domingo, 25 de janeiro de 2009
Yoga, ponto de equilíbrio
Método holístico que se originou na Índia há mais de 5 mil anos, o yoga continua mais atual do que nunca, principalmente em um tempo em que as pessoas sentem-se angustiadas pela falta de propósitos reais de vida, por não conhecerem a sua própria natureza, e sofrem por falsas necessidades criadas pelo consumismo.
A questão é que muitos ainda procuram o yoga como indicação para algum problema de postura e, embora saibam que a prática traz benefícios para o corpo e a mente, desconhecem como isso realmente funciona.
Literalmente, Yoga significa união, pois ele une e integra o corpo, a mente e as emoções. A técnica, garantem os praticantes, ao mesmo tempo que promove o fortalecimento do corpo e desenvolve a flexibilidade, induz à tranquilidade mental, concentração, relaxamento, clareza de pensamento e percepção interior. "É um método que tenta fazer você reencontrar a sua própria natureza", diz a professora Araci Negreiros Araújo, da escola de yoga Shantiniketan.
Para ela, graduada em filosofia pela UniSantos e pós-graduada em Yoga pela FMU, de São Paulo, o grande problema hoje da humanidade é que nós funcionamos através de hábitos. "O comportamento automático cria necessidades falsas e a gente se desgasta pelo que não nos preenche completamente; este vazio é que vai gerando doenças. O vazio não dá estrutura para você continuar e aí surge a solidão, a angústia, que são o grande mal do homem moderno".
Agir pelos hábitos não permite a novidade e a descoberta de si próprio. "A pessoa vive na cadência entre o passado e a ansiedade pelo futuro, o presente que traz a abertura do novo deixa de existir", lembra a professora. "No fundo, a busca do homem é pela felicidade, mas se ele procurar no exterior se fragmenta".
As ações físicas e psíquicas
A professora explica que o yoga funciona em oito passos, tanto no campo físico e psíquico como ético e religioso (no sentido de respeito à vida, não a crenças). "Ao restaurar o equilíbrio, o yoga recupera uma instância que já existe dentro de você, mas que normalmente não é usada, que é a sua capacidade de avaliar, interpretar corretamente e de escolher, o que é sentido através da autoestima. A auto-estima promove a autoconfiança, o que não significa que você está sempre certo, mas que continua gostando de si, mesmo através de seus erros. Os deuses hindus são as representações destas forças que estão em nós".
Araci Negreiros conta que quem adota a prática do yoga em seu cotidiano aprende a não se olhar mais através dos hábitos, experimentando tranquilidade e discernimento. "Quem age pelos hábitos está sempre perseguindo a perfeição. Mas se você age com autoestima e confiança suas ações estão livres dos efeitos, errando ou acertando continua lúcido na sua experiência de vida, vai desenvolvendo persistência, observação e equilíbrio".
A busca do equilíbrio começa no corpo, posicionando-o em diferentes posturas, tornando-o mais relaxado, livrando-o de todas as toxinas acumuladas, ajudando indiretamente ao maior equilíbrio da mente.
Os efeitos benéficos
O yoga atua em todos os níveis do nosso ser - físico, mental e emocional - e são muitos os benefícios apontados na prática do yoga: desenvolve o tônus muscular, alonga a muscualatura, amplia a capacidade pulmonar, fortalece o sistema cardiovascular, reduz o estresse, aperfeiçoa a postura, aumenta a resistência física, o equilíbrio e a consciência corporal.
Além disso, equilibra o sistema endócrino e promove uma circulação sanguinea mais harmoniosa através dos alongamentos. Esses efeitos dependem da regularidade com que se pratica. Araci Negreiros recomenda pelo menos duas aulas semanais. Os exercícios, explica a professora, são simples e respeitam o ritmo de cada um.
Os oitos passos
Asanas - São as posturas, basicamente alongamentos, que fortalecem e aumentam a agilidade do corpo, ajudando a prevenir doenças, principalmente as psicossomáticas. O alongamento mexe também com o psíquico, pois ao alongar temos consciência do nosso estado de automatismo. Os exercícios são feitos respeitando o alinhamento das cadeias musculares e com total consciência do corpo. É um exercício de controle, que leva o praticante a olhar para sua própria natureza em busca do ponto de equilíbrio, para conseguir um alongamento eficiente e, ao mesmo tempo, sem fazer força.
Pranayamas - São as práticas respiratórias, que coordenam o sistema respiratório com o corpo físico, relaxando os músculos e disciplinando a mente.
Pratyahara - A definição é de Araci Negreiros: "é o estado que permite perceber que estou no mundo, mas o mundo não está em mim, ditando como é que tenho que ser".
Yamas (restrições) e Nyamas (observações) - São práticas de observações e restrições de sua convivência com as pessoas dentro do ambiente social. O propósito é procurar a raiz do teu comportamento, do impulso, que comprometem as relações humanas.
Drarana - Práticas de atenção, para dar tônus à mente, exercitar a atenção em um foco e se distraindo menos.
Dhyana - Exercício de contemplação, levando você a permanecer em um foco.
Samadhy - É a prática da meditação, possível para quem já adquiriu consistência mental que garanta a permanência em um estado de consciência sem mudança. Meditar é ficar quieto e observar a si mesmo, abrindo a possibilidade de se conhecer profundamente e entrar em contato com a consciência pura. É considerado o último passo do yoga.
Para os iniciantes, as aulas concentram-se nos dois primeiros passos, focando na flexibilidade e na redução de tensões, a partir da melhora da postura e da reeducação dos músculos envolvidos na respiração, o que amplia a absorção do oxigênio. Fonte: Jornal da Orla (Santos - SP)
http://www.jornaldaorla.com.br/noticias_integra.asp?cd_noticia=3024
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