terça-feira, 29 de dezembro de 2009

AS 4 LOUCURAS DA SOCIEDADE


Entrevista com Roberto Shinyashiki (médico- psiquiatra)
- O senhor acha que muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Shinyashiki responde:
A sociedade quer definir o que é certo. São quatro as Loucuras da Sociedade:
A primeira loucura é:
-Instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados
individuais.
A segunda é:
-Você tem de estar feliz todos os dias.
A terceira é: -Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo
absurdo.
Por fim, a quarta loucura:
-Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe.
Não há um caminho único para se fazer as coisas.
As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.
Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz
que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem
infelizes justamente por causa do casamento.
Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou
amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema.
Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de
pacientes terminais.

Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei
conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa
e diz:
"Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora
eu quero aproveitá-la e ser feliz".

Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi
que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o
dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou
perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

"Ter problemas na vida é inevitável, ser derrotado por eles é opcional."
Pense nisso...

domingo, 27 de dezembro de 2009

MUDE



Mude.
Mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas,
calmamente, observando com atenção os lugares
por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos. Procure andar descalço
alguns dias.
Tire uma tarde inteira pra passear livremente na praia,
ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma do outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de TV, compre outros jornais...
leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia,
o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor, a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro
creme dental...
tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas,
troque de carro, compre novos óculos, escrevas outras
poesias.
Jogue fora os velhos relógios,
quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros,
visite novos museus.
Mude.
Lembre-se que a vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um novo emprego,
uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais
prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa,
se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas.
Mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo,
a energia.
Só o que está morto não muda!

Livro: Filtro Solar - Mary Schmich

CONSELHOS DE UM MONGE





Em um antigo mosteiro budista, um jovem monge questiona o mestre ...
Mestre, como faço para não me aborrecer?
Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes.
Algumas são indiferentes.
Sinto ódio das que são mentirosas.
Sofro com as que caluniam.
- Pois viva como as flores! - advertiu o mestre.
- Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.
Repare nas flores, continuou o mestre, apontando os lírios que cresciam no jardim.
Elas nascem no esterco, entretanto, são puras e perfumadas.
Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável...
...mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas.
É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem.
Os defeitos deles são deles e não seus.
Se não são seus, não há razão para aborrecimento.
Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora. Isso é viver como as flores.

(Autor desconhecido)

A fábula do Porco-espinho


Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio.
Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor.
Por isso decidiram se afastar uns dos outros e voltaram a morrer congelados, então precisavam fazer uma escolha:
Ou desapareceriam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros.
Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos.
Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro.
E assim sobreviveram.

Moral da História
O melhor do relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os defeitos do outro, e admirar suas qualidades.

(Autor desconhecido)

SIGA CANTANDO - LIÇÃO DE PERSEVERANÇA




Já observou a atitude dos pássaros ante às adversidades?
Ficam dias e dias fazendo seu ninho, recolhendo materiais, às vezes trazidos de locais distantes...
... E quando já ele está pronto e estão preparados para por os ovos, as inclemências do tempo ou a ação do ser humano ou de algum animal destrói o que com tanto esforço se conseguiu...
O que faz o pássaro?
Pára, abandona a tarefa?
De maneira nenhuma. Começa, uma outra vez, até que no ninho apareçam os primeiros ovos.
Muitas vezes, antes que nasçam os filhotes, um animal, uma criança, uma tormenta, volta a destruir o ninho, mas agora com seu precioso conteúdo...
Dói recomeçar do zero... Mas ainda assim o pássaro jamais emudece, nem retrocede, segue cantando e construindo, construindo e cantando...
Já sentiu que sua vida, seu trabalho, sua família, seus amigos não são o que você sonhou?
Tem vontade de dizer basta, não vale a pena o esforço, isto é demasiado para mim?
Você está cansado de recomeçar, do desgaste da luta diária, da confiança traída, das metas não alcançadas quando estava a ponto de conseguir?
Mesmo que a vida o golpeie mais uma vez, não se entregue nunca, faça uma oração, ponha sua esperança na frente e avance.
Não se preocupe se na batalha seja ferido, é esperado que algo assim aconteça.
Junte os pedaços de sua esperança, arme-a de novo e volte a ir em frente.
Não importa o que você passe...
Não desanime, siga adiante.
A vida é um desafio constante, mas vale a pena aceitá-lo. E sobretudo... Nunca deixe de cantar.

(Autor desconhecido)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

NESTE NATAL...



"Que você não perdoe apenas no Natal,
mas sim constantemente.
Que no próximo ano,
você não cometa os mesmos erros,
mas que esteja preparado para novos acertos.
Saiba o que quer e procure fazê-lo com perfeição.

Não deixe para amanhã
o que tiver que ser feito hoje.
Viva intensamente porque cada dia é o único.
Que você tenha a vida interior
tão grande quanto a exterior.
Que saiba se levantar quando cair e
que saiba cair quando estiver muito por cima.
Aceite os fracassos como uma experiência
e encare normalmente os sucessos.

E que além de acreditar que a paz e o amor existem,
você também descubra o caminho para encontrá-los.
Não apenas tenha honestidade,
mas que seja honesto com você.

Que você consiga se olhar no espelho
sem sentir vergonha.
Não humilhe os menores,
nem se deixe humilhar pelos maiores.
Não use o seu próximo e nem se deixe usar.

Saiba pedir, mas nunca implorar.
Seja autêntico no que diz, pensa e faz.
Que você não se julgue o primeiro
e muito menos o último.

Não machuque os fracos
nem se deixe machucar pelos fortes.
Que você e sua integridade não tenham preço.
Nunca negue a esmola ao pobre, desde que a tenha.

Procure sempre ter tempo para os outros
e ache tempo para você.
Nunca sinta ódio quando não sentir amor.
Não cale quando tiver que falar,
nem fale na hora do silêncio.

Que você não diga verdades
para quem não as pediu para ouvir
e nem diga mentiras por omissão.
Que no Ano Novo que está por vir,
você nunca deixe de sonhar,
pois é melhor morrer com um sonho
do que nunca ter tido um!!!"


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

ÁRVORE DE NATAL




“A árvore de Natal representa a Vida
e que cada enfeite que colocamos nela também significa algo.
Colocar a estrela no topo da árvore significa a Fé
que guia nossos passos todos os dias;
Cada bola pendurada representa uma Oração,
seja de arrependimento, de agradecimento ou de prece;
As pinhas significam Fartura;
Os pássaros, Alegria;
Papai Noel, Bondade;
E as famosas luzes do piscapisca, que substituíram as velas usadas antigamente, servem para recarregar as nossas Energias para o ano vindouro."
(Teresa Campos Salles)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O SILÊNCIO DOS ÍNDIOS




Nós os índios conhecemos o silêncio. Não temos medo dele. Na verdade para nós ele é mais poderosodo que as palavras. Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles nos transmitiram essa sabedoria. "Observa, escuta e logo atua" nos diziam. Esta é a maneira correta de viver. Observa os animais, para ver como cuidam de seus filhotes. Observa os anciões, para ver como se comportam. Observa o homem branco para ver o que querem. Sempre observa primeiro com o coração e a mente quietos e então aprenderás. Quando tiveres observado o suficiente então poderás atuar. Com os brancos é o contrário. Vocês aprendem falando. Dão prêmios às crianças que falam mais na escola. Em suas festas todos tratam de falar. No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos e todos falam cinco dez cem vezes. E chamam isso de "resolver um problema". Talvez o silêncio seja duro demais a vocês porque mostra um lado que não quereis ver. Quando estão numa habitação e há silêncio ficam nervosos. Precisam preencher o espaço com sons. Então falam compulsivamente mesmo antes de saber o que vão dizer. Vocês gostam de discutir. Nem sequer permitem que o outro termine uma frase. Sempre interrompem. Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido inclusive. Se começas a falar eu não vou te interromper. Te escutarei. Talvez deixe de escutar se não gostar do que estás dizendo. Mas não vou te interromper. Quando terminares tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo a menos que seja importante. Do contrário simplesmente ficarei calado e me afastarei. Terás dito o que preciso saber. Não há mais nada a dizer.Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês. Deveríamos pensar nas palavras como se fossem sementes. Deveriam plantá-las e permiti-las crescer em silêncio. Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas. Muitas vozes. Só vamos escutá-las em silêncio. "Não sofremos de falta de comunicação mas ao contrário sofremos com todas as forças que nos obrigam a nos exprimir quando não temos grande coisa a dizer".

http://pensandozen.blogspot.com/2008/01/o-silncio-dos-ndios.html

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

BOLO DA VIDA



Bolo da Vida








O bolo da vida em que cada ingrediente possui um significado:


  • Ovos: criatividade
  • Açúcar: ternura
  • Fermento: desenvolvimento
  • Manteiga: compreensão
  • Farinha de trigo: força
  • Frutas cristalizadas: alegria, esperança
  • Canela: coragem
  • Cravo:dinheiro
  • Passas:paciência
  • Cerejas vermelhas: amor
  • Nozes: fé
  • Damasco: luz
  • segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

    A verdade por trás do peru de Natal


    A verdade por trás do peru de Natal

    Este ano no Reino Unido cerca de 16 milhões de perus serão mortos no período de Natal.

    Nas unidades maiores, há de 10.000 a 15.000 aves por cercado.

    A maioria dos perus é criada de forma intensiva em empresas-fazendas. Esses perus são engordados em criadouros sem paredes ou em gaiolas para frangos em abrigos sem janelas e mal iluminados. Usa-se luz baixa para tentar reduzir a agressividade das aves umas com as outras.

    Os perus adultos têm pouco mais espaço que uma galinha criada em gaiola.

    A criação intensiva também provoca doenças. Doenças do quadril, ferimentos nos joelhos, úlceras nos pés e bolhas no peito são comuns. A taxa de mortalidade de perus é estimada em 7%, ou seja, cerca de 2,5 milhões de aves por ano. Muitos desses são indivíduos mais jovens que morrem de fome por não encontrarem os cochos de comida e água.

    Usam-se métodos de criação seletiva para acelerar a taxa de crescimento e maximizar a massa corporal. Como resultado, muitos perus adultos simplesmente não conseguem aguentar o peso antinatural do próprio corpo. Isso pode levar a infecções das articulações da perna e do joelho e prostração generalizada.

    Os perus são levados para o matadouro em caixotes apinhados.

    A expectativa de vida natural de um peru é de cerca de 10 anos. Os perus das fazendas são mortos ao completarem de 12 a 26 semanas, dependendo do tamanho da ave produzida.

    Os perus em condições de superpopulação tendem à agressividade e muitas vezes atacam-se entre si. Isto causa mutilações, tais como olhos e dedos perdidos. Como resultado, mais de 20% dos perus têm o bico arrancado para reduzir os ferimentos. A extração do bico consiste no corte de um terço do bico da ave com uma lâmina em brasa. Estudos feitos com galinhas que tiveram o bico cortado mostraram que a dor é prolongada e talvez permanente. Mesmo depois do corte do bico os perus ainda se atacam, causando ferimentos, infecções e até cegueira.

    No matadouro os perus são retirados dos caixotes e pendurados de cabeça para baixo em ganchos de uma linha de montagem. Os perus, que pesam até 28kg, são suspensos pelos pés durante uns seis minutos e depois atordoados com um banho de água eletrificada. Após o atordoamento corta-se a garganta das aves, que então são mergulhadas num tanque de água fervente que solta as penas e prepara-as para serem depenadas. Pesquisas revelaram que a cada ano cerca de 35.000 perus vão para a água fervente ainda vivos.

    Feliz Natal e boa vontade para com todos os perus.

    Fonte: SocVegUK


    A dança das abelhas


    A dança das abelhas


    Somos aquilo que sentimos e percebemos. Se estamos zangados, somos a raiva. Se estamos apaixonados, somos o amor. Se contemplamos um pico nevado, somos a montanha. Ao assistir a um programa de televisão de baixa qualidade, somos o programa de televisão. Enquanto sonhamos, somos o sonho. Podemos ser qualquer coisa que quisermos, mesmo sem uma varinha mágica.

    Extraído do livro "O sol meu coração" de Thich Nhat Hanh.

    O Significado do Amor de um Pássaro

    O Significado do Amor de um Pássaro

    A vida de um Pássaro narrada com muito amor e carinho!
    O Início...
    Essa história que irei narrar, que por sinal não é muito diferente de tantos outros amigos de penas, conta a luta em sobreviver no mundo humano e é neste contexto que descreverei minha vida.
    Meu nome é Luck embora ninguém saiba, eu sou um pequeno pássaro que talvez não faça parte de nenhuma estatística em nenhum registro dos seres humanos, entretanto, em hipótese alguma deixo de ser um pequenino que possui uma vida como qualquer outra na face da terra.
    As minhas primeiras semanas de vida ainda muito pequeno, nas asas de meus pais, descobri o sentimento de amor embora ainda não soubesse bem o que significava isso, tinha certeza que era uma coisa muito boa e generosa, pois, demonstrava carinho, proteção e uma verdadeira fonte de calor que não há nada neste mundo que possa comparar, infelizmente esse tempo de amor durou muito pouco, porque ainda nas primeiras semanas da minha vida, fui tirado de meus pais.
    Daquele momento em diante já pensava que meu destino não poderia ser dos melhores.
    No lugar para onde fui havia outros pequeninos passando pelo mesmo processo de adaptação e em seus olhos eu pude sentir a dor em estar longe de quem começou a amar muito. Embora o lugar onde estávamos não era ruim, tínhamos comida na hora, o calor certo para os nossos corpinhos e o ambiente era muito limpo, eu só não encontrava ali o carinho e o aconchego de meus pais que me tratavam como uma jóia de valor inigualável.
    Tudo passava muito rápido, fui crescendo e adquirindo minhas primeiras penas de vôo, era tudo novo para mim e notava que algumas formas no tratamento de carinho e atenção estavam sendo mudadas.
    Ao completar dois meses de idade já estava em uma gaiola e numa tal de loja de pássaros onde ali me tratavam como algo de valor, mas não como meus pais me davam e sim um valor estranho e diferente, algo que era preciso pagar para me ter. Fiquei ali algumas semanas, fiz novas amizades e num determinado dia...
    A esperança...
    O Dia estava lindo, alguém se aproxima e diz:
    - Que gracinha! Você é muito lindinho, pena que não posso te comprar, se pudesse com certeza iria te dar todo amor e carinho do mundo.
    Quando ouvi estas palavras, parei e pensei por um momento: “será mesmo que essa moça vai me levar de volta aos meus pais?”.
    Naquele instante sem perder tempo comecei a me debater na gaiola chamando a sua atenção, como a implorar para que me levasse para meus pais, onde acreditava ter carinho e amor novamente. A moça bonita não desviava os olhos de mim e com muita sorte consegui convencê-la a dar um jeito de me levar, e, igual aos outros, havia chegado minha vez de entrar naquela caixinha de papelão para ir embora.
    Não agüentava de tanta emoção, parecia que meu coraçãozinho ia sair pelo bico. Quando cheguei no local que pensava encontrar com meus pais, que decepção...
    Era outro lugar diferente e nem de longe sentia a presença de meus pais, estava eu ali novamente diante de um ambiente estranho e, talvez pior, cheio de perigos a minha volta.
    Neste novo lar, se é que poderia chamá-lo assim, moravam outros bichos engraçados, uns tais de cachorros e gatos que faziam muito barulho e alguns deles ficavam de olho em minha gaiola, pensava em até fazer novas amizades, porém, existia o Milk, que toda vez que colocava suas patas sobre minha gaiola lambia seus beiços e dizia um miau assustador, intimidando-me.
    Aos poucos fui me acostumando com o novo ambiente, o tempo foi passando e os amigos peludos foram esquecendo-se de mim. Em poucas semanas minha mamãe humana começou a falar que não tinha tempo para ficar ao meu lado e que eu deveria ter um pouco de paciência que na hora certa ela ia me dar amor e carinho. Infelizmente não conseguia entender o que ela dizia, principalmente a tal de “paciência”, achava mesmo que ela iria dar-me a chance de ter meus pais de volta e ali fiquei esperando por meses e meses.
    A diferença da loja e de onde estava morando agora, é que lá pelo menos haviam outros pássaros onde podia de vez em quando conversar um pouquinho. Neste lar, me deixavam o tempo todo trancafiado em um espaço tão pequeno dentro de casa que mal via o dia raiar ou findar.
    Até que um dia minha vida mudou...
    Acordei, a casa estava quieta, não ouvia os latidos e nem miados. Percebi que o sol radiava pela janela entreaberta da sala, mesmo assim sentia-me triste, cansado da monotonia dos meus dias, nem imaginava a aventura que estava preste a viver.
    Minha dona como de costume logo pela manhã, sempre trocava a comida e a água, e neste dia sem explicação – talvez por falta de atenção, não sei – deixou a portinha da minha gaiola um tanto levantada e nem pensou o que iria ocorrer.
    Olhei aquilo e como sou muito curioso fui chegando perto e numa fração de segundos tive um impulso e sai voando bem alto em direção aos raios do sol.
    “Uauuuu!!! Que sensação gostosa!!! Quem será que inventou o céu? E as minhas asas?”.
    Fiquei horas voando sem me dar conta do tempo e do espaço. Vi uma árvore bem alta e resolvi fazer uma parada, não que estivesse cansado, mas já era hora de relaxar um pouco. Pousei em um galho bem alto, respirei fundo, senti a fragrância daquelas flores e me arrumei um pouquinho.
    Fiquei olhando o pôr-do-sol, aquele céu tão azul, sem pensar em nada por muito tempo. Algum tempo depois, sentindo essa incrível e maravilhosa sensação de liberdade, comecei a ficar preocupado porque a tarde já ia e a noite estava se formando depressa. Fiquei parado nesta árvore e com o anoitecer outras aves e suas famílias se aproximavam e se aglomeravam nos galhos, eu percebi que não gostavam de minha presença e ali permaneci encostado no tronco da árvore. O vento era forte e por mais que eu tentasse me emplumar não conseguia me aquecer e sentia muito frio. Para meu azar foi uma das noites mais frias que já havia tido naquele mês.
    A fome, o frio, a dor, o medo que sentia eram tão intensos que naquele instante pensei que a melhor maneira de tentar minimizar tudo aquilo era lembrar das coisas boas, como o calor, a comida, o carinho e amor que meus pais me deram um dia.
    Quando amanheceu mal conseguia mover meu corpinho, começava a perceber que algo dentro de mim não estava bem e uma dor dentro do meu peito surgia sem controle. A lembrança de quando separaram de meus pais, levando-me a viver naquela loja, vinha a tona, refletia o porque as pessoas faziam aquilo e depois nos entregavam para outras pessoas em troca do tal “dinheiro”, sem se preocuparem que também temos sentimentos e vida.
    Em poucas horas comecei a ficar fraco, não sabia onde encontrar comida e o pior, algumas aves muito más e maiores do que eu – os gaviões – me fitavam, estavam apenas esperando eu sair do pequeno abrigo que me acondicionava para então me atacarem. Não conseguia entender porque o mundo aqui fora era assim tão perigoso, que não podia nem sequer sair para tentar procurar um pouco de comida para me fortalecer, que poderia ser atacado tão facilmente.
    Por estar muito tempo sem me alimentar e com a queda brusca da temperatura durante a noite, fui adoecendo. Não sei precisamente o tempo que permaneci assim, só sei que num determinado momento, me dobrei caindo da árvore.
    Que medo! Não conseguia abrir os olhos, meu corpo todo doía e não conseguia pensar em nada. Senti uma vibração no chão, alguém estava chegando, queria gritar para não se aproximar mas, não tinha forças para isso, foi então que senti me pegarem no colo cobrindo-me com um pedaço de pano.
    Era o fim, adormeci...
    A doce mudança...
    “Onde estou?” – abri meu olhos...
    “Que som bonito, eu morri ?”.
    “Não, estou vivo”.
    Acordei com som de pássaros cantando alegremente. O homem que estava comigo em suas mãos me limpava muito gentilmente, verificava meus pezinhos e minhas asas e então me colocou em uma caixa bem quentinha e aconchegante, isolado dos outros pássaros e me alimentou com muito carinho e cuidado. Eu percebi que estava sendo tratado de uma maneira muito diferente e isso me fez lembrar quando era tratado por meus pais logo quando nasci. Fitei aquele estranho e acho que estava delirando porque sua pele era tão iluminada, a sua voz tão meiga que parecia uma canção de ninar. Lembro-me que ele dizia assim:
    “Xuxuzinho, do papai, que só sabe dar mancada, da mancada de dia e de tarde e a noite fica parado”.
    Cantava essa canção para mim de uma maneira muito especial assim transmitindo calma.
    Esse humano era mesmo diferente de todos que conheci, falava comigo o tempo todo e me dava comida no bico parecido como meus pais faziam. Sentia-me importante, porque sempre aparecia um outro humano – chamavam de Doutor – para me examinar e saber se estava precisando de algo, mesmo sabendo que estava bem melhor.
    Pepito realmente me tratava como se eu fosse a coisa mais importante em sua vida. Aos poucos Pepito foi tentando se aproximar mais de mim quando eu já estava melhor – podendo me defender – mas como eu havia passado por situações péssimas e desastrosas com humanos, não queria que me tocassem. Ele, muito paciente foi então conversando comigo transmitindo assim uma confiança maravilhosa pois, fazia muito tempo que não sentia.
    O tempo foi passando e num determinado dia sai da caixa, tentei voar e para minha surpresa não conseguia mais, pois em razão da queda que havia sofrido da árvore, havia então perdido está condição. Fiquei muito triste e uma enorme dor reapareceu em meu peito, porque voar para mim foi uma sensação tão boa que gostaria de sentir novamente, apesar de passar por todo o inconveniente doloroso de me perder.
    A descoberta do amor...
    Em poucas semanas, Pepito me colocou em um grande viveiro junto de outras aves de minha espécie, algo que também fazia muito tempo que não acontecia. Todos ali eram felizes e com minha simpatia e um pouco de sorte em dias arrumei uma bela companheira.
    Ela era muito parecida com a minha mãe, era linda, me cobria de carinhos e aos poucos fomos nos aproximando e tornando um casal muito feliz. Com o passar dos meses fomos transferidos com muito cuidado para outro viveiro onde ficamos a sós. Um sentimento foi surgindo dentro de mim e da minha nova companheira e em pouco tempo a natureza tomou seu curso e concebemos nossos primeiros filhotes. Ali senti uma grande vitória com o nascer dos meus pequeninos.
    Não me esqueço das palavras que Pepito disse no dia que abriu nosso ninho para ver nossos filhotes:
    - Meu amigo, crie esses pequenos com muito amor e carinho, e como você já passou por situações tão dolorosas, não terá ninguém nesse mundo que tirará essa felicidade em quanto eu estiver ao seu lado.
    Enchi meu peito de ar e dei um enorme piado de felicidade por saber que ainda neste mundo existem pessoas com o coração repleto de sentimento e amor pelo próximo. E assim foi, meus pequenos filhos cresceram com muita alegria e amor, num ambiente muito bem cuidado pelo nosso querido Pepito.
    Nossos filhos cresceram, se apaixonaram e viveram suas vidas, pois, como todos sabemos, o ciclo da vida tem que dar continuidade mesmo sabendo que alguns deles partiram para outros lugares. Assim apenas nos restou a saudade.
    A dolorosa separação...
    Foram longos anos ao lado da minha grande companheira que me amou e me presenteou com muitos pequeninos, resultando em alegria para todos nós, porém numa simples manhã comum, minha pequena amada não se sentia bem, uma enfermidade apossou-a e foi tão rápida que eu mesmo me surpreendi – foi terrível.
    Pepito chamou o Doutor para ver o que estava acontecendo e ao examiná-la disse que seu tempo seria mais curto que se imaginava e que em poucas horas ela não estaria mais conosco. Enquanto os homens conversavam, o meu coração sentiu uma enorme pontada de tristeza e a minha intuição pedia calma.
    Logo que o Doutor saiu, Pepito sentou ao lado de minha gaiola e disse com muita calma para tentar fazer entender a situação.
    - Meu pequeno amigo Luck, sabe, talvez você não entenda o que está acontecendo e até mesmo ache que estamos sendo injustos com você por separar sua pequena amada de suas asas, mas, por favor, entenda, ela está muito doente e talvez não consiga sobreviver até o findar deste dia. Com certeza vocês tem um amor muito sincero e uma das coisas que mais temia era separar você de sua amada pequenina.
    Ouvindo isso dei um piado entristecido querendo um colo amigo e que essa dor da separação fosse embora o mais rápido possível. Pepito percebeu que a minha vontade era estar mais um pouco ao lado dela e mais uma vez alegrei-me por ele entender esse meu desejo.
    E assim foi minha despedida, encostei meu pequeno corpinho ao lado de sua cabeça e fiquei juntinho dela até seu último suspiro de vida neste mundo.
    “Entender que perder quem amamos não é uma tarefa fácil, é mais complicado que entender a separação de nossos pais, e este processo em minha vida foi muito doloroso”.
    O recomeço... Um grande choque...
    Já se completava quase seis anos de minha existência na terra e muitas situações havia enfrentado, acreditava que só restava aguardar minha hora de partir deste mundo, porém estava totalmente enganado sobre isso, pois, nem imaginava que minha pequena existência haveria de durar ainda longos anos.
    Pepito era um grande humano, não só em tamanho como também em generosidade e resplandecia simpatia para todos que um dia tivera grande chance de conhecê-lo. Vivia sempre ao lado de sua amada esposa Drika. Quantas e quantas tardes, eles nos faziam companhia tomando os seus “chás” e conversando sobre nós, os pássaros.
    Para meu maior desespero, poucos anos depois, Pepito também havia sido acometido de uma grande enfermidade e assim notei que sua freqüência em nossas gaiolas e viveiros já era pouca, e suas generosas e alegres conversas eram raras. Quando aparecia, ficava poucos minutos em pé e notava-se que logo precisava sentar-se, pois, suas pernas estavam fracas e suas conversas era de difícil entendimento, dizendo que logo tudo iria terminar.
    Até que num determinado dia, não mais o vi...
    Após alguns dias, sua amada companheira sentou ao lado de minha casinha e com a mesma calma de Pepito, disse que ele havia voado para o céu e que um dia nós iríamos encontrá-lo também. Dizia para mim que o céu era um lugar onde não havia dor, fome ou tristeza. Quando ela dizia isso, uma enorme preocupação surgia dentro de mim, pois, uma vez que eu não voava mais, como iria alcançar o céu?
    Fiquei com esse pensamento até que o tempo se encarregou de fazer eu esquecer...
    Todos os pássaros ficaram então sob o cuidado da amada companheira de Pepito que nos tratava com o mesmo amor e carinho. Drika, muito atenciosa, dizia palavras doces, de ternura e todos os dias quando acordava, antes de sair correndo para trabalhar, procurava tratar de nossa alimentação da maneira que podia, pois após a morte de Pepito ela ficou numa situação econômica muito difícil.
    Ela às vezes parava ao lado de nosso viveiro e dizia para termos paciência que iria arrumar sempre algo bom para comermos. Já era possível perceber que nossa alimentação não era tão boa quanto antes e a quantidade mal dava para todos os pássaros que se encontravam no viveiro. Notando essa situação, começamos a comer menos para poder de alguma maneira ajudá-la, pois havíamos visto ela deixar de comer o seu pão, para distribuir para nós.
    Drika era como um anjo em nossas vidas, sempre querendo de alguma maneira nos agradar e infelizmente não podíamos retribuir de uma maneira material, então procurávamos com pequenos gestos, olhares, bicadinhas carinhosas, mostrando o quanto amávamos e agradecer pelo cuidado e amor que tinha por nós.
    Em busca de um milagre...
    Certo dia, Drika chegou chorando em casa e como de costume veio a nosso encontro para contar como tinha sido seu dia. Ela muito triste dizia para mim que havia perdido seu emprego, e pelo que entendi, era o que a fazia ter dinheiro para comprar nossas comidas.
    Naquele momento achando que já havia sentido todos os sentimentos deste mundo percebi que um novo sentimento havia brotado dentro de mim. Assim entendi definitivamente o significado da palavra “desespero”.
    Mais uma vez, em poucos dias ou horas eu estaria indo embora daquela casa e, nada neste mundo era mais injusto, porque já havia mudado tantas vezes e com tanto sofrimento.
    Conversando com meus amigos naquela tarde, tentamos de alguma maneira poder ajudar, mas nada podíamos fazer pela Drika, pois estávamos trancados em um viveiro e nossas condições eram muito limitadas mesmo querendo de alguma forma socorrê-la.
    Drika havia saído para tentar de alguma maneira contornar o problema, mas retornando para casa sem nenhum êxito, veio até nosso viveiro e decidida fez a coisa que achava ser a mais certa, nos soltando para sentir a liberdade pelo menos uma vez em nossas vidas.
    Ao abrir o viveiro, todos os três amiguinhos bateram suas asas sem ao menos deixar eu tentar explicar a eles que o mundo lá fora não seria a melhor solução para nossos problemas. Eu mesmo não fui, pois não tinha como voar, graças a minha deficiência que impedia e já um dia, havia sentido a enorme frustração de estar solto no mundo. Restava então eu desejar boa sorte aos meus amiguinhos e aguardar o meu destino final.
    Drika chorava e estava muito triste em fazer isso e era para eu aproveitar essa chance de ser livre porque naquela mesma hora ela iria se libertar de tudo isso. Não entendia o que Drika queria dizer, mas pelo modo que ela dizia, mas parecia que iria para o céu também, e naquele momento fiquei muito triste porque todos iam para o céu e eu ficava aqui em baixo sofrendo sem entender nada.
    Então na tentativa de não deixar que ela fosse para o céu ou me deixasse sozinho, implorei para que me levasse também. Saí do viveiro e fui subindo em seu ombro e num gesto de amor e carinho, me aconcheguei em seu rosto. Neste mesmo momento ela me tomou em suas mãos e colocou-me a sua frente dizendo assim:
    - Sabe meu pequeno Luck, estava certa do que ia fazer até este exato momento, mas antes de fazê-lo pedi um sinal a Deus que se alguém neste mundo me amasse mesmo, teria que aparecer agora e assim também demonstrar todo seu amor por mim. Luck, você hoje além de ser o que mais amo, é também o salvador da minha vida e seu pequeno gesto demonstra que nada está perdido.
    Aquelas palavras que Drika me disse, pouco entendi, entretanto algo me dizia que fiz a melhor obra de minha vida depois de criar meus amados filhos.
    Em poucos dias, estava com Drika em outra casa bem mais simples e humilde e com o sentimento de dever cumprido.
    O vôo final...
    E tudo foi muito bem, os anos passaram até que um dia recebi uma visita muito especial.
    Estava dormindo tranqüilamente, sentia-me em um sonho, no meio da madrugada abri os olhos e Pepito todo brilhante falava calmamente comigo e quando dizia algo, “incrível”, para minha surpresa ele entendia também.
    - Pepito, meu amigo, que saudade! Todos esses anos esperei por você, achando que jamais conseguiria agradecer a sua generosidade e amor que teve comigo.
    - Meu amiguinho, todos nós temos que cumprir uma missão na terra e meu tempo já havia sido concretizado. Hoje estou aqui para poder dar minha mão a você, pois sei o quanto isso é importante. Você irá conhecer um lugar maravilhoso e encontrará com muitos que você ama. Lá já estão, seus pais, sua amada companheira e muitos que te respeitaram e te amaram aqui na terra.
    - Puxa Pepito! Parece mentira! Acho mesmo que estou sonhando. Depois de tanto tempo de angústia vou poder ter essa chance?
    - Sim, a principio devo dizer que você pode não ter sido nada aos olhos de muitos na terra, mas tornou a minha vida e a vida de minha amada Drika muito mais simples e feliz. Toda vez que olhávamos seus olhos, eles expressavam um brilho muito forte, jamais visto por mim e minha amada. Hoje sabendo de toda sua trajetória, você dizia que logo quando foi tirado de seus pais, sua vida não iria ser a das melhores, mas saiba, foi. Deus te deu um dom que muitos almejam ter, o dom da “paz”, do “carinho”, da “atenção”, da “simplicidade” e “humildade” e o maior de todos, do “amor verdadeiro”. Saiba meu amiguinho que você salvou vidas, e foi a maior jóia viva que poderia ter existido para nossas simples vida e hoje, Deus me concede a liberdade de vir pessoalmente te buscar para então levá-lo céu.
    - Pepito, estou muito contente em saber que de alguma maneira minha vida foi importante na terra, mas preciso ser muito sincero em dizer que nada disso teria acontecido se não fosse por você ter me tirado da frente da morte, ajudando a me estabelecer, me alimentando e me concedendo a felicidade de conhecer minha amada e de ter meus filhos. Hoje consigo entender o significado da palavra “Deus”, ele é o amor maior que nos guia de acordo com sua vontade, procurando então fazer de nós, seres que ajudam ao próximo. Agora sim, estou pronto para minha nova casa “céu”, apenas deixe muita paz para nossa amada Drika e permita que em todos os seus dias de vida ela possa sentir nossa presença como no vento, não permitindo nos ver mais, porém sentindo ele soprar em seu rosto e trazendo assim sempre a esperança em sua vida.
    Então assim termina minha história, aos 14 anos de idade, fui levado às alturas do céu num vôo tão grandioso, sentindo que minha presença na terra não foi em vão, recebendo o grande valor pela vida e a minha conquista pela busca da tão sonhada “paz” e “amor” com muita sabedoria e paciência.
    Importante saber...
    Embora está história seja apenas um conto, notamos que nos dias de hoje ainda é possível notar que nossos amigos de penas ficam jogados dentro da gaiola em um canto qualquer da casa sem receber atenção e os cuidados necessários e muitas vezes esses pássaros passam pelo processo da fome, sede e o pior de todos “solidão”, e mesmo assim ainda resiste por dias, semanas e até mesmo anos antes de morrer. Normalmente achamos que os pássaros dentro de uma gaiola cantando é sinal de que está tudo bem, mas por um momento já paramos para pensar se este canto mesmo sendo uma melodia muito bonita não poderia ser de tristeza, dor ou sofrimento? Procuramos refletir um pouco sobre o assunto e nos colocamos no lugar desses pequeninos...
    Por quanto tempo, nós humanos duraríamos sem água, comida e totalmente isolado de nossa família e amigos?
    Pior, saber que está passando por este processo apenas porque a pessoa que você depende está negando atenção e deixando você todo impossibilitado de buscar o seu sustento e sua sobrevivência.
    São situações onde devemos refletir antes de adquirir qualquer tipo de animal de estimação, até porque o nome “estimação” já diz tudo. A partir do dia que obter qualquer tipo de bichinho de estimação, procure estimá-lo como fosse seu filho(a), pois ele dependerá de você imensamente. Como podemos notar na história, a vida de Luck poderia ter sido muito diferente.
    Quando adquirimos um pássaro ou qualquer outro bichinho de estimação, devemos pensar em diversos fatores básicos, como se preocupar em deixar um tutor para cuidá-lo caso um dia sejamos impossibilitado de continuar a lhe dar atenção e os devidos cuidados. No caso do Pepito como podemos observar, ele preocupado com seus pássaros, deixou sua esposa como tutora assim preparando-a para cuidar de seus pássaros caso ele ficasse impossibilitado um dia.
    Normalmente os pássaros duram poucos anos, porém alguns chegam a durar de 15 até 80 anos, e por essa importante razão, devemos pensar muito antes de adquirir determinadas espécies, assim procurando saber melhor sobre suas origens, costumes entre outros fatores para não ter nenhuma surpresa no futuro. No que diz respeito aos pássaros, eles se apegam muito ao seu dono, transformando dentro deles uma fidelidade muito grande e se isso não for correspondido pode com certeza trazer muita dor e sofrimento, e a pior coisa que um dia poderá acontecer sem dúvida nenhuma, será o seu abandono.
    Fica muito claro nos dias de hoje, a população tem se conscientizado ao adquirir seus bichinhos de estimações, trazendo melhor conforto e os cuidados básicos para terem uma vida tranqüila e saudável.
    Normalmente quando eles chegam em seu novo lar, alguns ficam contentes e outros muitas vezes ficam quietinhos e abatidos. Aos que normalmente ficam abatidos, mostre a esse pequenino que ele será muito amado por todos os membros da família e assim, você adquirirá a total confiança de seu animal de estimação.
    Procure sempre ter muita paciência, pois esses pequeninos normalmente fazem bagunças sem o menor entendimento e gritos, ameaças, castigos contra eles não serão as melhores maneiras de repreendê-los.
    A alguns anos atrás eu estava passando em frente a uma Avicultura e entrando para conhecê-la, avistei uma série de pássaros soltos e mansos. Ali estava algumas calopsitas, agapornis e periquitos australianos e ao ver eles assim, “soltos” fiquei extremamente encantado. Naquele dia mesmo estava certo que poderia adquirir um daqueles pássaros para cuidar e ser meu bichinho de estimação. Comecei a escolher um deles para presentear meu lar com alegria, pois adorava pássaros e certamente não iria ter nenhum problema. Entre minhas escolhas, estava certo que seria uma “calopsita”. Notei bem no cantinho do mostruário uma calopsita bem quietinha e possuída de um puro medo por estar naquele lugar. Acolhi este pequenino e levei para minha casa contente e feliz por ter um novo amigo.
    Quando cheguei em casa com o pequenino, fui logo apresentando a minha esposa que o recebeu com muito carinho, aconchegando em seu colo e simultaneamente o chamando de “Xuxa”. Ao longo dos dias achávamos que estava tudo bem com o pequenino, mas percebia que ao compará-lo com outros pássaros de sua espécie e raça, notoriamente ele era muito pequeno perto dos outros e já se podia notar que sua asa e pezinho estava com um problema de calcificação em razão de alguma queda no passado.
    Ao notar isso, meu carinho por ele se redobrou e minhas atenções começaram a ser muito mais voltadas a ele. Era nítida a nossa falta de experiência e naquela época era muito difícil encontrar informação de boa qualidade e segura para cuidar do nosso pequenino. Foi aí então que despertei definitivamente e comecei buscar fontes de informações em veterinários especializados, comprando livros sobre estudos da calopsita, seus cuidados, alimentação e doenças que poderiam de alguma maneira afetá-lo, e tudo isso para cuidar melhor de nosso pequenino.
    Trato esses pequeninos como meus filhos que me ajudaram a concretizar o projeto da minha vida e a entender melhor o sentimento e a forma de carinho que eles são capazes de nos oferecer sem ao menos pedir nada em troca.
    Todos eles são como uma jóia em nossas vidas, pois sentimos que a cada olhar desses pequeninos, tocam profundamente nossos corações, mostrando-nos que a vida é muito mais cheia de vida quando procuramos amar o seu próximo, e não se importando qual a forma de sentimento que temos por ele(a).
    Aprendi muito na vida com os pássaros, pois seu olhar sincero me encanta e sua simplicidade de vida me fascina. Portanto, se você tiver ao lado desses pequenos seres, tente buscar o carinho que eles tende a oferecê-los, seja em um cantar, em um toque ou até mesmo em um pequeno olhar de pura gratidão por ter você como um amigo justo e fiel.
    Autor da Obra: Anderson Barbosa – O Significado do Amor de um Pássaro
    Adaptação: Solange Soares Barbosa
    Ano: 2007 – Segunda Edição
    Agradecimentos:
    A minha esposa Solange por me ajudar nesta gratificante tarefa e por amar imensamente a natureza.
    Aos meus filhos Lucas e Vitor, por tomarem minhas tarefas e por amar os pássaros.
    Ao meu pequenino Xuxa que nos deixou no dia 19/06/2008 - Nosso amado e sincero carinho e amor "por você"
    "Nosso amor por você é como o Sol... toda manhã há de brilhar mesmo atrás das nuvens !!!"
    Nunca... mas nunca deixe seu pássaro ficar esperando por você, para mostrar o quanto ele te ama ! Anderson Barbosa

    Um Natal diferente


    Como acontecia todos os anos, às vésperas do Natal, os animais da fazenda ficavam aflitos esperando para ver quem seria a próxima vítima.
    O pato viraria pato-no-tucupi? Ou a dona galinha, separada dos seus pintinhos, seria servida ao molho pardo? Ou o pobre carneiro se transformaria em antepasto?

    Ou seria o boi que viraria filé ou medalhão ao molho madeira na ceia daquele ano?

    O porco tremia todo e soluçava:
    - "Buá! Não quero virar presunto, salsicha, pernil, torresminho, e nem bacon!"
    E o peru, coitado, era quase certo que se elegeria o prato principal, no centro da mesa, com a barriga recheada de farofa. Era o que mais tinha medo nesses dias, e choramingava como um bebê, sem se conformar com a triste sorte.
    - "Por que os humanos comemoram o Natal desse jeito? Somos inofensivos, não fazemos mal a ninguém. Só queremos viver!

    O Menino da manjedoura, o aniversariante desse dia, certamente não gostaria de ser festejado com mortes, já que aniversário é uma celebração da Vida."
    Sossegados mesmo, só estavam o cão, o gato, e o papagaio da fazenda. Com eles a coisa era diferente. Tinham lugar para dormir, comida gostosa e carinho. Não precisavam ter pesadelos com a cozinheira e suas horríveis panelas.
    - "Isso é discriminação!", coaxou o sapo na lagoa. "Para uns carinho e para outros a panela? Protestemos! Vamos ver o que dizem as leis dos direitos dos animais!"
    - "Eu também gosto de carinho", disse lacrimejando o carneirinho. "Por que ninguém me faz um afago?"

    Todos os animais estavam unidos nessa hora tentando entender o comportamento dos humanos. A lei dos direitos dos animais valia só para os animais de estimação. Que pena...

    Mas naquele ano, tudo seria diferente!!!
    Eles nem imaginavam que Matheus, um menino vegetariano de 11 anos, vinha passar o Natal na fazenda e mudaria para sempre aquela tradição medonha.
    Matheus era um garoto muito esperto, inteligente e de bondoso coração. Tinha um cachorro e vários gatos. Amava todos os bichos e não se conformava com o fato de as pessoas dizerem amar os animais, mas devoravam seus corpinhos nas refeições.
    Não querendo mais compartilhar desse ritual horroroso, resolveu se alimentar apenas de frutas, legumes, verduras e grãos. Havia tanta fartura de alimentos nesse mundo! Não achava necessário aquela matança inútil. Era só uma tradição boba que podia ser mudada.

    Assim que chegou na fazenda, contou aos primos do sofrimento dos bichinhos até chegar à mesa sob a forma de comida. Falou da indústria da carne, uma das mais cruéis, da aflição que os animais sentiam ao subir os degraus do matadouro, e do triste fim que era dado a eles.

    Todos se surpreenderam com tudo o que Matheus contou e derramaram lágrimas com ele. Nunca haviam pensado nisso, e agora alguém os alertava para a injustiça dessa tradição milenar, que era passada de geração em geração.

    Resolveram que naquele ano o Natal seria diferente.
    Comunicaram aos pais, tios, primos, avós e amigos, que eles mesmos iriam preparar a ceia e que todos aguardassem a grande surpresa.
    Cochichos de lá, segredos de cá, e a véspera de Natal estava chegando.
    Enquanto isso, os animaizinhos, em polvorosa, estavam com muito medo do destino que os aguardava.

    Mas qual não foi a alegria deles quando as crianças contaram o grande segredo!
    Todo mundo sabe que crianças e animais conseguem se comunicar, mas muitos adultos não compreendem e por isso ignoram.

    O Natal daquela família se transformou no melhor Natal de suas vidas.
    Todo mundo reunido em volta de uma mesa colorida, de pratos leves, saudáveis, e o melhor de tudo: sem mortes!!! Aquilo sim era um Natal de Paz e de Amor!
    Mariana preparou uma bela macarronada com suculento molho de tomates.
    Edu fez várias pizzas vegetarianas de dar água na boca.

    Clara sabia fazer saladas e molhos muito bem. E a Talita preparou o que mais gostava: batatas fritas pra todo mundo!

    Sem contar que Mikaela trouxe salgadinhos de soja pra ninguém botar defeito. Uma delícia!!! Quibes, coxinhas, esfirras, empadinhas, tudo a base de vegetais!
    E as sobremesas? Pavês, compotas de frutas, pudins, sorvetes e um pratão de brigadeiros para completar.

    Só sei que a ceia ficou deliciosa, e todos se deliciaram com as gostosuras. E certamente o Menino Jesus abençoou aquela família e os animaizinhos tiveram pela primeira vez, em séculos, um Natal de PAZ! Céu e terra estavam em comunhão porque havia harmonia entre todas as criaturas que dividiam um lugarzinho na Terra.

    Era o início de uma nova Era de PAZ, AMOR e FRATERNIDADE.

    Feliz NATAL VEGETARIANO para todos vocês!!!

    Autora: Ivana Maria França de Negri

    http://ecoblogconsciencia.blogspot.com/2008/12/um-natal-diferente.html

    domingo, 15 de fevereiro de 2009

    A RAIVA NO CARDÁPIO




    A raiva, a frustração e o desespero que sentimos têm muita relação com o nosso corpo e com os alimentos que ingerimos. Precisamos, portanto, cuidar bem da nossa alimentação para nos protegermos contra a raiva e a violência. A maneira como cultivamos os alimentos, o tipo de comida que ingerimos e o modo como comemos podem trazer a paz e aliviar o sofrimento.
    Nossa comida desempenha um papel muito importante na raiva que sentimos. Os alimentos podem conter raiva. Quando comemos a carne de um animal que estava com a doença da vaca louca, a raiva está presente nessa carne. Esta é uma constatação óbvia, mas precisamos também prestar atenção nos outros tipos de alimentos que ingerimos. O ovo ou o frango que comemos também podem conter uma grande quantidade de raiva. E, se comermos a raiva, expressamos a raiva.
    Hoje em dia, as galinhas são criadas em larga escala em fazendas onde não podem andar, correr e ciscar. São alimentadas exclusivamente pelos seres humanos e mantidas em pequenas gaiolas sem poder se mexer, sendo obrigadas a ficar de pé noite e dia. Pense na possibilidade de você não ter o direito de andar ou correr. Imagine ter que permanecer noite e dia no mesmo lugar. Você enlouqueceria. É isso o que acontece com as galinhas: ficam loucas.
    Para que as galinhas produzam mais ovos, criam-se o dia e a noite artificiais, usando uma iluminação com o objetivo de fazer dias e noites mais curtos, para que as galinhas ponham mais ovos. Essas aves acumulam muita raiva, frustração e sofrimento, e expressam esses sentimentos atacando as galinhas que estão perto delas, usando o bico para ferir as outras. Com isso elas sangram, sofrem e morrem. Para evitar que a frustração faça com que as galinhas ataquem umas às outras, os criadores agora partem seus bicos.
    Pense nisso: quando você come a carne ou o ovo de uma dessas galinhas, está ingerindo raiva e frustração. Preste atenção. Tome cuidado com o que você come. Se ingerir raiva, você terá e expressará raiva. Se comer desespero, sentirá e manifestará desespero. Se engolir frustração, expressará frustração.

    Temos que comer ovos alegres de galinhas felizes. Precisamos beber um leite que não venha de vacas raivosas. Deveríamos tomar o leite orgânico de vacas criadas de um modo natural. É preciso haver um grande movimento que estimule e apóie os fazendeiros, encorajando-os a criarem seus animais da maneira mais respeitosa possível. Também precisamos comprar legumes e verduras cultivados organicamente.



    Thich Nhat Hanh, Aprendendo a lidar com a Raiva, Sabedoria para a Paz Interior, Editora Sextante, Rio de Janeiro, 2003.

    Silêncio e Calma





    Sempre que houver silêncio à sua volta, ouça-o. Isso significa: apenas perceba-o.

    Preste atenção nele. Ouvir o silêncio desperta a dimensão de calma que já existe dentro de você, porque é só através da calma que você pode perceber o silêncio. Veja que, quando percebe o silêncio à sua volta, você não está pensando. Está consciente do silêncio, mas não está pensando.



    Quando você percebe o silêncio, instala-se imediatamente uma calma alerta no seu interior. Você está presente. Nesses momentos você se liberta de milhares de anos de condicionamento humano coletivo.


    Olhe para uma árvore, uma flor, uma planta. Deixe sua atenção repousar nelas. Note como estão calmas, profundamente enraizadas no Ser. Deixe que a natureza lhe ensine o que é a calma.


    Quando você olha para uma árvore e percebe a calma da árvore, você também se acalma. Você se conecta à árvore num nível muito profundo. Você sente uma unidade com tudo o que percebe na calma e através dela. Sentir a sua unidade com todas as coisas é amor.


    Extraído do livro: O PODER DO SILÊNCIO de Eckhart Tolle


    PEQUENOS NOTÁVEIS (Cálculo Renal)

    Baixa ingestão de água, excesso de sal e sedentarismo favorecem a formação de cálculos renais, que atingem de 5% a 15% da população


    FLÁVIA MANTOVANIDA REPORTAGEM LOCAL Eles nascem nos rins, podem ter o tamanho de grãos de areia e ficar quietos por meses ou anos. Até que resolvem se mexer e chegam a fazer muita gente grande pedir colo e se contorcer de dor. Formados pela aglomeração de cristais na urina, os cálculos renais atingem uma grande quantidade de pessoas -de 5% a 15% da população, segundo dados mundiais.E o número de afetados vem aumentando: nos EUA, houve um crescimento de 37% na formação de cálculos nas últimas décadas. "Esse dado está relacionado a mudanças no estilo de vida e à evolução nos diagnósticos. A pessoa faz um ultra-som por outra razão e descobre o cálculo", explica o urologista Nelson Gattás, coordenador do comitê de litíase (formação de cálculos) da Sociedade Brasileira de Urologia e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).Hábitos como baixa ingestão de água, excesso de consumo de sal e sedentarismo favorecem a formação de cálculos.Antes mais comum em homens, o problema já não é predominantemente masculino. Segundo Ita Pfeferman Heilberg, professora de nefrologia e coordenadora do Ambulatório de Litíase da Unifesp, as mulheres secretam mais citrato, um inibidor de cristalização e, por isso, estariam mais protegidas. Mas fatores ambientais vêm contribuindo para a equiparação dos dois gêneros. "Cada vez mais, vemos que não há essa diferença. Elas estão no mercado de trabalho, expostas às mesmas condições a que os homens", diz.A parte boa da história é que há novos recursos para aliviar o problema. No último Congresso Americano de Urologia, foi apresentado um estudo mostrando que os alfabloqueadores, usados contra o câncer de próstata, dilatam o canal que conduz a urina à bexiga e aumentam em 30% a chance de o paciente eliminar cálculos nessa região. "É o único remédio que, comprovadamente, pode ser usado para ajudar a eliminar cálculos", diz Gattás.E, se a pedra não sair sozinha, os recursos para fragmentá-la estão mais eficazes. Os aparelhos de endoscopia usados com o laser, por exemplo, estão cada vez mais flexíveis, o que permite que atinjam cálculos localizados no rim. "Antes, só chegávamos a cálculos mais baixos, perto da bexiga", diz o urologista Flávio Trigo Rocha, do núcleo avançado de urologia do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo).Na parte da prevenção, também há o que fazer -e mitos a serem derrubados.
    [?] laticínios e tomate Não são proibidos. Uma adequada quantidade de cálcio (quatro porções ao dia) é necessária para ligar-se ao oxalato no intestino e impedir sua absorção em excesso. O tomate possui muito pouco oxalato e não precisa ser cortado

    "Fui direto para o chão, rolando de dor"A crise renal que a fisioterapeuta Marina Amaro, 26, teve há cerca de um mês começou fraca. "Achei que era uma cólica mens-trual", diz. Mas os sintomas ficaram tão intensos que ela foi "direto para o chão". "Rolei de dor e cheguei ao hospital urrando."Na emergência, nem a morfina fazia efeito. Para ajudá-la a expelir naturalmente o cálculo -que tinha o "tamanho de um grão de feijão e o diâmetro de um grão de arroz"-, os médicos lhe deram alfabloqueadores. "Passei o fim de semana dopada e tomando mais de três litros de água por dia, mas não saiu. Então me internaram e retiraram por dentro da uretra."Dez anos antes, Marina teve o mesmo problema enquanto estava em um hotel-fazenda. "Na cidade vizinha não tinha médico. Deram-me remédio para cólica, mas passei a viagem deitada." Em São Paulo, foi submetida a uma litotripsia.Ela diz que passou a beber mais água. "Agora ando com uma garrafinha para cima e para baixo. Tenho uma no quarto, ou-tra na bolsa, outra no trabalho."


    "Hoje a dor passou e tenho essa história para contar"Quando foi para a Olimpíada de Pequim competir na prova de estrada, o ciclista brasileiro Luciano Pagliarini, 30, tinha a expectativa de ficar entre os dez primeiros colocados. Chegou em 90º lugar, mas se considera um vitorioso e tem recebido tratamento de herói. Também, pudera: foram 250 km -7h e 11 minutos- com um cálculo no ureter esquerdo, causando dor na região apoiada no selim.A primeira cólica, fraca, começou na chegada à Vila Olímpica. Como não havia tempo para retirar a pedra, o jeito foi tomar muita água e "rezar para tudo quanto é santo" para que ela saísse sozinha.Não deu certo, e os médicos recomendaram que ele não competisse. "Eu não aceitei. Era a minha segunda Olimpíada, poderia ser a última. Até cogitava abandonar a prova no meio, mas queria tentar."No dia, Luciano foi medicado contra a dor, dentro dos limites das regras antidoping, e cortou parte da espuma do selim, deixando um buraco no lado esquerdo para diminuir o apoio no lado dolorido.Mesmo assim, a dor foi intensa. "O mais fácil seria ter desistido, mas vi naquilo a oportunidade de fa-zer uma coisa grande. Hoje, a dor já passou e tenho essa história para contar", afirma. Dos 180 ciclistas que largaram, 70 desistiram antes do final.Depois que chegou à Itália, onde mora, Luciano expeliu a pedra do ureter, mas ainda tem outra no rim.

    QUEBRA-PEDRA
    Veja os procedimentos usados para fragmentar ou retirar o cálculoUreteroscopia com ultra-som ou com laser * Introduzido pela uretra, o endoscópio atinge a bexiga e o ureter, o que permite ver a pedra, e é acoplado ao laser ou ao ultrasom, que a fragmentam. Os mais modernos são flexíveis, chegam ao rim e só podem ser usados com o laser. Já os endoscópios semi-rígidos alcançam apenas cálculos mais baixos e podem ser acoplados ao ultra-som ou ao laser. Exige anestesia geral, mas não tem cortes e o paciente pode receber alta até no mesmo dia. Indicado para cálculos não muito grandes (de até 2 cm) Leco (litotripsia extracorpórea por ondas de choque) * O cálculo é fragmentado por um aparelho que emite ondas de choque. Muitas vezes, exige anestesia, são necessárias várias aplicações e cerca de 30% dos pacientes sentem cólica para eli-minar os fragmentos depois -por isso, é muito menos preconizada do que já foi. Indicada para cálculos de até 2 cm, desde que não estejam na parte inferior do rim Cirurgia percutânea * É feita uma pequena incisão na pele, por onde passam endoscópios que chegam ao rim. Os cálculos são removidos ou, no caso de cálculos maiores, fragmentados com laser ou ultra-som e, depois, tirados com pinças. Indicada para cálculos no rim de qualquer tamanho. O paciente recebe anestesia geral e fica internado por dois ou três dias Cirurgia aberta * Feito por um grande corte no abdômen ou na região lombar, é o procedimento mais invasivo. Raramente é indicado, a não ser que não haja solução com os outros métodos. Exige anestesia geral, internação de uma semana e repouso de um mês

    Fontes: urologistas CÁSSIO ANDREONI, FLÁVIO TRIGO e NELSON GATTÁS

    DANDO UMA FORÇA PARA O ORGANISMO
    Além das orientações específicas, envolvendo dieta e medicamentos, há dicas gerais, válidas para quase todos os casos

    BEBA MUITA ÁGUA * É uma das principais medidas preventivas. O recomendado para quem já teve cálculo é urinar dois litros diários, o que significa beber ao menos dois litros e meio de água. Mas, como a indicação varia em função das condições climáticas e do nível de atividade física, o melhor para saber se a ingestão é suficiente é ficar de olho na cor da urina, que deve ser clara

    FUJA DE PROTEÍNA E SAL * O problema não está em comer um bife por dia, mas em exage-rar. Evite especialmente carnes vermelhas. Dietas como Atkins e South Beach, que abusam das proteínas em detrimento dos carboidratos, não são indicadas. E não basta eliminar o saleiro da mesa: diminua o consumo de alimentos industrializados como sopas, molhos e temperos prontos, geralmente ricos em sal

    APOSTE NOS CÍTRICOS * Limão e laranja são ricos em citrato, substância inibidora de cristalização, que ajuda a evitar a formação de cálculos

    EVITE OS SUPLEMENTOS * A vitamina C é metabolizada e transformada em oxalato, prejudicial para quem tem propensão a cálculos. Mas não tem problema consumir frutas e verduras ricas na substância –a quantidade adquirida pela dieta não é prejudicial, ficando em torno de 100 mg diários. Já os suplementos podem ter até 2 g por comprimido e não são recomendados

    CUIDADO COM O CALOR * Um estudo brasileiro com mais de 10 mil funcionários da indústria siderúrgica mostrou que aqueles que trabalham mais próximos a fornos de temperatura elevada têm nove vezes mais chance de formar cálculos renais do que os que trabalham em temperatura ambiente. Isso porque a perda de líquido pelo suor torna a urina concentrada, o que predispõe ao problema. Tomar muito líquido ajuda a prevenir

    Fontes: urologistas CÁSSIO ANDREONI, FLÁVIO TRIGO e NELSON GATTÁS



    PERGUNTAS E RESPOSTAS[?] esporte e isotônico Por estimular a circulação do sangue e a filtração do rim, o esporte é benéfico para quem tem propensão a cálculos, com uma condição: a de que a hidratação seja adequada. O isotônico não forma cálculo, mas não é a melhor bebida para repor os líquidos. Prefira água de coco, que ajuda a evitar cálculos
    1 - POR QUE OS CÁLCULOS SE FORMAM?
    A urina contém partículas de cristal, que são eliminadas e não causam problemas. Quando esses cristais se precipitam e se aglomeram uns nos outros, ocorre a formação de cálculos. Eles são feitos de sais de cálcio, mas há também os de carbonato ou fosfato de cálcio. Há ainda pedras de estruvita, ácido úrico e cistina. Os cálculos se formam devido a alterações do metabolismo, que fazem com que o rim ex-crete maior quantidade de cálcio ou de oxalato na urina.
    2 - HÁ FATORES GENÉTICOS ENVOLVIDOS?
    Sim. É muito comum ter na mesma família pessoas com o problema. Ainda não se sabe exatamente qual gene é o res-ponsável -o provável é que não seja apenas um.
    3 - SÃO MAIS COMUNS EM ALGUMA FAIXA ETÁRIA?
    Os cálculos aparecem com mais freqüência em pessoas jovens, tendo seu pico de incidência na segunda e na terceira décadas de vida. Mas podem atingir crianças.
    4 - QUE TAMANHO PODEM TER?
    Podem ser tão pequenos quanto um grão de areia ou atingir a dimensão de bolas de golfe. O mais comum é que meçam de 3 mm a 1 cm.
    5 - TÊM A VER COM PEDRA NA VESÍCULA?
    Não. Os cálculos na vesícula, ou biliares, são compostos por colesterol. Entre as razões para seu aparecimento, estão defeitos no funcionamento desse órgão, que faz parte das vias biliares, pertencentes ao aparelho digestivo. Pessoas com dieta rica em gordura correm mais risco. Enquanto o cálculo renal sai sozinho ou é retirado, quem tem cálculo biliar precisa retirar a vesícula toda.
    6 - OS CÁLCULOS SEMPRE CAUSAM DOR?
    OS MAIORES DOEM MAIS? Não. A dor ocorre quando a pedra se move do rim para o ureter, que tem de 3 mm a 6 mm. A cólica não decorre da passagem da pedra no canal, mas da obstrução, mesmo que parcial, da passagem da urina, o que causa aumento da pres-são e até dilatação no rim. Esse aumento da pressão no rim é que gera a dor. Ou seja, quando a pedra está parada no rim, costuma ser assintomática. As maiores nem sempre doem mais. Na verdade, as maiores se movimentam me-nos e dão menos dor. Já as pequenas se soltam em direção ao ureter com mais facilidade, causando a obstrução que gera a cólica.
    7 - COMO É A CÓLICA RENAL?
    É súbita, costuma começar nas costas, de um lado só, e não é aliviada com a mudança de posição. Pode irradiar para o testículo, no homem, ou para o grande lábio, na mulher. A dor pode ser intermitente e algumas pessoas vomitam ou têm enjôo. Também há quem urine com freqüência ou fique com a urina escura, devido à presença de sangue. Em alguns casos, pode haver infecção urinária associada, gerando febre e calafrios: essa é uma situação grave, pois há risco de que a infecção se espalhe pelo organismo.
    8 - É VERDADE QUE É A DOR MAIS FORTE QUE EXISTE?
    É considerada uma das mais intensas, com a da pancreatite, a do glaucoma e a do parto. Muitas vezes, exige analgésicos poten-tes, como opióides (entre eles, a morfina). Na hora da crise, o importante é aliviar a dor do paciente e, depois, ver como agir em relação ao cálculo.
    9 - QUAL É A CHANCE DE TER DE NOVO?
    Quem teve um episódio de cálculo renal tem 60% de chance de formar mais um, 30% de ter um terceiro e 10% de ter ainda um quarto -tudo isso em um período de cinco anos.
    10 - QUE EXAMES DEVEM SER FEITOS?
    Ultra-som ou raio-X, mas eles têm limitações: no primeiro, não costumam aparecer cálculos que estão no meio do ureter e, no segundo, pedras de ácido úrico. A tomografia computadorizada é considerada um exame mais completo.
    11 - EM QUE CASOS A PEDRA SAI NATURALMENTE E QUANDO É PRECISO UMA INTERVENÇÃO?
    Cálculos de até 0,5 cm saem sozi-nhos. Os que medem de 0,5 cm a 1 cm podem ou não sair e devem ser acompanhados pelo médico para decidir se é preciso intervir. Os de mais de 1 cm raramente saem sozinhos. No caso de cálculos maiores, deve-se recorrer a procedimentos intervencionistas quando existe alguma complicação ou quando não se consegue controlar a dor do paciente.
    12 - A PESSOA DEVE GUARDAR A PEDRA?
    O ideal é que sim, para que sua composição seja avaliada, o que ajuda a detectar por que houve a formação do cálculo, se há distúrbios metabólicos etc. O problema é que, segundo a nefrologista Ita Heilberg, as análises químicas que normalmente são feitas são poucos informativas. O ideal seria uma análise cristalográfica, feita por um geólogo, mas ela está disponível em poucos locais -na cidade de São Paulo, por exemplo, não há.
    13 - O QUE É UMA AVALIAÇÃO METABÓLICA?
    É uma análise feita com base em exames de sangue e de urina para verificar se o paciente tem algum desequilíbrio metabólico. Com os resultados, o médico pode propor um tratamento individualizado para prevenir novas pedras -em alguns casos, são indicados remédios para corrigir o problema. Crianças, pacientes que só têm um rim e pessoas com cálculos recorrentes ou história familiar significativa do problema são alguns dos candidatos à avaliação.
    14 - QUE COMPLICAÇÕES O CÁLCULO PODE CAUSAR?
    Quando um cálculo obstrutivo se associa a uma infecção do trato urinário, pode ocorrer um tipo de infecção chamado pielonefrite aguda, que, em alguns casos, leva à morte. Em cálculos grandes nos quais o tratamento não é completo, pode ocorrer obstrução do ureter por fragmentos da pedra, que, se prolongada, pode até levar à atrofia do rim.
    15 - CHÁ DE QUEBRA-PEDRA E PEDRIM FUNCIONAM?
    O Pedrim, ou essência de terebentina, é um anti-séptico urinário e, segundo os especialistas, não há estudos provando que tenha efeito contra cálculos renais. Já o popular chá de quebra-pedra, ou Phyllanthus niruri, não "quebra" o cálculo, mas, segundo estudos da Unifesp, há indícios de que ele pode dilatar o ureter, facilitando a eliminação das pedras. Pesquisas em ratos e em células mostram também que ele inibe a agregação de cristais, fazendo o cálculo crescer menos. E já foi provado que a planta não é tóxica. O único problema é saber se o que se toma é mesmo o chá de quebra-pedra -é difícil ter garantia sobre a procedência nesses casos.

    Fontes: CÁSSIO ANDREONI, urologista do Hospital Albert Einstein e da Unifesp; CLÁUDIO BRESCIANI, gastrocirurgião do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; FLÁVIO TRIGO ROCHA, do núcleo avançado de urologia do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital das Clínicas da USP; ITA PFEFERMAN HEILBERG, professora da disciplina de nefrologia e coordenadora do Ambulatório de Litíase da Unifesp; NELSON GATTÁS, coordenador do comitê de litíase da Sociedade Brasileira de Urologia e professor da Unifesp


    FONTE: EQUILIBRIO (Jornal Folha de São Paulo)

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1109200812.htm

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