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Caminho do campo verde,
estrada depois de estrada.
Cercas de flores, palmeiras,
serra azul, água calada.
estrada depois de estrada.
Cercas de flores, palmeiras,
serra azul, água calada.
Eu ando sozinha
no meio do vale.
Mas a tarde é minha.
Meus pés vão pisando a terra
Que é a imagem da minha vida:
tão vazia, mas tão bela,
tão certa, mas tão perdida!
Eu ando sozinha
por cima de pedras.
Mas a flor é minha.
Os meus passos no caminho
são como os passos da lua:
vou chegando, vais fugindo,
minha alma é a sombra da tua.
Eu ando sozinha
por dentro dos bosques.
Mas a fonte é minha.
De tanto olhar para longe,
não vejo o que passa perto.
subo monte, desço monte,
meu peito é puro deserto.
Eu ando sozinha,
ao longo da noite.
Mas a estrela é minha.
In: Meireles, Cecília. Obra poética. Cecília Meireles. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958, p. 229-30.
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