sexta-feira, 19 de abril de 2013

A Águia e o Índio, Leonardo Boff


 imagem google

Encontrei certa vez um naturalista que muito sabia de águias. Contei-lhe a história de James Aggrey. Ele ficou entusiasmado com a elegância da narração.
Disse-lhe eu: ela bem se aplica à condição humana; mas, para tanto, será
necessário enriquecê-la com mais detalhes, para torná-la mais desafiadora e
fecunda. Aproveitei a presença do naturalista para colher o maior número possível de dados
sobre as águias.
Foi então que ele me falou por mais de duas horas sobre elas. Quantos tipos de águias existem. Onde vivem. Como são seus hábitos. Como se enamoram. Como criam os filhotes. E como terminam seus dias.
Falou-me da águia brasileira, Harpia harpyja, chamada pelos índios de uiraçue canoho, outrora senhora dos ares. Hoje, acuada pelo desmatamento selvagem, sobrevive nas florestas acima da linha do equador, na região amazônica. Ela é imponente, com um disco facial de penas e um soberbo cocar por sobre a cabeça, que se eriça ao menor ruído, conferindo-lhe majestade imperial. Este cocar é imitado pelos chefes indígenas, que desta forma querem simbolicamente reforçar sua autoridade.



Leonardo Boff

Trecho do livro: "A águia e a galinha", de Leonardo Boff página 11, capítulo A águia cativa e libertada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Printfriendly