.
O ativista também fundou a RugMark, organização muito conhecida no cenário internacional que "etiqueta" os tapetes produzidos no país sem o uso de trabalho infantil.
Satyarthi afirma que sua consciência social despertou quando, aos sete anos, viu uma criança de sua idade, na porta do colégio, ajudando o pai a lustrar sapatos.
Ao observar muitas crianças trabalhando, ao invés de frequentar a escola, Satyarthi percebeu que era urgente resolver o problema, o que o estimulou a abraçar a causa.

Fonte:

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Uma criança, um professor, Malala Yousafzai

Malala Yousafzai

"Uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo."

Malala Yousafzai


Vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2014

Malala Yousafzai é uma estudante e ativista paquistanesa. Nasceu em Mingora, 12 de julho de 1997. Tornou-se mundialmente conhecida por seu ativismo pelos direitos à educação e o direito das mulheres, especialmente no Vale do Swat, onde o Talibã proíbe meninas de freqüentarem a escola.
No início de 2009, com onze para doze anos de idade, Yousafzai escreveu um blogue sob um pseudônimo para a BBC detalhando sua vida sob o regime do Talibã, suas tentativas de tomar o controle da região, e seus pontos de vista sobre a promoção da educação para mulheres. No verão seguinte, um documentário do The New York Times foi filmado sobre a vida dela, como os militares paquistaneses intervindo na região, culminando na Segunda Batalha de Swat. Yousafzai entrou em destaque, dando entrevistas para imprensa e televisão, foi nomeada para o Prêmio internacional da Criança pelo ativista sul-africano Desmond Tutu.
Em 9 de outubro de 2012, Yousafzai foi baleada na cabeça e pescoço em uma tentativa de assassinato por talibãs armados quando voltava para casa em um ônibus escolar. Nos dias que se seguiram ao ataque, ela permaneceu inconsciente e em estado crítico, mas mais tarde a sua condição melhorou o suficiente para que ela fosse enviada para o Hospital Queen Elizabeth, em Birmingham, Inglaterra, para a reabilitação intensiva. Em 12 de outubro, um grupo de 50 clérigos islâmicos no Paquistão emitiu uma fatwa contra aqueles que tentaram matá-la, mas o Talibã reiterou sua intenção de matar Malala e seu pai.

Fonte:

domingo, 12 de outubro de 2014

Crianças, Rubem Alves

Pintura de Cândido Portinari


"São as crianças que veem as coisas - porque elas as veem sempre pela primeira vez com espanto, com assombro de que elas sejam do jeito como são. Os adultos, de tanto vê-las, já não as veem mais. As coisas - as mais maravilhosas - ficam banais."


Rubem Alves 


FELIZ DIA DA CRIANÇA DENTRO DE VOCÊ!!!

sábado, 11 de outubro de 2014

O menino e as árvores, Manoel de Barros



Eu tenho um ermo enorme dentro do olho. Por motivo do ermo não fui um menino peralta. Agora tenho saudade do que não fui. Acho que o que faço agora é o que não pude fazer na infância. Faço outro tipo de peraltagem. Quando eu era criança eu deveria pular muro do vizinho para catar goiaba. Mas não havia vizinho. Em vez de peraltagem eu fazia solidão. Brincava de fingir que pedra era lagarto. Que lata era navio. Que sabugo era um serzinho mal resolvido e igual a um filhote de gafanhoto.
Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação.
Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. É um paradoxo que ajuda a poesia e que eu falo sem pudor. Eu tenho que essa visão oblíqua vem de eu ter sido criança em algum lugar perdido onde havia transfusão da natureza e comunhão com ela. Era o menino e os bichinhos. Era o menino e o sol. O menino e o rio. Era o menino e as árvores.

Manoel de Barros

In: Memórias inventadas – As Infâncias de Manoel de Barros, São Paulo: Planeta do Brasil, 2010. p. 187).

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Compaixão, Sogyal Rinpoche



"Quando seu medo toca a dor de alguém, torna-se piedade...
  Quando seu amor toca a dor de alguém torna-se compaixão."
Sogyal Rinpoche

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Ode ao dia Feliz, Pablo Neruda




DESTA vez deixa-me
ser feliz,
nada aconteceu a ninguém,
não estou em parte alguma,
acontece somente
que sou feliz
pelos quatro lados
do coração, andando,
dormindo ou escrevendo.
O que vou fazer, sou
feliz.
Sou mais inumerável
que o pasto
nas pradarias,
sinto a pele como uma árvore rugosa
e a água abaixo,
os pássaros acima,
o mar como um anel
em minha cintura,
feita de pão e pedra, a terra
o ar canta como um violão.

Tu ao meu lado na areia,
és areia,
tu cantas e és canto,
o mundo
é hoje minha alma,
canto e areia,
o mundo
é hoje tua boca,
deixa-me
em tua boca e na areia
ser feliz,
ser feliz porque sim, porque respiro
e porque tu respiras,
ser feliz porque toco
teu joelho
e é como se tocasse
a pele azul do céu
e seu frescor.

Hoje deixa-me
a mim só
ser feliz,
com todos ou sem todos,
ser feliz
com o pasto
e a areia,
ser feliz
com o ar e a terra,
ser feliz,
contigo, com tua boca,
ser feliz.

Pablo Neruda

Poema “Oda al día feliz” de Pablo Neruda, escrito em Isla Negra. Publicado em “Odas elementales”, em 1954. Tradução livre de Fabio Rocha.

ODA AL DÍA FELIZ (original)

ESTA vez dejadme
ser feliz,
nada ha pasado a nadie,
no estoy en parte alguna,
sucede solamente
que soy feliz
por los cuatro costados
del corazón, andando,
durmiendo o escribiendo.
Qué voy a hacerle, soy
feliz.
Soy más innumerable
que el pasto
en las praderas,
siento la piel como un árbol rugoso
y el agua abajo,
los pájaros arriba,
el mar como un anillo
en mi cintura,
hecha de pan y piedra la tierra
el aire canta como una guitarra.

Tú a mi lado en la arena
eres arena,
tú cantas y eres canto,
el mundo
es hoy mi alma,
canto y arena,
el mundo
es hoy tu boca,
dejadme
en tu boca y en la arena
ser feliz,
ser feliz porque si, porque respiro
y porque tú respiras,
ser feliz porque toco
tu rodilla
y es como si tocara
la piel azul del cielo
y su frescura.

Hoy dejadme
a mí solo
ser feliz,
con todos o sin todos,
ser feliz
con el pasto
y la arena,
ser feliz
con el aire y la tierra,
ser feliz,

contigo, con tu boca,
ser feliz.

Pablo Neruda

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Pesquisa, Ulysses Guimarães



“Pesquisa não é urna.”

 Ulysses Guimarães

Ulysses Silveira Guimarães (Itirapina, SP, 6 de outubro de 1916) foi um político, professor, advogado brasileiro e opositor à ditadura militar. Exerceu a presidência da Câmara dos Deputados em três períodos (1956-1957, 1985-1986 e 1987-1988); presidindo a Assembleia Nacional Constituinte, em 1987-1988. A nova Constituição, na qual Ulysses teve papel fundamental, enfim foi aprovada em 5 de outubro de 1988, tendo sido por ele chamada de Constituição Cidadã, pelos avanços sociais que incorporou no documento.
Morreu em um acidente aéreo de helicóptero, em 12/10/1992, no litoral ao largo de Angra dos Reis, sul do estado do Rio de Janeiro.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Sorria assim que acordar, W.C. Fields

Ilustris

“Sorria assim que acordar. Livre-se logo dessa obrigação.”

W. C. Fields

William Claude Dukinfield foi um dos maiores humoristas americanos, tendo vivido no período de 1879 a 1946. Era conhecido por seu mau humor. 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Mensageira, Mary Oliver



Meu trabalho é amar o mundo.
Aqui os girassóis, ali o beija flor -
Iguais na busca da doçura.
Aqui o fermento crescendo;  ali as ameixas azuis.
Aqui o marisco fundo na areia cintilante.
Minhas botas estão velhas? Meu casaco rasgado?
Não sou mais jovem, mas ainda menos que perfeita? Deixa que eu
tenho  em mente o que importa
qu     é meu trabalho,
que é quase só ficar de pé e aprender a me
espantar.
O louro, a esporinha.
a ovelha no pasto, e o pasto,
que a quase só  a me alegrar, pois todos os ingredientes estão aqui,
que  é a gratidão, por ter recebido uma mente e um coração
que  estas roupas do corpo,
Uma boca para dar gritos de alegria
A mariposa a cambaxirra, ao sonolento marisco escavado,
Dizendo a eles todos, sem parar
que vivemos para sempre.

Mary Oliver
Tradução de Jorge Pontual*

Mary Oliver, nascida em 10 de setembro de 1935. É uma poeta americana que ganhou o National Book Award e o Prêmio Pulitzer. Vive em Provincetown, Massachusetts, numa pequena cidade artistas e escritores próximo a Boston.

Original Poem

Messenger

My work is loving the world.
Here the sunflowers, there the hummingbird –
equal seekers of sweetness.
Here the quickening yeast; there the blue plums.
Here the clam deep in the speckled sand.
Are my boots old?  Is my coat torn?
Am I no longer young, and still not half-perfect?  Let me
keep my mind on what matters,
which is my work,
which is mostly rejoicing standing still and learning to be
astonished.
The phoebe, the delphinium.
The sheep in the pasture, and the pasture.
Which is mostly rejoicing, since all the ingredients are here,
which is gratitude, to be given a mind and a heart
and these body-clothes,
a mouth with which to give shouts of joy
to the moth and the wren, to the sleep dug-up clam,
telling them all, over and over, how it is
that we live forever.

Mary Oliver 


*Jorge Alexandre Faure Pontual  (Belo Horizonte, 4 de novembro de 1948) é um escritor e jornalista brasileiro.

domingo, 5 de outubro de 2014

O rebanho, Mário de Andrade


Oh! Minhas alucinações!
Vi os deputados, chapéus altos,
sob o pálio vesperal, feito de mangas-rosas,
saírem de mãos dadas do Congresso...
Como um possesso num acesso em meus aplausos
aos salvadores do meu estado amado!..

Desciam, inteligentes, de mãos dadas,
entre o trepidar dos táxis vascolejantes,
a rua Marechal Deodoro...
Oh! Minhas alucinações!
Como um possesso num acesso em meus aplausos
aos heróis do meu Estado amado!..

E as esperanças de ver tudo salvo!
Duas mil reformas, três projetos...
Emigraram os futuros noturnos...
E verde, verde, verde!...
Oh! minhas alucinações!
Mas os deputados, chapéus altos,
mudavam-se pouco a pouco em cabras!
Crescem-lhes os cornos, descem-lhes as barbinhas...
E vi que os chapéus altos do meu estado amado,
com os triângulos de madeira no pescoço,
nos verdes esperanças, sob as franjas de oiro da tarde,
se punham a pastar
rente do palácio do senhor presidente...
Oh! minhas alucinações!

Mário de Andrade

Mário Raul de Morais Andrade (São Paulo, 9 de outubro de 1893 - São Paulo, 25 de fevereiro de 1945) foi um poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista, ensaísta brasileiro. Ele foi um dos pioneiros da poesia moderna brasileira com a publicação de seu livro Paulicéia Desvairada em 1922.

In: Pauliceia Desvairada, 1922. 

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