Eu preciso de música que flua
Por meus dedos inquietos e sensíveis,
Por meus lábios trêmulos, irascíveis,
Com melodia, lenta, clara e crua.
Ah, a doce ginga que continua,
De alguma canção que afasta o desgosto,
Uma canção como água no meu rosto,
Que me molha inteira, lavada e nua!
Há um feitiço que é da melodia:
Magia do sossego, respirar
Calmo, que mergulha no fim do dia
Pela mansidão profunda do mar,
E flutua pra sempre no abandono,
No regaço do ritmo e do sono.
Elizabeth Bishop
Tradução de Jorge Pontual
Elizabeth Bishop nasceu em Massachusetts, em 8 de fevereiro de 1911 - 6 de outubro de 1979). Foi uma escritora americana, considerada um das mais importantes poetisas do século XX a escrever na língua inglesa. Em 1952, depois de uma viagem pela costa brasileira, Elizabeth encantou-se pelas montanhas de Petrópolis e lá permaneceu por longos quinze anos. Durante esse período, escreveu numerosos registros e poemas.
Enquanto vivia no Brasil, em 1956 recebeu o prêmio Pulitzer pelo livro «North & South — A Cold Spring». Receberia mais tarde o Prêmio Nacional do Livro (the National Book Award) e o prêmio nacional do círculo dos Críticos literários (the National Book Critics Circle Award) assim como duas bolsas Guggenheim e uma da Ingram Merrill Foundation. Tornou-se poeta residente na Universidade de Harvard em 1969. Começou em 1971 uma amizade íntima com Alice Methfessel que duraria até sua morte em 1979.Em 1976, foi a primeira mulher a receber o International Neustadt Prize for Literature (prêmio internacional Neustadt de Literatura) e continua sendo o único americano a recebê-lo.
Filme Flores Raras
O filme é baseado na história de amor real entre a poetisa americana Elizabeth Bishop e arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares. Ambientado em Petrópolis, dos anos de 1950 e 1960, a história coincide com o surgimento da Bossa Nova e a construção e inauguração da capital Brasília. O filme trata a história dessas duas mulheres e suas trajetórias.
Original Poem
Sonnet
I am in need of music that would flow
Over my fretful, feeling finger-tips,
Over my bitter-tainted, trembling lips,
With melody, deep, clear, and liquid-slow.
Oh, for the healing swaying, old and low,
Of some song sung to rest the tired dead,
A song to fall like water on my head,
And over quivering limbs, dream flushed to glow!
There is a magic made by melody:
A spell of rest, and quiet breath, and cool
Heart, that sinks through fading colors deep
To the subaqueous stillness of the sea,
And floats forever in a moon-green pool,
Held in the arms of rhythm and of sleep.
Elizabeth Bishop
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