sexta-feira, 12 de junho de 2015

Te amo sem saber, Pablo Neruda

O Beijo (1888-1889) de Auguste Rodin,
 escultura em mármore. Museu Rodin, Paris.

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma. 

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta a luz daquelas flores, 
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, 
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira, 

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda

In: Soneto XVII, Livro: Cem Sonetos de Amor, Pablo Neruda, L&PM Pocket página 23.



HOMENAGEM AO DIA DOS NAMORADOS

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