Pra mim três coisas no mundo
Valem bem mais do que o resto.
Pra defender qualquer delas
Eu mostro o quanto que presto.
É o gesto, é o grito, é o passo,
É o grito, é o passo, é o gesto.
O gesto é a voz do proibido
Escrita sem deixar traço.
Chama, ordena, empurra, assusta.
Vai longe com pouco espaço.
É o passo, é o gesto, é o grito,
É o gesto, é o grito, é o passo.
O passo começa o voo
Que vai do chão pro infinito.
Pra mim, que amo estrada aberta,
Quem prende o passo é maldito.
É o grito, é o passo, é o gesto,
É o passo, é o gesto, é o grito.
O grito explode o protesto
Se a boca não tem espaço
Que guarde o que há pra ser dito
No grito, no passo e gesto.
É o gesto, é o grito, é o passo,
É o passo, é o gesto, é o grito.
Mário Lago
(Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1911 - Rio de Janeiro, 30 de maio de 2002) foi advogado, poeta, radialista, letrista e ator brasileiro. Autor de sambas populares como "Ai, que saudades da Amélia" e "Atire a primeira pedra", ambos em parceria com Ataulfo Alves, fez-se popular entre as décadas de 40 e 50.
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