quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Tempus fugit, Rubem Alves


“Passagem de ano é o velho relógio que toca o seu carrilhão.
O sol e as estrelas entoam a melodia eterna:
“Tempus fugit”.
É porque temos medo da verdade que só aparece no silêncio solitário da noite, reunimo-nos para espantar o terror, e abafamos o ruído tranquilo do pêndulo com enormes gritarias. Contra a música suave da nossa verdade, o barulho dos rojões…
Pela manhã, seremos, de novo, o tolo Coelho da Alice:
“Estou atrasado, estou atrasado…”
Mas o relógio não desiste. Continuará a nos chamar à sabedoria:
Quem sabe que o tempo está fugindo descobre, subitamente, a beleza única do momento que nunca mais será…”
Rubem Alves
In: "Tempus Fugit"

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A vida é uma peregrinação, Osho


"A vida é uma peregrinação de extraordinária beleza... Mas só para aqueles que se dispõem a buscar." 
Osho

domingo, 28 de dezembro de 2014

Manhã de verão, Emily Dickinson



Uma sépala, pétala, um espinho,
Numa simples manhã de verão _
Brilho de orvalho – uma abelha ou duas –
Brisa saltando nas árvores – 
E sou a rosa!

Emily Dickinson

Original Poem

A sepal, petal, and a thorn
Upon a common summer's morn
A flask of dew -- a bee or two
A breeze -- a caper in the trees

And I'm a rose!

Emily Dickinson


sábado, 27 de dezembro de 2014

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Papai Noel às Avessas, Carlos Drummond de Andrade



Papai Noel entrou pela porta dos fundos
(no Brasil as chaminés não são praticáveis),
entrou cauteloso que nem marido depois da farra.
Tateando na escuridão torceu o comutador
e a eletricidade bateu nas coisas resignadas,
coisas que continuavam coisas no mistério do Natal.
Papai Noel explorou a cozinha com olhos espertos,
achou um queijo e comeu.

Depois tirou do bolso um cigarro que não quis acender.
Teve medo talvez de pegar fogo nas barbas postiças
(no Brasil os Papai-Noéis são todos de cara raspada)
e avançou pelo corredor branco de luar.
Aquele quarto é o das crianças
Papai entrou compenetrado.

Os meninos dormiam sonhando outros natais muito mais lindos
mas os sapatos deles estavam cheinhos de brinquedos
soldados mulheres elefantes navios
e um presidente de república de celulóide.

Papai Noel agachou-se e recolheu aquilo tudo
no interminável lenço vermelho de alcobaça.
Fez a trouxa e deu o nó, mas apertou tanto
que lá dentro mulheres elefantes soldados presidente brigavam por causa do aperto.

Os pequenos continuavam dormindo.
Longe um galo comunicou o nascimento de Cristo.
Papai Noel voltou de manso para a cozinha,
apagou a luz, saiu pela porta dos fundos.

Na horta, o luar de Natal abençoava os legumes.

Carlos Drummond de Andrade


Este poema foi publicado no livro "Alguma Poesia", Editora Pindorama, em 1930, primeiro livro do autor.  Texto extraído de "Nova Reunião", Livraria José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1983, pág. 24.

FELIZ NATAL A TODOS!!!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Natal, Adélia Prado



"...Fala uma frase, feita com meu nome, 
para que ardam os crisântemos
e eu tenha um feliz natal!..."
Adélia Prado

FELIZ NATAL DENTRO DE VOCÊ!!!

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Natal, Charles Dickens

O coral infantil (Curitiba - PR) composto por cerca de 120 crianças, entre sete e 16 anos de idade. Elas são atendidas por instituições beneficentes e, durante todo o ano, participam de aulas de canto e instrumentos musicais. 


“O Natal é um tempo de benevolência, perdão, generosidade e alegria. A única época que conheço, no calendário do ano, em que homens e mulheres parecem, de comum acordo, abrir livremente seus corações.” 
Charles Dickens

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Enfeite a árvore de sua vida, Cora Coralina



"Enfeite a árvore de sua vida com guirlandas de gratidão!
Coloque no coração, laços de cetim rosa, amarelo, azul, carmim.
Decore seu olhar com luzes brilhantes estendendo as cores em seu semblante."
A hora é agora! 
Enfeite seu interior! 
Seja diferente!

Cora Coralina


FELIZ NATAL DENTRO DE VOCÊ!!!

domingo, 21 de dezembro de 2014

Um dia de chuva, Fernando Pessoa


"Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. 
Ambos existem, cada um como é."
Alberto Caeiro
Heterônimo de Fernando Pessoa 

Início do Verão no Brasil

sábado, 20 de dezembro de 2014

Simplicidade, Thoreau


"Simplicidade, simplicidade, simplicidade! Tenha dois ou três afazeres e não cem ou mil; em vez de um milhão, conte meia dúzia… No meio desse mar agitado da vida civilizada há tantas nuvens, tempestades, areias movediças e mil e um itens a considerar, que o ser humano tem que se orientar – se ele não afundar e definitivamente acabar não fazendo sua parte – por uma técnica simples de previsão, além de ser um grande calculista para ter sucesso. Simplifique, simplifique."

Henry David Thoreau

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Requintes, Carlos Drummond de Andrade



"A sociedade estabelece requintes de vestuário e de culinária que dispensam os de espírito." 
Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Ao adormecer, Hermann Hesse


Agora que o dia me cansou,
serão meus fervorosos desejos
acolhidos gentilmente pela noite estrelada
como uma criança fatigada.
Mãos, parem toda atividade.
Testa, esqueça todo pensamento.
Todos os meus sentidos agora
querem mergulhar no sono.
E minha alma, sem amarras,
deseja flutuar com as asas livres
para, na esfera mágica da noite,
viver uma vida profunda e múltipla.

Hermann Hesse


Original Poem

"Beim Schlafengehen"
Nun der Tag mich müd' gemacht,
soll mein sehnliches Verlangen
freundlich die gestirnte Nacht
wie ein müdes Kind empfangen.
Hände, laßt von allem Tun,
Stirn, vergiß du alles Denken.
Alle meine Sinne nun
wollen sich in Schlummer senken.
Und die Seele, unbewacht,
will in freien Flügen schweben,
um im Zauberkreis der Nacht
tief und tausendfach zu leben.

Hermann Hesse

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Viver, Rubem Alves


"Viver ao ritmo de alegrias e tristezas é ser sábio. 
A vida não é para ser medida. Ela é para ser saboreada."  
Rubem Alves

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Vencer, Gandhi


"Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer." 
Mahatma Gandhi

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Vida, Lya Luft


“Entendi que a vida não tece apenas uma teia de perdas mas nos proporciona uma sucessão de ganhos. O equilíbrio da balança depende muito do que soubermos e quisermos enxergar.” 
Lya Luft

In: "Perdas e ganhos"

domingo, 14 de dezembro de 2014

Para que preciso de pés, Frida Kahlo

Reprodução da página do diário
de Frida Kahlo

"Para que preciso de pés
 quando tenho asas para voar?"
Frida Kahlo

Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón (Coyoacán, 6 de julho de 1907 — Coyoacán, 13 de julho de 1954) foi uma pintora mexicana.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

No fim de tarde, Manoel de Barros

Por do sol, Rubião Jr. Botucatu - SP


"No fim da tarde, nossa mãe aparecia nos fundos do quintal: Meus filhos, o dia já envelheceu, entrem pra dentro." 
Manoel de Barros

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A infância, Francis de Croisset


"A infância aparece como um jardim maravilhoso e cintilante de flores e de frutas, mas em cujas grades e árvores há este aviso: "É proibido colher flores; é proibido comer frutos."
Francis de Croisset

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Elegância, Audrey Hepburn

Audrey Hepbrun, Atriz, Embaixatriz da UNICEF

"Elegância é a única forma de beleza que não desaparece."
Audrey Hepburn

Audrey Kathleen Ruston, conhecida internacionalmente por Audrey Hepburn (Ixelles, 4 de maio de 1929 — Tolochenaz, 20 de janeiro de 1993), foi uma premiada atriz, modelo e humanista britânica, eleita em 2009 a atriz mais bonita da história de Hollywood. É considerada um ícone de estilo e a terceira maior lenda feminina do cinema, de acordo com o American Film Institute.
Em 1987 deu início ao seu mais importante trabalho: o de Embaixatriz da UNICEF. Audrey, tendo sido vítima da guerra, sentiu-se em débito com a organização, pois foi o "United Nations Relief and Rehabitation Administration" (que deu origem à UNICEF) que chegou com comida e suprimentos após o término da Segunda Guerra Mundial, salvando sua vida. Ela passaria o ano de 1988 viajando, viagens estas que foram facilitadas por seu domínio de línguas (Audrey falava fluentemente francês, italiano, inglês, neerlandês e espanhol).
Em 1989 faria uma participação especial como um anjo em Além da eternidade. Este seria seu último filme. Audrey passaria seus últimos anos em incansáveis missões pela Unicef, visitando países, dando palestras e promovendo concertos com causas.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Faça mais, John H. Rhoades


"Faça mais do que existir – VIVA.
Faça mais do que tocar – SINTA.
Faça mais do que olhar – OBSERVE.
Faça mais do que ler – ABSORVA.
Faça mais do que escutar – OUÇA.
Faça mais do que ouvir – COMPREENDA."
John H. Rhoades

sábado, 6 de dezembro de 2014

Poesia, Jorge Amado


"A poesia não está nos versos, por vezes ela está no coração. E é tamanha. A ponto de não caber nas palavras." 
Jorge Amado

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Educação, Nelson Mandela


"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo."
Nelson Mandela 

Nelson Rolihlahla Mandela (Mvezo, 18 de julho de 1918 — Joanesburgo, 5 de dezembro de 2013) foi um advogado, líder rebelde e presidente da África do Sul de 1994 a 1999, considerado como o mais importante líder da África Negra, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1993, e pai da moderna nação sul-africana, onde é normalmente referido como Madiba (nome do seu clã) ou Tata ('Pai').

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O amor, Gandhi

Johanna Wright

“Só o amor cura, nutre, une, entusiasma, alivia, motiva, mobiliza, possibilita a vida!”
Mahatma Gandhi 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Para que servem as mãos, Giuseppe Artidoro Ghiaroni



As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder, ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar, confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar, acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar,aplaudir, reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever...   
   
As mãos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau, salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário; Múcio Cévola queimou a mão que, por engano não matou Porcena; foi com as mãos que Jesus amparou Madalena; com as mãos, David agitou a funda que matou Golias; as mãos dos Césares romanos decidiam a sorte dos gladiadores vencidos na arena; Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência; os anti-semitas marcavam a porta dos judeus com as mãos vermelhas como signo de morte!
Foi com as mãos que Judas pôs ao pescoço o laço que os outros Judas não encontram.
A mão serve para o herói empunhar a espada e o carrasco, a corda; o operário construir e o burguês destruir; o bom amparar e o justo punir; o amante acariciar e o ladrão roubar; o honesto trabalhar e o viciado jogar.
Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor ou uma granada, uma esmola ou uma bomba!
Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia!
As mãos fazem os salva-vidas e os canhões; os remédios e os venenos; os bálsamos e os instrumentos de tortura, a arma que fere e o bisturi que salva.
Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas protegemos a vista para ver melhor.
Os olhos dos cegos são as mãos. E com as mãos os surdos-mudos falam.
As mãos na agulheta do submarino levam o homem para o fundo como os peixes; no volante da aeronave atiram-nos para as alturas como os pássaros.
O autor do "Homo Rebus" lembra que a mão foi o primeiro prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida; a primeira almofada para repousar a cabeça, a primeira arma e a primeira linguagem.
Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas.
A mão aberta, acariciando, mostra a bondade; fechada e levantada mostra a força e o poder; empunha a espada, a pena e a cruz!
Modela os mármores e os bronzes; dá cor às telas e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia nas formas eternas da beleza. Humilde e poderosa no trabalho cria a riqueza; doce e piedosa nos afetos medica as chagas, conforta os aflitos e protege os fracos.
O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento de fidelidade. O noivo para casar-se pede a mão de sua amada; Jesus abençoava com as mãos; as mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as mãos as cabeças inocentes.
Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica ainda por muito tempo agitando o lenço no ar.
Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias.
E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre ainda as mãos prevalecem.
Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino.
E no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração pára, o corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera, cruzadas sobre o peito, que continuam na morte as funções da vida.
E as mãos dos amigos nos conduzem... 
E as mãos dos coveiros nos enterram!

Giuseppe Artidoro Ghiaroni 

Giuseppe Artidoro Ghiaroni (Paraíba do Sul, 22 de fevereiro de 1919 — Rio de Janeiro, 21 de fevereiro de 2008) foi um jornalista e poeta brasileiro.

De origem humilde, em sua juventude Ghiaroni foi aprendiz de ferreiro, ajudante de cozinha e office-boy. Ao mudar-se para a cidade do Rio de Janeiro, trabalhou como redator do "Suplemento Literário" e no jornal "A Noite", de onde passou para a Rádio Nacional (ambas as empresas ficavam no mesmo edifício, na Praça Mauá, centro do Rio) onde consagrou-se como cronista daquela emissora. Foi o autor de "Mãe", uma das novelas de maior sucesso da Rádio Nacional e que em 1948 foi transformada em filme (Mãe) com a direção de Teófilo de Barros Filho.
Radiofonizada por Giuseppe Ghiaroni e baseada no maior tema religioso e dramático da humanidade, 'A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo' foi ao ar pela primeira vez em 27 de março de 1959, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo reuniu quase uma centena de artistas para fazer as vozes dos personagens bíblicos. O trabalho contava com a narração de Cesar Ladeira e a locução de Aurélio Andrade e Reinaldo Costa e participação de todo o então famoso cast de rádio-teatro da emissora. Anualmente era reproduzida em capítulos durante a Sexta-Feira da Semana Santa.
Ghiaroni foi ainda contratado da Rede Globo. Entre outros trabalhos, assessorou Chico Anysio na década de 1990, quando este produzia a "Escolinha do Professor Raimundo".

domingo, 30 de novembro de 2014

Equilíbrio, Ariano Suassuna


"Existem dois hemisférios na alma humana, o hemisfério rei e o hemisfério palhaço.
No hemisfério rei eu coloco tudo o que há de mais elevado e nobre.
O hemisfério palhaço equilibra o hemisfério rei com o riso."
Ariano Suassuna

sábado, 29 de novembro de 2014

Delicadezas, Lao-Tsé


"Delicadeza nas palavras gera confiança. Delicadeza no pensamento gera profundidade. Delicadeza no doar-se gera amor."
Lao-Tsé

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Toda manhã, Dalai Lama



“Toda manhã, pense quando acorda:
Eu estou vivo, 
Eu tenho uma preciosa vida humana, 
Eu não vou desperdiçá-la. 
Eu vou usar todas as minhas energias para me desenvolver, 
Para expandir o meu coração para os outros, 
Para alcançar a iluminação para o benefício de todos os seres.
Eu não vou ficar com raiva, Ou pensar mal de outros.
Vou beneficiar os outros, tanto quanto eu posso.”
Dalai Lama

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Em qualquer parte da Terra, Cora Coralina



"Em qualquer parte da Terra
um homem estará sempre plantando,
recriando a Vida.
Recomeçando o Mundo."
Cora Coralina

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

domingo, 23 de novembro de 2014

A vida, Oscar Niemeyer



"A vida é aproveitar os momentos de tranquilidade, e rir um pouco. O resto tem que ser aguentado, os altos e os baixos, é preciso aguentar. A vida é um sopro."

Oscar Niemeyer

Oscar Ribeiro Teomar de Almeida Niemeyer Soares Filho (1907 - 2012) maior arquiteto brasileiro,  já foi eleito o 9º; maior gênio e um dos nomes mais importantes da arquitetura moderna mundial.

sábado, 22 de novembro de 2014

Felicidade, Hermann Hesse


"O ser humano  foi criado com uma capacidade de alegrar-se com as coisas mesmo que não lhe sejam úteis, com um órgão reservado para apreciar o que é belo."
Hermann Hesse

Hermann Hesse (1877 - 1962) foi um escritor alemão, que em 1923 naturalizou-se suíço. 
Em 1946 recebeu o Prêmio Goethe e, passados alguns meses, o Nobel de Literatura.


In: Felicidade - Hermann Hesse. Editora Record 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Eu ainda levanto, Maya Angelou



Você me relega ao passado,
e pode mentir um tanto,
pode me jogar na lama,
como poeira, eu levanto.

Minha petulância dói?
Tristinho você se cala?
Ando como se tivesse
Petróleo na minha sala.
Como a lua e como o sol,
Como a maré por encanto,
Como a esperança que nasce,
Eu levanto.

Você quer me ver caído,
Cabeça baixa, quebranto,
Ombros moles como um choro,
Alquebrado pelo pranto?
Minha altivez o ofende?
Não me leve tão a mal,
Porque eu rio por ter minas
De ouro no meu quintal.

Vem me ferir com palavras,
O seu olhar me cortando,
Vem me matar com seu ódio,
Mas como o ar, eu levanto.

Meu desejo o transtorna?
E lhe surpreende tanto
Que eu dance com diamantes
Entre as coxas que eu levanto?
Dos barracões da História,
Eu levanto

De um passado que é só dor
Eu levanto
Sou um oceano negro, de pé,
Subindo e transbordando na maré.
Deixando pra trás as noites de medo
Eu levanto

Na clara manhã, ainda bem cedo,
Eu levanto
Os dons dos meus ancestrais alinhavo,
Sou o sonho e a esperança do escravo.
Eu levanto
Eu levanto
Eu levanto.
Maya Angelou

Tradução Jorge Pontual

Maya Angelou, pseudônimo de Marguerite Ann Johnson foi uma escritora e poeta dos Estados Unidos. (4 de abril de 1928, St. Louis, Missouri - 28 de maio de 2014, Winston-Salem, Carolina do Norte). Ela era ativista por direitos civis e foi condecorada por Obama em 2010.  A escritora foi ícone da literatura norte americana. Também era conhecida como ativista pela igualdade racial, ela trabalhou com Martin Luther King e Malcom X, informa seu perfil no site Poetry Foundation. 
Admirada por diversos músicos, Maya leu um poema chamado "We had him" no funeral de Michael Jackson, em 2009. Ela também influenciou cantores como Steven Tyler, Fiona Apple e Kanye West. A apresentadora Oprah Winfrey considerava Maya sua mentora. Maya Angelou nasceu em St. Louis, Missouri, nos EUA. Ela também trabalhou como cantora, dançarina, atriz, dramaturga e compositora. A artista ganhou o Grammy e outros prêmios em diversas áreas artísticas. Ela teve uma infância pobre, na época de alta segregação racial nos EUA. Ainda aos 17 anos, ela se formou na escola e teve um filho, Guy. Nesta época, começou a trabalhar e foi a primeira motorista negra em San Francisco, segundo o Poetry Foundation.
Como escritora, sua obra tem forte marca autobiográfica. Maya foi aclamada já em seu primeiro livro, a autobiografia "I know why the caged bird sings" (1969), que fez dela uma das primeiras escritoras negras a ter um best-seller nos Estados Unidos.
Na obra, ela se lembra de que, quando tinha apenas sete anos de idade, foi estuprada pelo namorado da mãe. O homem acabou sendo morto pelos tios de Maya, que se sentiu responsável pelo desfecho do episódio e passou os próximos cinco anos sem falar qualquer palavra.
Maya Angelou fez parte do comitê de dois presidentes dos Estados Unidos: Gerald Ford em 1975 e Jimmy Carter em 1977. Em 2000, ela recebeu a Medalha Nacional das Artes do então presidente do país, Bill Clinton. Em 2010, foi recebeu, das mãos do presidente dos EUA, Barack Obama, a mais alta condecoração civil americana, a "Presidential Medal of Freedom".
Em seu discurso na cerimônia, Obama afirmou: "Com sua poesia ascendente, sua prosa elevada e seu domínio de diversas formas de arte, a doutora Angelou falou à consciência da nossa nação. Suas palavras comoventes nos ensinaram como alcançar [o que queremos] mesmo em meio ao separatismo e honraram a beleza de nosso mundo".
No início de sua fala, Obama lembrou-se da história trágica de Maya e de como a autora foi uma influência em sua família. "Quando era uma garotinha,  Marguerite Ann Johnson sofreu trauma e abuso, que a levaram a  ficar muda", afirmou. "Mas, como performer, e finalmente como escritora, poeta, Maya Angelou encontrou a sua voz própria. É uma voz que falou a milhões, incluindo minha mãe, e esse é o motivo pelo qual minha irmã recebeu o nome de Maya."


Original Poem

Still I Rise
Maya Angelou, 1928 - 2014

You may write me down in history
With your bitter, twisted lies,
You may trod me in the very dirt
But still, like dust, I’ll rise.

Does my sassiness upset you?
Why are you beset with gloom?
‘Cause I walk like I’ve got oil wells
Pumping in my living room.

Just like moons and like suns,
With the certainty of tides,
Just like hopes springing high,
Still I’ll rise.

Did you want to see me broken?
Bowed head and lowered eyes?
Shoulders falling down like teardrops,
Weakened by my soulful cries?

Does my haughtiness offend you?
Don’t you take it awful hard
‘Cause I laugh like I’ve got gold mines
Diggin’ in my own backyard.

You may shoot me with your words,
You may cut me with your eyes,
You may kill me with your hatefulness,
But still, like air, I’ll rise.

Does my sexiness upset you?
Does it come as a surprise
That I dance like I’ve got diamonds
At the meeting of my thighs?

Out of the huts of history’s shame
I rise
Up from a past that’s rooted in pain
I rise
I’m a black ocean, leaping and wide,
Welling and swelling I bear in the tide.

Leaving behind nights of terror and fear
I rise
Into a daybreak that’s wondrously clear
I rise
Bringing the gifts that my ancestors gave,
I am the dream and the hope of the slave.
I rise
I rise
I rise.


From And Still I Rise by Maya Angelou. Copyright © 1978 by Maya Angelou. Reprinted by permission of Random House, Inc.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Não sou descendente de escravos, Makota Valdina


"Não sou descendente de escravos. Eu descendo de seres humanos que foram escravizados."
Makota Valdina

    Homenagem ao dia da Consciência Negra no Brasil

Valdina Pinto de Oliveira, nascida em Salvador em 1943. É professora aposentada da rede pública municipal, educadora, ativista política e membro do Conselho de Cultura da Bahia. Valdina Pinto ocupa o cargo de Makota, assessora da Nengwa Nkisi, Mãe de Santo do Tanuri Junsara, Terreiro de Candomblé Angola, em Salvador.

Nascida, criada e sempre moradora do Engenho Velho da Federação, bairro de Salvador onde se registra a maior concentração de Terreiros de Candomblé, ela é reconhecida como educadora, religiosa, ambientalista e militante negra. No ano de 2005, foi proclamada “Mestra de Saberes” pela Prefeitura Municipal de Salvador. 

Durante os mais de cinquenta anos de ensinamentos e atividades em prol da preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro, Makota Valdina recebeu diversas condecorações como o Troféu Clementina de Jesus (UNEGRO), Troféu Ujaama, Medalha Maria Quitéria e Mestra Popular do Saber.

Foi lançado em 2013, “Meu Caminho, meu Viver” contra trajetória da professora e militante. Fotos e registros antigos motivaram Makota Valdina a escrever a obra. No livro, ela conta sua história, desde a infância vivida no bairro até os dias de hoje. Makota é reconhecida pela constante luta pelos direitos das mulheres, contra o racismo e a intolerância religiosa, pela igualdade de direitos e por uma sociedade sem preconceitos.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Simplicidade, Padre Fábio de Melo


"Simplicidade é um conceito que nos remete ao estado mais puro da realidade. A semente é simples porque não se perde na tentativa de ser outra coisa...É o que é. Não desperdiça seu tempo querendo ser flor antes da hora. Cumpre o ritual de existir, compreendendo-se em cada etapa." 

Padre Fábio de Melo 


Padre Fábio de Melo (1971) Nascido em Formiga, MG. É um sacerdote católico, cantor, compositor, apresentador, poeta, escritor, professor, ligado a Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Quem sabe improvisar, Baltasar Gracián



“Quem sabe improvisar [normalmente] não passa por apertos nem sofre com os contratempos. Alguns pensam demais e fazem tudo errado, enquanto outros fazem tudo certo sem pensar.”

Baltasar Gracián 

Baltasar Gracián y Morales (1601 - 1658) foi um importante prosador espanhol do século XVII ao lado de autores como Francisco de Quevedo e Miguel de Cervantes, além de teólogo e filósofo. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Árvore dos desejos, parábola hindu


“Uma vez um homem estava viajando e, acidentalmente, entrou no paraíso”. No conceito indiano de paraíso existem árvores-dos-desejos. Você simplesmente senta debaixo dela, manifesta seu desejo e imediatamente ele é realizado – não há intervalo entre o desejo e sua realização.
O homem estava cansado, e pegou no sono sob a árvore-dos-desejos. Quando despertou estava com muita fome, então disse: “Estou com tanta fome, desejaria poder conseguir alguma comida de algum lugar”. Imediatamente apareceu comida vinda do nada – simplesmente uma deliciosa comida flutuando no ar.
Ele estava tão faminto que não prestou atenção de onde a comida viera – quando se está com fome, não se é filósofo. Começou a comer imediatamente, a comida era muito deliciosa. Depois, a fome tendo desaparecido, olhou à sua volta. Agora estava satisfeito.
Outro pensamento surgiu em sua mente: “Se ao menos pudesse conseguir algo para beber…”. E como não há proibições no paraíso, imediatamente apareceu um excelente vinho. Bebendo o vinho relaxadamente na brisa fresca do paraíso, sob a sombra da árvore, começou a pensar: “O que está acontecendo? O que está havendo? Estou sonhando ou existem espíritos ao redor que estão fazendo truques comigo?”
E ele começou a tremer e um pensamento surgiu em sua mente: “Agora vou ser assassinado, com certeza….” E ele então foi prontamente assassinado. Para reflexão: temos que vigiar permanentemente nossos pensamentos, porque eles podem nos proporcionar o prazer ou a perdição.

Seu “paraíso” só depende de VOCÊ.

Parábola hindu

domingo, 16 de novembro de 2014

É nos teus olhos, Nuno Júdice



"É nos teus olhos que o mundo inteiro cabe,
mesmo quando as suas voltas me levam para longe de ti;
e se outras voltas me fazem ver nos teus
os meus olhos, não é porque o mundo parou, mas
porque esse breve olhar nos fez imaginar que
só nós é que o fazemos andar."

Nuno Júdice

Nuno Júdice (1949) é um ensaísta, poeta, ficcionista e professor universitário português. Licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa e obteve o grau de Doutor pela Universidade Nova, onde é Professor Catedrático, apresentando, em 1989, uma dissertação sobre Literatura Medieval. Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal e Diretor do Instituto Camões em Paris.

sábado, 15 de novembro de 2014

Política, Platão


"O preço a pagar pela tua não participação na política é seres governado por quem é inferior."
Platão



Homenagem ao dia da 
Proclamação da República do Brasil

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Transver o mundo, Manoel de Barros



"O olho vê,
a lembrança revê,
a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo."
Manoel de Barros

Manoel Wenceslau Leite de Barros (Cuiabá, 19 de dezembro de 1916 - Campo Grande, 13 de novembro de 2014) foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente à Geração de 45, mas formalmente ao pós- Modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas europeias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. Recebeu vários prêmios literários, entre eles, dois Prêmios Jabutis. É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários. Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros. Sua obra mais conhecida é o "Livro sobre Nada" de 1996.

Manoel de Barros virou passarinho em 13/11/2014.

Printfriendly