Rubem Alves e Elo Teixeira
Hoje é aniversario do Rubem Alves! (15/09)
Alooooooooha Rubem Alves, meu amigo, amor do coração!
Te mando, desde cedo, um abraço que vou te dar hoje a noite pessoalmente. Um abraço de alegria por voce estar na minha vida e na vida de tantos e tanto e tantos que , atraves da sua obra, abrem os olhos do coraçao para ver além....
Aqui – como convém aos mortais –
Tudo é divino
E a pintura embriaga mais
Do
que o próprio vinho.
(Sophia Andresen)
O Rubem é meu amigo e me abriu portas lá onde eu nem sabia que havia portas, que nem diz Joseph Campbell. Desde quando o conheci através de seus livros , durante o curso de Filosofia. Depois, era ele que eu adorava levar pra sala de aula para os meus alunos. Eram suas idéias e seu jeito diferente de fazer pensar o já pensado, e do seu jeito de pensar coisas que ninguém pensava que eu e eles mais gostávamos de misturar às nossas reflexões.
Rubem é uma chave. Sua obra abre portas e portinholas e portões dentro da gente. Uma chave que tem um segredo que vira pra lá, vira pra cá e sempre acha um jeito de destrancar coisas ou lembranças, ou janelas, ou gavetas, ou caixinhas ou baús dentro dos nossos arquivos. Pode parecer que não é lá uma coisa muito boa de se fazer sem pedir licença, mas ele faz assim mesmo. Ele é um pastor. Sabe tocar o sino vespertino, carregando no bolso do paletó vermelho a homilia preparada pela Vida. É canoeiro que nem eu, de nascença. Nele, o rio me leva a encontrar em mim mesma uma eu, que nem sabia que estava lá. E ele me ouve e se diverte comigo. Eu tenho o maior amor por ele.
(1989)
*
Há muitos anos atrás eu soube, pela Abigail Bonas, que o Professor Rubem Alves reunia um grupo de pessoas nas terças-feiras a noite para ler e falar sobre Poesia e Psicanálise. A poesia sempre estivera presente na minha vida, desde menina, mas a psicanálise se reservava apenas a intensas leituras, muita intuição e uma curta experiência de divã que só fez me preparar para o que viria depois.
Minha área era a Filosofia e fiquei pensando o que faria lá no meio de psicanalistas. Com certeza ficaria calada, escutando. Se conseguisse, é claro.
Conhecia a obra de Rubem Alves e queria conhecê-lo. Tive medo. Aquela coisa de conhecer a obra e depois vir a conhecer o autor e descobrir que ele não tem nada a ver com o meu olhar sobre ele. O que realmente às vezes acontece. Mas resolvi arriscar, afinal ele escrevia sobre o que eu mesma acreditava e esse sentimento de afinidade foi maior que qualquer constrangimento. Foi o que fiz, com sucesso. A aventura se transformou numa ventura.
Liguei pra casa dele. Ele atendeu. Não, o grupo não era só de psicanalistas, todos seriam bem-vindos. Ele estava abrindo o grupo para todos os que gostassem de poesia principalmente. Era Dezembro de 1994 e ele me pediu que voltasse a ligar no final de Janeiro de 95, quando voltariam a se reunir.
Descobri que sua secretária na época era uma colega, contemporânea da faculdade de Filosofia, a Maria Inês, e que uma grande amiga, Ana Gedeão, minha primeira terapeuta, freqüentava o grupo. Eu não estava mais só naquela aventura. E para minha alegria, quando entrei na sala , da primeira vez, vi a Regina Sarmento, que me sorriu aquele sorriso dela, manso e acolhedor. Nunca mais perdi a Rê de vista. Mesmo quando estou longe dela, estou perto. Regina é outro amor da minha vida.
O grupo era grande, umas vinte pessoas que eu chamei de “fixas” e outras poucas, que apareciam uma ou outra vez, as “flutuantes”. Psicanalistas, biólogos, médicos, engenheiros, poetas, psicólogos, artistas, donas de casa, estudantes de várias áreas, pessoas de quem sabia o primeiro nome, a área em que se encontravam e as idéias que expunham. Mais o som das risadas, o brilho dos olhos, o jeito de chegar e ser. Da Filosofia, o Rubem, e eu.
Lemos Fernando Pessoa o ano inteiro. Sentimos Pessoa o ano inteiro. Encontros sobre versos que nos escavavam em silêncios, risos e lágrimas. Sem regras determinadas ou caminhos escolhidos, a percepção de um e outro sobre os poemas, enriquecia o olhar de todos. E eu seguia espiral acima. A poesia de guia. Um grupo entusiasmado e alegre. E muito amoroso.
Durante o ano de 1996 eu continuei com as anotações que fazia nos nossos encontros, desde o começo. Precisava delas, ávida da releitura que fazia durante a semana para não perder aquela trilha poética que me devolvia a mim mesma , quando tantas coisas de ordem pessoal e doméstica, naquela época, me empurravam na direção contrária. No final do ano resolvi digitar as anotações e dar cópias delas aos meus amigos, como presente de natal. A Cris sempre me lembra que precisamos publicar essas anotações... uma viagem...
Já tínhamos mudado o local dos nossos encontros para a casa que o Rubem reformara e onde estava morando, atrás do Seminário Presbiteriano de Campinas. Inauguramos o Restaurante Dali e já éramos Os Canoeiros, nome que surgiu após o encontro do dia 15 de Setembro de 1996, dia do aniversário de Rubem Alves. Por causa do texto de Guimarães Rosa que estávamos lendo nos últimos encontros, “A Terceira Margem do Rio”. O texto nos arrebatou. Ficamos pregados ali, viramos os habitantes da Terceira Margem. Viramos Os Canoeiros da Terceira Margem do rio. Éramos os canoeiros, as margens, e éramos o rio. Na palavra poética. Porque a palavra poética é tudo o que pode ser dito além do silêncio.
Naquele ano continuamos mergulhando em Fernando Pessoa, e outros poetas e escritores que foram chegando através dos caminhos pessoais. A poesia, uma pintaçao de quadro, dizia o Rubem... Adélia Prado, Cecília Meireles, Mario Quintana, Otavio Paz, Sophia Andresen,... E de lá pra cá nos aventuramos por muitos outros mais. Trouxemos a Adélia uma vez para Campinas e a Regina e eu nunca nos divertimos tanto, fazendo a maior festa com a nossa poeta preferida.
Amor é a coisa mais alegre
Amor é a coisa mais triste
Amor é a coisa que mais quero.
Por causa dele falo palavras como lanças.
Amor é a coisa mais alegre
Amor é a coisa mais triste
Amor é a coisa que mais quero.
Por causa dele podem entalhar-me,
sou de pedra sabão.
Alegre ou triste,
Amor é a coisa que mais quero.
Adélia Prado
Rubem sempre preparou para nós uma sopa caprichada, vinho e pão, e isso era uma ceia em torno de uma fogueira de versos, sentimentos e caminhos, aos meus olhos.
Os Canoeiros fizeram algumas viagens para Pocinhos do Rio Verde em Minas Gerais, onde Rubem Alves tinha um sítio, e para Águas de São Pedro, onde a canoeira Izabel tem uma chácara. Do grupo surgiu a Agenda Rubem Alves, idéia da Izabel, encontros maravilhosos com Adélia Prado, jantares memoráveis e muita alegria para todos. Uma vez fomos para Portugal no lançamento do livro do Rubem sobre a Escola da Ponte pela qual ele tinha se apaixonado.
Cris Mattoso, Lenir Santos, Maria Olimpia Nogueira, Elba Mantovanelli... Um momento numinoso dessa minha existência, aqueles dias na Escola da Ponte, na Vila das Aves, em Famalicão...
Os Canoeiros conheceram Carlos Rodrigues Brandão, um belo amigo do Rubem que ficou nosso amigo também... Antropólogo respeitado e respeitador dos valores essenciais da vida, da beleza e da humanidade em cada um de nós. E um poeta raro.
Essa gente tropeira
e saltimbanca
pensa que Deus
se escuta no rumor
das trombetas, entre os reis.
Ontem eu ouvi Deus.
Ele passou no vento
que não moveu uma palha
uma flor.
Almoçamos juntos de vez em quando, hoje em dia, e nos abraçamos muito qdo nos encontramos em alguns aniversarios... Hoje vamos nos encontrar na casa da Gracinha, em Valinhos, pra celebrar esse homem que tocou profundamente as nossas vidas e a cada encontro habita ainda mais , com todo amor, o nosso coraçao: Rubem Alves!
Aeeeeeeeee Rubem Alves ! Parabens !
Os Canoeiros da Terceira Margem do Rio, um livro vivo, é parte da obra de Rubem Alves. Obra cuja profundidade, liberdade e beleza inspira e incentiva a uma vida vivida com sabedoria, simplicidade e principalmente na alegria.
Namaste, amigo lindo! Namaste!
Todas as bençãos e Luz sobre você! O melhor da Graça Divina sobre sua Vida!
(Sophia Andresen)
O Rubem é meu amigo e me abriu portas lá onde eu nem sabia que havia portas, que nem diz Joseph Campbell. Desde quando o conheci através de seus livros , durante o curso de Filosofia. Depois, era ele que eu adorava levar pra sala de aula para os meus alunos. Eram suas idéias e seu jeito diferente de fazer pensar o já pensado, e do seu jeito de pensar coisas que ninguém pensava que eu e eles mais gostávamos de misturar às nossas reflexões.
Rubem é uma chave. Sua obra abre portas e portinholas e portões dentro da gente. Uma chave que tem um segredo que vira pra lá, vira pra cá e sempre acha um jeito de destrancar coisas ou lembranças, ou janelas, ou gavetas, ou caixinhas ou baús dentro dos nossos arquivos. Pode parecer que não é lá uma coisa muito boa de se fazer sem pedir licença, mas ele faz assim mesmo. Ele é um pastor. Sabe tocar o sino vespertino, carregando no bolso do paletó vermelho a homilia preparada pela Vida. É canoeiro que nem eu, de nascença. Nele, o rio me leva a encontrar em mim mesma uma eu, que nem sabia que estava lá. E ele me ouve e se diverte comigo. Eu tenho o maior amor por ele.
(1989)
*
Há muitos anos atrás eu soube, pela Abigail Bonas, que o Professor Rubem Alves reunia um grupo de pessoas nas terças-feiras a noite para ler e falar sobre Poesia e Psicanálise. A poesia sempre estivera presente na minha vida, desde menina, mas a psicanálise se reservava apenas a intensas leituras, muita intuição e uma curta experiência de divã que só fez me preparar para o que viria depois.
Minha área era a Filosofia e fiquei pensando o que faria lá no meio de psicanalistas. Com certeza ficaria calada, escutando. Se conseguisse, é claro.
Conhecia a obra de Rubem Alves e queria conhecê-lo. Tive medo. Aquela coisa de conhecer a obra e depois vir a conhecer o autor e descobrir que ele não tem nada a ver com o meu olhar sobre ele. O que realmente às vezes acontece. Mas resolvi arriscar, afinal ele escrevia sobre o que eu mesma acreditava e esse sentimento de afinidade foi maior que qualquer constrangimento. Foi o que fiz, com sucesso. A aventura se transformou numa ventura.
Liguei pra casa dele. Ele atendeu. Não, o grupo não era só de psicanalistas, todos seriam bem-vindos. Ele estava abrindo o grupo para todos os que gostassem de poesia principalmente. Era Dezembro de 1994 e ele me pediu que voltasse a ligar no final de Janeiro de 95, quando voltariam a se reunir.
Descobri que sua secretária na época era uma colega, contemporânea da faculdade de Filosofia, a Maria Inês, e que uma grande amiga, Ana Gedeão, minha primeira terapeuta, freqüentava o grupo. Eu não estava mais só naquela aventura. E para minha alegria, quando entrei na sala , da primeira vez, vi a Regina Sarmento, que me sorriu aquele sorriso dela, manso e acolhedor. Nunca mais perdi a Rê de vista. Mesmo quando estou longe dela, estou perto. Regina é outro amor da minha vida.
O grupo era grande, umas vinte pessoas que eu chamei de “fixas” e outras poucas, que apareciam uma ou outra vez, as “flutuantes”. Psicanalistas, biólogos, médicos, engenheiros, poetas, psicólogos, artistas, donas de casa, estudantes de várias áreas, pessoas de quem sabia o primeiro nome, a área em que se encontravam e as idéias que expunham. Mais o som das risadas, o brilho dos olhos, o jeito de chegar e ser. Da Filosofia, o Rubem, e eu.
Lemos Fernando Pessoa o ano inteiro. Sentimos Pessoa o ano inteiro. Encontros sobre versos que nos escavavam em silêncios, risos e lágrimas. Sem regras determinadas ou caminhos escolhidos, a percepção de um e outro sobre os poemas, enriquecia o olhar de todos. E eu seguia espiral acima. A poesia de guia. Um grupo entusiasmado e alegre. E muito amoroso.
Durante o ano de 1996 eu continuei com as anotações que fazia nos nossos encontros, desde o começo. Precisava delas, ávida da releitura que fazia durante a semana para não perder aquela trilha poética que me devolvia a mim mesma , quando tantas coisas de ordem pessoal e doméstica, naquela época, me empurravam na direção contrária. No final do ano resolvi digitar as anotações e dar cópias delas aos meus amigos, como presente de natal. A Cris sempre me lembra que precisamos publicar essas anotações... uma viagem...
Já tínhamos mudado o local dos nossos encontros para a casa que o Rubem reformara e onde estava morando, atrás do Seminário Presbiteriano de Campinas. Inauguramos o Restaurante Dali e já éramos Os Canoeiros, nome que surgiu após o encontro do dia 15 de Setembro de 1996, dia do aniversário de Rubem Alves. Por causa do texto de Guimarães Rosa que estávamos lendo nos últimos encontros, “A Terceira Margem do Rio”. O texto nos arrebatou. Ficamos pregados ali, viramos os habitantes da Terceira Margem. Viramos Os Canoeiros da Terceira Margem do rio. Éramos os canoeiros, as margens, e éramos o rio. Na palavra poética. Porque a palavra poética é tudo o que pode ser dito além do silêncio.
Naquele ano continuamos mergulhando em Fernando Pessoa, e outros poetas e escritores que foram chegando através dos caminhos pessoais. A poesia, uma pintaçao de quadro, dizia o Rubem... Adélia Prado, Cecília Meireles, Mario Quintana, Otavio Paz, Sophia Andresen,... E de lá pra cá nos aventuramos por muitos outros mais. Trouxemos a Adélia uma vez para Campinas e a Regina e eu nunca nos divertimos tanto, fazendo a maior festa com a nossa poeta preferida.
Amor é a coisa mais alegre
Amor é a coisa mais triste
Amor é a coisa que mais quero.
Por causa dele falo palavras como lanças.
Amor é a coisa mais alegre
Amor é a coisa mais triste
Amor é a coisa que mais quero.
Por causa dele podem entalhar-me,
sou de pedra sabão.
Alegre ou triste,
Amor é a coisa que mais quero.
Adélia Prado
Rubem sempre preparou para nós uma sopa caprichada, vinho e pão, e isso era uma ceia em torno de uma fogueira de versos, sentimentos e caminhos, aos meus olhos.
Os Canoeiros fizeram algumas viagens para Pocinhos do Rio Verde em Minas Gerais, onde Rubem Alves tinha um sítio, e para Águas de São Pedro, onde a canoeira Izabel tem uma chácara. Do grupo surgiu a Agenda Rubem Alves, idéia da Izabel, encontros maravilhosos com Adélia Prado, jantares memoráveis e muita alegria para todos. Uma vez fomos para Portugal no lançamento do livro do Rubem sobre a Escola da Ponte pela qual ele tinha se apaixonado.
Cris Mattoso, Lenir Santos, Maria Olimpia Nogueira, Elba Mantovanelli... Um momento numinoso dessa minha existência, aqueles dias na Escola da Ponte, na Vila das Aves, em Famalicão...
Os Canoeiros conheceram Carlos Rodrigues Brandão, um belo amigo do Rubem que ficou nosso amigo também... Antropólogo respeitado e respeitador dos valores essenciais da vida, da beleza e da humanidade em cada um de nós. E um poeta raro.
Essa gente tropeira
e saltimbanca
pensa que Deus
se escuta no rumor
das trombetas, entre os reis.
Ontem eu ouvi Deus.
Ele passou no vento
que não moveu uma palha
uma flor.
Almoçamos juntos de vez em quando, hoje em dia, e nos abraçamos muito qdo nos encontramos em alguns aniversarios... Hoje vamos nos encontrar na casa da Gracinha, em Valinhos, pra celebrar esse homem que tocou profundamente as nossas vidas e a cada encontro habita ainda mais , com todo amor, o nosso coraçao: Rubem Alves!
Aeeeeeeeee Rubem Alves ! Parabens !
Os Canoeiros da Terceira Margem do Rio, um livro vivo, é parte da obra de Rubem Alves. Obra cuja profundidade, liberdade e beleza inspira e incentiva a uma vida vivida com sabedoria, simplicidade e principalmente na alegria.
Namaste, amigo lindo! Namaste!
Todas as bençãos e Luz sobre você! O melhor da Graça Divina sobre sua Vida!
Elo Teixeira
https://www.facebook.com/elo.teixeira.3
Olá, boa tarde! Estou em Governador Valadares e sou leitor do Rubem Alves. Gostaria de saber o email dele ou algum meio de contato para trazê-lo para falar a um grupo de professores de uma rede nacional de ensino. Tenho enviado emails para um contato que me foi passado mas não tenho obtido respostas. É ele mesmo quem responde ou há alguém que administra o email por ele? Sou pedagogo, músico (pianista) e teólogo. Você poderia me ajudar neste sentido? Obrigado pela atenção e disposição. Paz!
ResponderExcluirOlá. Ontem eu escrevi um comentário pedindo informações do contato com o Rubem, mas não deixei nenhum contato meu. Ficará difícil assim, não é? Meu email é: haese.cristian@gmail.com - Obrigado!
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