“A beleza ainda me emociona muito. Não só a beleza física, mas a beleza natural. Hoje, com quase oitenta e cinco anos, tenho uma visão da natureza muito mais rica do que eu tinha quando era jovem. Eu reparava mais em certas formas de beleza. Mas, hoje, a natureza, para mim, é um repertório surpreendente de coisas magníficas e coisas belas. Contemplar o vôo do pássaro, contemplar uma pomba ou uma rolinha que pousa na minha janela... Fico estático vendo a maravilha que é aquele bichinho que voou para cima de mim, à procura de comida ou de nem sei o quê. A inter-relação dos seres vivos e a integração dos seres vivos no meio natural, para mim, é uma coisa que considero sublime.”
Fonte: Prosa Seleta, Carlos Drummond de Andrade, Ed. Nova Aguilar, 2006.
Carlos Drummond de Andrade, (Itabira, MG, 31 de outubro de 1902 - Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987). É Considerado um dos principais poetas da Literatura Brasileira devido à repercussão e alcance de suas obras. Nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória viria permear parte de sua obra. Posteriormente, foi estudar em Belo Horizonte e Nova Friburgo. Formado em Farmácia, com Emílio de Moura e outros companheiros fundou "A Revista" para divulgar o Modernismo no Brasil. Durante a maior parte de sua vida foi funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e prosseguindo até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua única filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade. Além de poesia, produziu livros infantis, contos e crônicas.
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