sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Eu ainda levanto, Maya Angelou



Você me relega ao passado,
e pode mentir um tanto,
pode me jogar na lama,
como poeira, eu levanto.

Minha petulância dói?
Tristinho você se cala?
Ando como se tivesse
Petróleo na minha sala.
Como a lua e como o sol,
Como a maré por encanto,
Como a esperança que nasce,
Eu levanto.

Você quer me ver caído,
Cabeça baixa, quebranto,
Ombros moles como um choro,
Alquebrado pelo pranto?
Minha altivez o ofende?
Não me leve tão a mal,
Porque eu rio por ter minas
De ouro no meu quintal.

Vem me ferir com palavras,
O seu olhar me cortando,
Vem me matar com seu ódio,
Mas como o ar, eu levanto.

Meu desejo o transtorna?
E lhe surpreende tanto
Que eu dance com diamantes
Entre as coxas que eu levanto?
Dos barracões da História,
Eu levanto

De um passado que é só dor
Eu levanto
Sou um oceano negro, de pé,
Subindo e transbordando na maré.
Deixando pra trás as noites de medo
Eu levanto

Na clara manhã, ainda bem cedo,
Eu levanto
Os dons dos meus ancestrais alinhavo,
Sou o sonho e a esperança do escravo.
Eu levanto
Eu levanto
Eu levanto.
Maya Angelou

Tradução Jorge Pontual

Maya Angelou, pseudônimo de Marguerite Ann Johnson foi uma escritora e poeta dos Estados Unidos. (4 de abril de 1928, St. Louis, Missouri - 28 de maio de 2014, Winston-Salem, Carolina do Norte). Ela era ativista por direitos civis e foi condecorada por Obama em 2010.  A escritora foi ícone da literatura norte americana. Também era conhecida como ativista pela igualdade racial, ela trabalhou com Martin Luther King e Malcom X, informa seu perfil no site Poetry Foundation. 
Admirada por diversos músicos, Maya leu um poema chamado "We had him" no funeral de Michael Jackson, em 2009. Ela também influenciou cantores como Steven Tyler, Fiona Apple e Kanye West. A apresentadora Oprah Winfrey considerava Maya sua mentora. Maya Angelou nasceu em St. Louis, Missouri, nos EUA. Ela também trabalhou como cantora, dançarina, atriz, dramaturga e compositora. A artista ganhou o Grammy e outros prêmios em diversas áreas artísticas. Ela teve uma infância pobre, na época de alta segregação racial nos EUA. Ainda aos 17 anos, ela se formou na escola e teve um filho, Guy. Nesta época, começou a trabalhar e foi a primeira motorista negra em San Francisco, segundo o Poetry Foundation.
Como escritora, sua obra tem forte marca autobiográfica. Maya foi aclamada já em seu primeiro livro, a autobiografia "I know why the caged bird sings" (1969), que fez dela uma das primeiras escritoras negras a ter um best-seller nos Estados Unidos.
Na obra, ela se lembra de que, quando tinha apenas sete anos de idade, foi estuprada pelo namorado da mãe. O homem acabou sendo morto pelos tios de Maya, que se sentiu responsável pelo desfecho do episódio e passou os próximos cinco anos sem falar qualquer palavra.
Maya Angelou fez parte do comitê de dois presidentes dos Estados Unidos: Gerald Ford em 1975 e Jimmy Carter em 1977. Em 2000, ela recebeu a Medalha Nacional das Artes do então presidente do país, Bill Clinton. Em 2010, foi recebeu, das mãos do presidente dos EUA, Barack Obama, a mais alta condecoração civil americana, a "Presidential Medal of Freedom".
Em seu discurso na cerimônia, Obama afirmou: "Com sua poesia ascendente, sua prosa elevada e seu domínio de diversas formas de arte, a doutora Angelou falou à consciência da nossa nação. Suas palavras comoventes nos ensinaram como alcançar [o que queremos] mesmo em meio ao separatismo e honraram a beleza de nosso mundo".
No início de sua fala, Obama lembrou-se da história trágica de Maya e de como a autora foi uma influência em sua família. "Quando era uma garotinha,  Marguerite Ann Johnson sofreu trauma e abuso, que a levaram a  ficar muda", afirmou. "Mas, como performer, e finalmente como escritora, poeta, Maya Angelou encontrou a sua voz própria. É uma voz que falou a milhões, incluindo minha mãe, e esse é o motivo pelo qual minha irmã recebeu o nome de Maya."


Original Poem

Still I Rise
Maya Angelou, 1928 - 2014

You may write me down in history
With your bitter, twisted lies,
You may trod me in the very dirt
But still, like dust, I’ll rise.

Does my sassiness upset you?
Why are you beset with gloom?
‘Cause I walk like I’ve got oil wells
Pumping in my living room.

Just like moons and like suns,
With the certainty of tides,
Just like hopes springing high,
Still I’ll rise.

Did you want to see me broken?
Bowed head and lowered eyes?
Shoulders falling down like teardrops,
Weakened by my soulful cries?

Does my haughtiness offend you?
Don’t you take it awful hard
‘Cause I laugh like I’ve got gold mines
Diggin’ in my own backyard.

You may shoot me with your words,
You may cut me with your eyes,
You may kill me with your hatefulness,
But still, like air, I’ll rise.

Does my sexiness upset you?
Does it come as a surprise
That I dance like I’ve got diamonds
At the meeting of my thighs?

Out of the huts of history’s shame
I rise
Up from a past that’s rooted in pain
I rise
I’m a black ocean, leaping and wide,
Welling and swelling I bear in the tide.

Leaving behind nights of terror and fear
I rise
Into a daybreak that’s wondrously clear
I rise
Bringing the gifts that my ancestors gave,
I am the dream and the hope of the slave.
I rise
I rise
I rise.


From And Still I Rise by Maya Angelou. Copyright © 1978 by Maya Angelou. Reprinted by permission of Random House, Inc.

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