sábado, 20 de julho de 2013

A intenção desmerecida, Fabrício Carpinejar

imagem google


Meu amigo preparou o almoço. Uma massa pesto maravilhosa.

Quando sua esposa apareceu em casa, fui elogiar:

 Seu marido é um autêntico chef italiano. Cozinhou uma massa e tanto. 

Adivinha o que ela respondeu?

 Assim é fácil, qualquer um faz, ele usou molho pronto. 

Em vez de comemorar o capricho do marido, ela desdenhou. Ela subestimou. Ela colocou o sujeito para baixo. Ela diminuiu a importância do ato. 

De repente, nem percebemos o quanto rebaixamos quem a gente ama. 

Pelo pretexto da sinceridade. Pelo pretexto da espontaneidade. 

É um desejo de desmascarar totalmente dispensável, é um desejo de ser mais verdadeiro do que a verdade totalmente desnecessário. 

A pessoa se esforça em ser gentil e agradar e não respeitamos a tentativa, não reconhecemos a intenção.

Temos que avacalhar, mostrar que o outro não é perfeito, expor fraquezas publicamente, entregar os defeitos. Para quê?   

Devia ser o contrário. Os casais deviam se proteger, deviam se cuidar, deviam se unir pelas virtudes.

Os casais deviam se incentivar, se elogiar, se respeitar. 

Acordar e escolher algo bom a ser dito, algo bom a ser sublinhado.  Não alimentar o rancor já no café da manhã. 

O mundo do trabalho já é tão cheio de crítica, o mundo do trabalho já é tão perverso, não é justo maltratar nossa família. 


Fabrício Carpinejar


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