quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Ouço os teus passos, Tagore



"Ouço os teus passos, Senhor, na praia da minha vida;
No solitário silêncio, no ar do Verão, os planetas e as estrelas do céu fitam com fixo olhar.

A corrente do pensamento flui gentilmente, gentilmente no meu coração.

Os meus olhos estão vigilantes como pássaros sedentos.

Abri os ouvidos nas profundezas do meu coração.

Em que abençoada manhã desfalecerás no tabernáculo da minha alma?

Esquecerei toda a alegria e toda a dor, mergulhado nas águas da felicidade."

Rabindranath Tagore, poeta, romancista, músico e dramaturgo indiano (1861 - 1941).

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

É preciso restituir às crianças, Lydia Hortélio




"Acho que estamos com saudades de nós mesmos, do Brasil e da infância. É preciso restituir às crianças, o espaço da natureza a que tem direito. Se você não permite o desenvolvimento da criança não há futuro. A espécie tende a desaparecer."  

Lydia Hortélio, etnomusicóloga e educadora brasileira.

Frases de Lydia Hortélio

“Se a humanidade tem futuro, ela vai retomar por aí: pela infância.”

“Brincar é o maior exercício de liberdade que podemos ter.”

“Levar a brincar é uma tarefa inadiável.”


“A cultura da criança é a cultura da alma. Os meninos têm a alma na frente. Depois é que ela vai pra dentro. Vai botando pano, papel, livro em cima.”

“Sonho com o tempo em que poderemos falar em integração nacional através da cultura da criança.”


Saiba mais sobre Lydia Hortélio.
http://www.almanaquebrasil.com.br/personalidades-cultura/6904-e-preciso-brincar-para-afirmar-a-vida.html

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Parece-me fácil viver sem ódio, Jorge Luis Borges



"Parece-me fácil viver sem ódio, coisa que nunca senti, mas viver sem amor acho impossível." 

Jorge Luis Borges

Jorge Luis Borges, escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino. 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A beleza, Lygia Fagundes Telles

imagem google


"...a beleza não está nem na luz da manhã
nem na sombra da noite, está no crepúsculo,
nesse meio tom, nessa incerteza."

Lygia Fagundes Telles

domingo, 27 de outubro de 2013

Se as coisas são inatingíveis, Mário Quintana

Reach for the stars, Cheryl Ehlers

"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!"

Mário Quintana

sábado, 26 de outubro de 2013

As pessoas que amo, Rubem Alves




“Aí comecei a pensar nos homens que tenho no meu coração. Foram todos desajustados e infelizes. Van Gogh, Walter Benjamin e Maiakovski cometeram suicídio. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Então, as pessoas que amo não tinham saúde mental. Não eram ajustadas. Então, por que as amo? Pelas coisas que elas produziram. As pessoas ajustadas são indispensáveis para fazer as máquinas funcionar. Mas só as desajustadas pensam outros mundos.”

Rubem Alves

Fonte: trecho do livro: Ostra Feliz Não Faz Pérola.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Viver, Martin Buber



"Eu não aceito quaisquer fórmulas absolutas para viver. Nenhum código pré-concebido pode ver à frente tudo o que pode acontecer na vida de um homem. Conforme vivemos, crescemos e nossas crenças mudam. Elas devem mudar. Assim, penso que devemos viver com esta constante descoberta. Devemos ser abertos para esta aventura em um grau elevado de consciência de viver. Devemos apostar nossa inteira existência em nossa disposição para explorar e experimentar."

Martin Buber

Martin Buber (Viena, 8 de Fevereiro de 1878 - Jerusalém, 13 de Junho de 1965) era filósofo, escritor e pedagogo, judeu de origem austríaca, e de inspiração sionista. Tinha educação poliglota: em casa aprendeu ídiche e alemão, na escola hebraico, francês e polonês. Sua formação universitária se deu em Viena.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Creio, Clene Salles




Creio em Deus Pai Todo Poderoso e absolutamente em Tudo no Seu Todo, criador dos céus, das estrelas, cometas e planetas, onipotente e onisciente que me faz sincronizar com o Todo.
Creio na Deusa Mãe Terra, toda e absolutamente Poderosa, geradora , criadora  e manifestadora de vida e creio no seu poder infinito  e inesgotável de nutrição.
Creio no Deus Avô Sol, doador generoso de Luz, Vida e Calor.
Creio na Deusa Avó Lua, que dá a todos nós, generosamente o senso de  medida e a sabedoria através de suas fases e ciclos, me dando a consciência de que tudo está em pleno movimento, tudo está em mudança.
Creio na Inteligência Infinita e Universal, que ampara, protege, ensina e sinaliza a todos em qualquer época, tempo ou lugar.
Creio na Benção, Graça, Milagre que movimenta todo o Universo, que atua dentro de mim, que atua dentro e fora, à esquerda e a direita, acima e abaixo e em toda volta.
Creio no Verbo, na Palavra, que dignifica o homem e promove a materialização.
Creio no Sorriso, que se manifesta nos lábios de uma criança, assim como no Sorriso que a Mãe Natureza expressa no desabrochar de uma flor.
Creio na Oração – ORAR em AÇÃO de graça.
Creio na Visão e nos Olhos, sei que recebo através deles o milagre do enxergar.
Creio no Tato, creio na Mão que cura, e na Mão que dá o apoio e força para conduzir na elevação pessoal, psíquica, emocional, material, espiritual.
Creio no Sabor da Nutrição do Néctar do Seio, do Ventre e da Superfície da Mãe Terra que me sacia desde agora e para sempre.
Creio no Aroma, no perfume que me conduz ao deleite da compreensão instintiva – isso me traz a alegria da Cura.
Creio na Audição que ouve a Música manifestada na correnteza do mar e do rio, no sussurro das árvores ao vento, no suspiro do homem no momento de fé no ato de Ação de Graças.
Creio no Pensamento e na minha Mente onde eu crio e vivifico o meu Anjo.

Creio na suavidade da textura daquela pedra que foi arredondada pela força constante e sutil da água do Rio, do Mar ou da Cachoeira.
Creio na força bruta daquela pedra lá na montanha, sei que ela guarda registros, imagens e memórias e irá me trazer alguma sinalização.
Creio naquilo que eu planto, pois sei que Eu através de Deus faço a colheita.
Creio no Perdão, no PER / DOAR.
Creio na Gratidão, na GRAÇA / AÇÃO
Creio no poder da Fé, que dissolve o medo e a culpa.
Creio na Árvore e em toda a sua estabilidade, força e robustez, na verticalidade que liga subtilmente à Terra ao Céu.
Creio nas 4 direções : no Leste – na Iluminação e no Esclarecimento; Sul – na Ancestralidade e na Inocência; Oeste – na Precisão e na Acertividade dos Nossos Objetivos; Norte – na Sabedoria e no Conhecimento.
Creio na Força Talismânica de Proteção, Ensinamento e Sabedoria de todos os seres que nadam, que rastejam, andam, que voam, na sábia Ecologia de tudo que viveu, vive e viverá.
Creio na Prosperidade e na Abundância, na força de multiplicação de tudo, em tudo, por tudo; e que traga conforto e bem estar a Mim, por Mim, através de Mim, por todos os seres queridos que estão a minha volta e a todos os seres que vivem neste Planeta, neste Universo, desde agora e para todo o sempre.

Clene Salles

Escritora, Tradutora


Clene Salles Editorial é uma empresa de comunicação customizada.

Respirar no amor, Osho


O amor é sempre novo. Ele nunca envelhece porque é não-cumulativo, não-armazenador.

O amor não conhece nenhum passado; é sempre fresco, tão fresco como as gotas de orvalho. Ele vive momento a momento, é atômico. Não tem nenhuma continuidade, não conhece nenhuma tradição.

Cada momento ele morre e cada momento ele renasce novamente. É como a respiração: você inspira, você expira; de novo você inspira e expira. Você não o guarda dentro.

Se você segurar a respiração você irá morrer porque ela se tornará viciada, ela se tornará morta. Ela irá perder aquela vitalidade, a qualidade da vida. O mesmo acontece com o amor; ele está respirando; a cada momento ele se renova. Então quando ficamos presos no amor e paramos de respirar, a vida perde toda significância. 

E é isso que está acontecendo com as pessoas: a mente é tão dominante que ela até mesmo influencia o coração e o torna possessivo! O coração não conhece nenhuma possessibilidade, mas a mente o contamina, o envenena.

Então se lembre: apaixone-se pela existência! E deixe que o amor seja como o respirar. Inspire e expire, mas deixe que seja o amor entrando, saindo. Pouco a pouco a cada respiração você precisa criar essa mágica de amor. 

Torne isso uma meditação: quando você expirar, sinta que você está derramando seu amor na existência; quando você inspirar, a existência está derramando seu amor em você. E logo você verá que a qualidade da sua respiração está mudando, assim ela começa a ficar algo totalmente diferente daquilo que você sempre conheceu antes.

Eis porque na Índia a chamamos de o prana da vida, não é apenas respirar, não é somente oxigênio. Algo mais está lá presente, a própria vida.

Osho


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Se, Professor Hermogenes


Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia...

Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...

Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...

Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...
Se algum ressentimento,

Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,

E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou...

Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio...

Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu...

Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia...

Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...

Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim...

Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito...

Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...

Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou...

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos,
Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.


Professor Hermógenes

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O que for a profundeza do teu ser, Brihadaranyaka Upanishad



O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo.
O que for o teu desejo, assim será tua vontade.
O que for a tua vontade, assim serão teus atos.
O que forem teus atos, assim será teu destino.

Brihadaranyaka Upanishad IV, 4.5

domingo, 20 de outubro de 2013

Há uma nova vida, Calvin Coolidge




"Há uma nova vida no solo para cada homem. Há cura nas árvores para mentes cansados e para os nossos espíritos sobrecarregados, há força nos montes, basta levantar os nossos olhos. Lembra-te de que a natureza é a grande restauradora".

Calvin Coolidge

sábado, 19 de outubro de 2013

Se todos fossem iguais a você, Vinicius de Moraes



Vai tua vida,
Teu caminho é de paz e amor
Vai tua vida é uma linda canção de amor
Abre os teus braços
E canta a última esperança
A esperança divina de amar em paz

Se todos fossem iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar,
Uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar,
A sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar
Como o sol,
Como a flor,
Como a luz
Amar sem mentir,
Nem sofrer

Existiria verdade,
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você.

Vinicius de Moraes

Homenagem ao centenário de nascimento.

Vinícius de Moraes, nascido Marcus Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 — Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980) foi um diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro.
Poeta essencialmente lírico, o que lhe renderia a alcunha "poetinha", que lhe teria atribuído Tom Jobim, notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida e suas esposas foram, respectivamente: Beatriz Azevedo de Melo (mais conhecida como Tati de Moraes), Regina Pederneiras, Lila Bôscoli, Maria Lúcia Proença, Nelita de Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues Santamaria (a Martita) e Gilda de Queirós Mattoso.

Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Vinicius_de_Moraes

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O que é sucesso? Ralph Waldo Emerson



"Rir muito e com frequência; ganhar o respeito de pessoas inteligentes e o afeto das crianças; merecer a consideração de críticos honestos e suportar a traição de falsos amigos; apreciar a beleza, encontrar o melhor nos outros; deixar o mundo um pouco melhor, seja por uma saudável criança, um canteiro de jardim ou uma redimida condição social; saber que ao menos uma vida respirou mais fácil porque você viveu.
Isto é ter sucesso."

Ralph Waldo Emerson

Colaboração de Ana Paula Tosi

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Um pouco de silêncio, Lya Luft



Então, por favor, me dêem isso: um pouco de silêncio bom para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos. 
 
Lya Luft

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Primeiro a magia da história, depois a magia do bê-á-bá, Rubem Alves



Se fosse ensinar a uma criança a arte da jardinagem, não começaria com as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Levaria a passear por parques e jardins, mostraria flores e árvores, falaria sobre suas maravilhosas simetrias e perfumes; levaria a livrarias, para que ela visse, nos livros de arte, jardins de outras partes do mundo. Aí, seduzida pela beleza dos jardins, ela me pediria para ensinar-lhe as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. 

Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical.
A experiência da beleza tem de vir antes. 

Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura não começaria com as letras e as sílabas. Simplesmente leria as histórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela quereria que eu lhe ensinasse o segredo que transforma letras e sílabas em histórias. É assim. É muito simples.

Rubem Alves

Fonte: Almanaque da Cultura Popular

Homenagem pelo dia 15 de outubro - Dia dos Professores, Mestres, Educadores.

Curiosidade
No dia 15 de outubro de 1827, Pedro I, Imperador do Brasil baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, "todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras". Esse decreto falava de bastante coisa: descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A ideia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima - caso tivesse sido cumprida.
Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia efetivamente dedicado ao professor.

Começou em São Paulo, em uma pequena escola no número 1520 da Rua Augusta, onde existia o Ginásio Caetano de Campos, conhecido como "Caetaninho". O longo período letivo do segundo semestre ia de 1 de junho a 15 de dezembro, com apenas dez dias de férias em todo este período. Quatro professores tiveram a ideia de organizar um dia de parada para se evitar a estafa – e também de congraçamento e análise de rumos para o restante do ano.
O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro, data em que, na sua cidade natal, Piracicaba, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização. A sugestão foi aceita e a comemoração teve presença maciça - inclusive dos pais. O discurso do professor Becker, além de ratificar a ideia de se manter na data um encontro anual, ficou famoso pela frase " Professor é profissão. Educador é missão". Com a participação dos professores Alfredo Gomes, Antônio Pereira e Claudino Busko, a ideia estava lançada.

A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. O Decreto definia a essência e razão do feriado: "Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias".


"Professor é profissão. Educador é missão." 
Professor Salomão Becker

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Ninguém jamais viu, William S. Burroughs

Paul Gauguin - Portrait of Van Gogh, Painting, 1888.


“Os artistas tem que conseguir ver alguma coisa que as outras pessoas não veem e, por serem capazes de ver, fazer isso visível para os outros, numa tela ou numa página. Ninguém jamais viu os girassóis da mesma maneira depois de Van Gogh. A arte cria novos valores e novos modos de ver, novas percepções. A função do escritor, de qualquer artista, é tornar as pessoas mais conscientes do que elas sabem, mas não sabem que sabem. É fazer as pessoas verem o que elas estão olhando, mas não estão vendo.” 

William S. Burroughs

William Seward Burroughs II (5 de fevereiro de 1914 – 2 de agosto de 1997) foi um escritor, pintor e crítico social nascido nos Estados Unidos da América.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Que a importância, Manoel de Barros

arte de Jun Kumaori

"Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós."

Manoel de Barros

domingo, 13 de outubro de 2013

Aproveite o piquenique, Chagdud Tulku Rinpoche



"A vida é como um piquenique em uma tarde de domingo — ela não dura muito tempo. Só olhar o sol, sentir o perfume das flores ou respirar o ar puro já é uma alegria. Mas se tudo o que fazemos é ficar discutindo onde pôr a toalha, quem vai sentar em que canto, quem vai ficar com o peito ou a coxa do frango…, que desperdício! Mais cedo ou mais tarde o tempo fecha, a tarde cai e o piquenique acaba. E tudo o que fizemos foi ficar discutindo e implicando uns com os outros. Pense em tudo que se perdeu." 

Chagdud Tulku Rinpoche


Fonte: “Portões da Prática Budista“

Colaboração de Michel Seikan

sábado, 12 de outubro de 2013

E uma criança pequena os guiará, Rubem Alves


imagem google

A fotografia é simples, apenas um detalhe: duas mãos dadas, uma mão segurando a outra.
Uma delas é grande, a outra, pequena, rechonchuda.
Isso é tudo. Mas a imaginação não se contenta com o fragmento – completa o quadro: é um pai que passeia com seu filhinho.
O pai, adulto, segura com firmeza e ternura a mãozinha da criança: a mãozinha do filho é muito pequena, termina no meio da palma da mão do pai.
O pai vai conduzindo o filho, indicando o caminho, vai apontando para as coisas, mostrando como elas são interessantes, bonitas, engraçadas. O menininho vai sendo apresentado ao mundo.
É assim que as coisas acontecem: os grandes ensinam, os pequenos aprendem.
As crianças nada sabem sobre o mundo.
Também, pudera! Nunca estiveram aqui.
Tudo é novidade.
Alberto Caeiro tem um poema sobre o olhar (dele), que ele diz ser igual ao de uma criança:

O meu olhar é nítido como um girassol.(...)
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo.

O olhar das crianças é pasmado! Vêem o que nunca tinham visto!
Não sabem o nome das coisas.
O pai vai dando os nomes. Aprendendo os nomes, as coisas estranhas vão ficando conhecidas e amigas. Transformam-se num rebanho manso de ovelhas que atendem quando são chamadas.

Quem sabe as coisas são os adultos.
Conhecem o mundo.
Não nasceram sabendo.
Tiveram de aprender. Houve um tempo quando a mãozinha rechonchuda era a deles.
Um outro, de mão grande, os conduziu.
O mais difícil foi aprender quando não havia ninguém que ensinasse.
Tiveram de tatear pelo desconhecido. Erraram muitas vezes.
Foi assim que as rotas e os caminhos foram descobertos.
Já imaginaram os milhares de anos que tiveram de se passar até que os homens aprendessem que certas ervas têm poderes de cura?
Quantas pessoas tiveram de morrer de frio até que os esquimós descobrissem que era possível fabricar casas quentes com o gelo!
E as comidas que comemos, os pratos que nos dão prazer!

Por detrás deles há milênios de experimentos, acidentes felizes, fracassos!
Vejam o fósforo, essa coisa insignificante e mágica: um esfregão e eis o milagre: o fogo na ponta de um pauzinho.
Eu gostaria, um dia, de dar um curso sobre a história de pau de fósforo.
Na sua história há uma enormidade de experimentos e pensamentos.
Ensinar é um ato de amor.
Se as gerações mais velhas não transmitissem o seu conhecimento às gerações mais novas, nós ainda estaríamos na condição dos homens pré-históricos.
Ensinar é o processo pelo qual as gerações mais velhas transmitem às gerações mais novas, como herança, a caixa onde guardam seus mapas e ferramentas.
Assim as crianças não precisam começar da estaca zero.
Ensinam-se os saberes para poupar àqueles que não sabem o tempo e o cansaço do pensamento: saber para não pensar. Não preciso pensar para riscar um pau de fósforo.
Os grandes sabem. As crianças não sabem.
Os grandes ensinam. As crianças aprendem.
Está resumido na fotografia: o de mão grande conduz o de mãozinha pequena.
Esse é o sentido etimológico da palavra “pedagogo”: aquele que conduz as crianças.
Educar é transmitir conhecimentos.
O seu objetivo é fazer com que as crianças deixem de ser crianças.
Ser criança é ignorar, nada saber, estar perdido. Toda criança está perdida no mundo.
A educação existe para que chegue um momento em que ela não esteja mais perdida: a mãozinha de criança tem de se transformar em mãozona de um adulto que não precisa ser conduzido: ele se conduz, ele sabe os caminhos, ele sabe como fazer.
A educação é um progressivo despedir-se da infância.

A pedagogia do meu querido amigo Paulo Freire amaldiçoava aquilo que se denomina ensino “bancário” – os adultos vão “depositando” saberes na cabeça das crianças da mesma forma como depositamos dinheiro num banco.
Mas me parece que é assim mesmo que acontece com os saberes fundamentais: os adultos simplesmente mostram como as coisas são, como as coisas são feitas. Sem razões e explicações.
É assim que os adultos ensinam as crianças a andar, a falar, a dar laço no cordão do sapato, a tomar banho, a descascar laranja, a nadar, a assobiar, a andar de bicicleta, a riscar o fósforo.
Tentar criar “consciência crítica” para essas coisas é tolice.
O adulto mostra como se faz. A criança faz do jeito como o adulto faz.
Imita. Repete.
Mesmo as pedagogias mais generosas, mais cheias de amor e ternura pelas crianças, trabalham sobre esses pressupostos.
Se as crianças precisam ser conduzidas é porque elas não sabem o caminho.
Quando tiverem aprendido os caminhos andarão por conta própria.
Serão adultos.

Todo mundo sabe que as coisas são assim: as crianças nada sabem, quem sabe são os adultos.
Segue-se, então, logicamente, que as crianças são os alunos e os adultos são os professores.
Diferença entre quem sabe e quem não sabe.
Dizer o contrário é puro non-sense.
Porque o contrário seria dizer que as crianças devem ensinar os adultos.
Mas, nesse caso, as crianças teriam um saber que os adultos não têm.
Se já tiveram, perderam... Mas quem levaria a sério tal hipótese?
Pois o Natal é essa absurda inversão pedagógica: os grandes aprendendo dos pequenos.

Um profeta do Antigo Testamento, certamente sem entender o que escrevia – os profetas nunca sabem o que estão dizendo -, resumiu essa pedagogia invertida numa frase curta e maravilhosa: "... e uma criança pequena os guiará" (Isaías 11.6).
Se colocarmos esse mote ao pé da fotografia tudo fica ao contrário: é a criança que vai mostrando o caminho.
O adulto vai sendo conduzido: olhos arregalados, bem abertos, vendo coisas que nunca viu. São as crianças que vêem as coisas – porque elas as vêem sempre pela primeira vez com espanto, com assombro de que elas sejam do jeito como são.
Os adultos, de tanto vê-las, já não as vêem mais.
As coisas – as mais maravilhosas – ficam banais.
Ser adulto é ser cego.

Os filósofos, cientistas e educadores acreditam que as coisas vão ficando cada vez mais claras à medida que o conhecimento cresce.
O conhecimento é a luz que nos faz ver. Os sábios sabem o oposto: existe uma progressiva cegueira das coisas à medida que o seu conhecimento cresce.


“Vale mais a pena ver uma coisa sempre pela primeira vez que conhecê-la.
Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez...” As crianças nos fazem ver “a eterna novidade do mundo...” Fernando Pessoa

Janucz Korczak, um dos grandes educadores do século XX – foi voluntariamente com as crianças da sua escola para a câmara de gás de um campo de concentração nazista -, deu, a um dos seus livros, o título: Quando eu voltar a ser criança.
Ele sabia das coisas.
Era sábio.

Lição da psicanálise: os cientistas e os filósofos vêem o lado direito.
Os sábios vêem os avesso.
O avesso é este: os adultos são os alunos; as crianças são os mestres.
Por isso os magos, sábios, deram por encerrada a sua jornada ao encontrarem um menininho numa estrebaria...
No Natal todos os adultos rezam a reza mais sábia de todas, escrita pela Adélia Prado:

“Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande...”.

Rubens Alves

Fonte: O amor que acende a lua, Rubem Alves - Editora Papirus, 3ª edição - 2003.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Ternura, Mia Couto



"Não é a casa que nos abriga
nós é que abrigamos a casa,
pois é a ternura que sustenta o teto."

Mia Couto

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Deus dá a todos uma estrela, Helena Kolody




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"Deus dá a todos uma estrela.
Uns fazem da estrela um sol.
Outros nem conseguem vê-la."

Helena Kolody

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A vida, Adélia Prado

Kissing sailor, VJ Day in Times Square, 14/08/1945


“A vida é muito bonita, 
basta um beijo 
e a delicada engrenagem movimenta-se, 
uma necessidade cósmica nos protege.” 

Adélia Prado

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O tempo, Mário Lago

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"Fiz um acordo pacífico com o tempo: 
Nem ele me persegue, 
nem eu fujo dele, 
um dia a gente se encontra."

Mário Lago

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Sinfonia das árvores, Rubem Alves

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Thoreau, que amava muito a natureza, escreveu que se um homem resolver viver nas matas para gozar o mistério da vida selvagem será considerado pessoa estranha ou talvez louca. Se, ao contrário, se se puser a cortar as árvores para transformá-las em dinheiro (muito embora vá deixando a desolação por onde passa), será tido como homem trabalhador e responsável.
Lembrei-me disso ao ver um ipê rosa florido. A beleza era tão grande que fiquei ali parado, olhando sua copa contra o céu azul. Os homens normais, encerrados em suas pequenas bolhas metálicas rodantes, devem ter imaginado que não funciono bem.
Gosto dos ipês de forma especial. Questão de afinidade. Alegram-se em fazer as coisas ao contrário. As outras árvores fazem o que é normal abrem-se para o amor na primavera, quando o clima é ameno e o verão está pra chegar, com seu calor e chuvas. O ipê faz amor justo quando o Inverno chega, e a sua copa florida é uma despudorada e triunfante exaltação do cio.
Conheci os ipês na minha infância, em Minas, os pastos queimados pela geada, a poeira subindo das estradas secas e, no meio dos campos, os ipês solitários, colorindo o inverno de alegria, O tempo era diferente, moroso como as vacas que voltam em fim de tarde. As coisas andavam ao ritmo da própria vida, nos seus giros naturais. Mas agora, de repente, esta árvore de outros espaços irrompe no meio do asfalto, pincela a cidade com outras cores, interrompe o tempo urbano de semáforos, buzinas e ultrapassagens, e eu tenho de parar ante esta aparição de um outro mundo. Como aconteceu com Moisés, que pastoreava os rebanhos do sogro, e viu um arbusto pegando fogo, sem se consumir. Ao se aproximar para ver melhor, ouviu uma voz que dizia: “Tira as sandálias dos teus pés, pois a terra em que pisas é santa”. Acho que não foi sarça ardente. Deve ter sido um ipê florido. De fato, algo arde, sem queimar, não na árvore, mas na alma. E concluo que o escritor sagrado estava certo. Também eu acho sacrilégio chegar perto e pisar as milhares de flores caídas, tão lindas, agonizantes, tendo já cumprido sua vocação de amor.
Mas sei que o espaço urbano pensa diferente. O que é milagre para alguns é canseira para a vassoura de outros. Melhor o cimento limpo que a copa colorida. Lembro-me de um pé de ipê, indefeso, com sua casca cortada a toda volta. Meses depois, estava morto, seco. Mas não importa. O ritual de amor no inverno espalhará sementes pela terra e a vida triunfará sobre a morte, o verde arrebentará o asfalto. A despeito de toda a nossa loucura, os ipês continuam fiéis à sua vocação de beleza, e nos esperarão tranqüilos. Ainda haverá de vir um tempo em que os homens e a natureza conviverão em harmonia.
Agora são os ipês rosa. Depois virão os amarelos. Por fim, os brancos.
Cada um dizendo uma coisa diferente. Três partes de uma brincadeira musical, que certamente teria sido composta por Vivaldi ou Mozart, se tivessem vivido aqui.
Primeiro movimento, “Ipê Rosa”, andante tranquilo, como o coral de Bach que descreve as ovelhas pastando. Ouve-se o som rural do órgão.
Segundo movimento, “Ipê Amarelo”, rondo vivace, em que os metais, cores parecidas com as do ipê, fazem soar a exuberância da vida.
Terceiro movimento, “Ipê Branco”, moderato, em que os violoncelos falam de paz e esperança.
Penso que os ipês são uma metáfora do que poderíamos ser. Seria bom se pudéssemos nos abrir para o amor no Inverno…
Corra o risco de ser considerado louco: vá visitar os ipês. E diga-lhes que eles tornam o seu mundo mais belo. Eles nem o ouvirão e não responderão. Estão muito ocupados com o tempo de amar, que é tão curto. Quem sabe acontecerá com você o que aconteceu com Moisés, e sentirá que ali resplandece a glória divina.

Rubem Alves

Fonte: Livro Música da Natureza

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