Tela em Acrílico: "Fada" - 80 x 80cm, Luiz Henrique
Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mão incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
Adélia Prado
Inspirado neste poema, Martha Medeiros escreveu o livro "Doidas e Santas" e posteriormente adaptou para o teatro.
Pintura de Luiz Henrique
https://www.facebook.com/ArteDaNovaEnergia
Nenhum comentário:
Postar um comentário