O Significado do Amor de um Pássaro
A vida de um Pássaro narrada com  muito amor e carinho!
O Início...
Essa história que irei narrar, que  por sinal não é muito diferente de tantos outros amigos de penas, conta a luta  em sobreviver no mundo humano e é neste contexto que descreverei minha  vida.
Meu nome é Luck embora ninguém  saiba, eu sou um pequeno pássaro que talvez não faça parte de nenhuma  estatística em nenhum registro dos seres humanos, entretanto, em hipótese alguma  deixo de ser um pequenino que possui uma vida como qualquer outra na face da  terra.
As minhas primeiras semanas de vida  ainda muito pequeno, nas asas de meus pais, descobri o sentimento de amor embora  ainda não soubesse bem o que significava isso, tinha certeza que era uma coisa  muito boa e generosa, pois, demonstrava carinho, proteção e uma verdadeira fonte  de calor que não há nada neste mundo que possa comparar, infelizmente esse tempo  de amor durou muito pouco, porque ainda nas primeiras semanas da minha vida, fui  tirado de meus pais.
Daquele momento em diante já pensava  que meu destino não poderia ser dos melhores.
No lugar para onde fui havia outros  pequeninos passando pelo mesmo processo de adaptação e em seus olhos eu pude  sentir a dor em estar longe de quem começou a amar muito. Embora o lugar onde  estávamos não era ruim, tínhamos comida na hora, o calor certo para os nossos  corpinhos e o ambiente era muito limpo, eu só não encontrava ali o carinho e o  aconchego de meus pais que me tratavam como uma jóia de valor  inigualável.
Tudo passava muito rápido, fui  crescendo e adquirindo minhas primeiras penas de vôo, era tudo novo para mim e  notava que algumas formas no tratamento de carinho e atenção estavam sendo  mudadas.
Ao completar dois meses de idade já  estava em uma gaiola e numa tal de loja de pássaros onde ali me tratavam como  algo de valor, mas não como meus pais me davam e sim um valor estranho e  diferente, algo que era preciso pagar para me ter. Fiquei ali algumas semanas,  fiz novas amizades e num determinado dia...
A esperança...
O Dia estava lindo, alguém se  aproxima e diz:
- Que gracinha! Você é muito  lindinho, pena que não posso te comprar, se pudesse com certeza iria te dar todo  amor e carinho do mundo.
Quando ouvi estas palavras, parei e  pensei por um momento: “será mesmo que essa moça vai me levar de volta aos meus  pais?”.
Naquele instante sem perder tempo  comecei a me debater na gaiola chamando a sua atenção, como a implorar para que  me levasse para meus pais, onde acreditava ter carinho e amor novamente. A moça  bonita não desviava os olhos de mim e com muita sorte consegui convencê-la a dar  um jeito de me levar, e, igual aos outros, havia chegado minha vez de entrar  naquela caixinha de papelão para ir embora.
Não agüentava de tanta emoção,  parecia que meu coraçãozinho ia sair pelo bico. Quando cheguei no local que  pensava encontrar com meus pais, que decepção...
Era outro lugar diferente e nem de  longe sentia a presença de meus pais, estava eu ali novamente diante de um  ambiente estranho e, talvez pior, cheio de perigos a minha volta.
Neste novo lar, se é que poderia  chamá-lo assim, moravam outros bichos engraçados, uns tais de cachorros e gatos  que faziam muito barulho e alguns deles ficavam de olho em minha gaiola, pensava  em até fazer novas amizades, porém, existia o Milk, que toda vez que colocava  suas patas sobre minha gaiola lambia seus beiços e dizia um miau assustador,  intimidando-me.
Aos poucos fui me acostumando com o  novo ambiente, o tempo foi passando e os amigos peludos foram esquecendo-se de  mim. Em poucas semanas minha mamãe humana começou a falar que não tinha tempo  para ficar ao meu lado e que eu deveria ter um pouco de paciência que na hora  certa ela ia me dar amor e carinho. Infelizmente não conseguia entender o que  ela dizia, principalmente a tal de “paciência”, achava mesmo que ela iria dar-me  a chance de ter meus pais de volta e ali fiquei esperando por meses e  meses.
A diferença da loja e de onde estava  morando agora, é que lá pelo menos haviam outros pássaros onde podia de vez em  quando conversar um pouquinho. Neste lar, me deixavam o tempo todo trancafiado  em um espaço tão pequeno dentro de casa que mal via o dia raiar ou  findar.
Até que um dia minha vida  mudou...
Acordei, a casa estava quieta, não  ouvia os latidos e nem miados. Percebi que o sol radiava pela janela entreaberta  da sala, mesmo assim sentia-me triste, cansado da monotonia dos meus dias, nem  imaginava a aventura que estava preste a viver.
Minha dona como de costume logo pela  manhã, sempre trocava a comida e a água, e neste dia sem explicação – talvez por  falta de atenção, não sei – deixou a portinha da minha gaiola um tanto levantada  e nem pensou o que iria ocorrer.
Olhei aquilo e como sou muito  curioso fui chegando perto e numa fração de segundos tive um impulso e sai  voando bem alto em direção aos raios do sol.
“Uauuuu!!! Que sensação gostosa!!!  Quem será que inventou o céu? E as minhas asas?”.
Fiquei horas voando sem me dar conta  do tempo e do espaço. Vi uma árvore bem alta e resolvi fazer uma parada, não que  estivesse cansado, mas já era hora de relaxar um pouco. Pousei em um galho bem  alto, respirei fundo, senti a fragrância daquelas flores e me arrumei um  pouquinho.
Fiquei olhando o pôr-do-sol, aquele  céu tão azul, sem pensar em nada por muito tempo. Algum tempo depois, sentindo  essa incrível e maravilhosa sensação de liberdade, comecei a ficar preocupado  porque a tarde já ia e a noite estava se formando depressa. Fiquei parado nesta  árvore e com o anoitecer outras aves e suas famílias se aproximavam e se  aglomeravam nos galhos, eu percebi que não gostavam de minha presença e ali  permaneci encostado no tronco da árvore. O vento era forte e por mais que eu  tentasse me emplumar não conseguia me aquecer e sentia muito frio. Para meu azar  foi uma das noites mais frias que já havia tido naquele mês.
A fome, o frio, a dor, o medo que  sentia eram tão intensos que naquele instante pensei que a melhor maneira de  tentar minimizar tudo aquilo era lembrar das coisas boas, como o calor, a  comida, o carinho e amor que meus pais me deram um dia.
Quando amanheceu mal conseguia mover  meu corpinho, começava a perceber que algo dentro de mim não estava bem e uma  dor dentro do meu peito surgia sem controle. A lembrança de quando separaram de  meus pais, levando-me a viver naquela loja, vinha a tona, refletia o porque as  pessoas faziam aquilo e depois nos entregavam para outras pessoas em troca do  tal “dinheiro”, sem se preocuparem que também temos sentimentos e  vida.
Em poucas horas comecei a ficar  fraco, não sabia onde encontrar comida e o pior, algumas aves muito más e  maiores do que eu – os gaviões – me fitavam, estavam apenas esperando eu sair do  pequeno abrigo que me acondicionava para então me atacarem. Não conseguia  entender porque o mundo aqui fora era assim tão perigoso, que não podia nem  sequer sair para tentar procurar um pouco de comida para me fortalecer, que  poderia ser atacado tão facilmente.
Por estar muito tempo sem me  alimentar e com a queda brusca da temperatura durante a noite, fui adoecendo.  Não sei precisamente o tempo que permaneci assim, só sei que num determinado  momento, me dobrei caindo da árvore.
Que medo! Não conseguia abrir os  olhos, meu corpo todo doía e não conseguia pensar em nada. Senti uma vibração no  chão, alguém estava chegando, queria gritar para não se aproximar mas, não tinha  forças para isso, foi então que senti me pegarem no colo cobrindo-me com um  pedaço de pano.
Era o fim, adormeci...
A doce mudança...
“Onde estou?” – abri meu  olhos...
“Que som bonito, eu morri  ?”.
“Não, estou vivo”.
Acordei com som de pássaros cantando  alegremente. O homem que estava comigo em suas mãos me limpava muito  gentilmente, verificava meus pezinhos e minhas asas e então me colocou em uma  caixa bem quentinha e aconchegante, isolado dos outros pássaros e me alimentou  com muito carinho e cuidado. Eu percebi que estava sendo tratado de uma maneira  muito diferente e isso me fez lembrar quando era tratado por meus pais logo  quando nasci. Fitei aquele estranho e acho que estava delirando porque sua pele  era tão iluminada, a sua voz tão meiga que parecia uma canção de ninar.  Lembro-me que ele dizia assim:
“Xuxuzinho, do papai, que só sabe  dar mancada, da mancada de dia e de tarde e a noite fica parado”.
Cantava essa canção para mim de uma  maneira muito especial assim transmitindo calma.
Esse humano era mesmo diferente de  todos que conheci, falava comigo o tempo todo e me dava comida no bico parecido  como meus pais faziam. Sentia-me importante, porque sempre aparecia um outro  humano – chamavam de Doutor – para me examinar e saber se estava precisando de  algo, mesmo sabendo que estava bem melhor.
Pepito realmente me tratava como se  eu fosse a coisa mais importante em sua vida. Aos poucos Pepito foi tentando se  aproximar mais de mim quando eu já estava melhor – podendo me defender – mas  como eu havia passado por situações péssimas e desastrosas com humanos, não  queria que me tocassem. Ele, muito paciente foi então conversando comigo  transmitindo assim uma confiança maravilhosa pois, fazia muito tempo que não  sentia.
O tempo foi passando e num  determinado dia sai da caixa, tentei voar e para minha surpresa não conseguia  mais, pois em razão da queda que havia sofrido da árvore, havia então perdido  está condição. Fiquei muito triste e uma enorme dor reapareceu em meu peito,  porque voar para mim foi uma sensação tão boa que gostaria de sentir novamente,  apesar de passar por todo o inconveniente doloroso de me perder.
A descoberta do  amor...
Em poucas semanas, Pepito me colocou  em um grande viveiro junto de outras aves de minha espécie, algo que também  fazia muito tempo que não acontecia. Todos ali eram felizes e com minha simpatia  e um pouco de sorte em dias arrumei uma bela companheira.
Ela era muito parecida com a minha  mãe, era linda, me cobria de carinhos e aos poucos fomos nos aproximando e  tornando um casal muito feliz. Com o passar dos meses fomos transferidos com  muito cuidado para outro viveiro onde ficamos a sós. Um sentimento foi surgindo  dentro de mim e da minha nova companheira e em pouco tempo a natureza tomou seu  curso e concebemos nossos primeiros filhotes. Ali senti uma grande vitória com o  nascer dos meus pequeninos.
Não me esqueço das palavras que  Pepito disse no dia que abriu nosso ninho para ver nossos filhotes:
- Meu amigo, crie esses pequenos com  muito amor e carinho, e como você já passou por situações tão dolorosas, não  terá ninguém nesse mundo que tirará essa felicidade em quanto eu estiver ao seu  lado.
Enchi meu peito de ar e dei um  enorme piado de felicidade por saber que ainda neste mundo existem pessoas com o  coração repleto de sentimento e amor pelo próximo. E assim foi, meus pequenos  filhos cresceram com muita alegria e amor, num ambiente muito bem cuidado pelo  nosso querido Pepito.
Nossos filhos cresceram, se  apaixonaram e viveram suas vidas, pois, como todos sabemos, o ciclo da vida tem  que dar continuidade mesmo sabendo que alguns deles partiram para outros  lugares. Assim apenas nos restou a saudade.
A dolorosa  separação...
Foram longos anos ao lado da minha  grande companheira que me amou e me presenteou com muitos pequeninos, resultando  em alegria para todos nós, porém numa simples manhã comum, minha pequena amada  não se sentia bem, uma enfermidade apossou-a e foi tão rápida que eu mesmo me  surpreendi – foi terrível.
Pepito chamou o Doutor para ver o  que estava acontecendo e ao examiná-la disse que seu tempo seria mais curto que  se imaginava e que em poucas horas ela não estaria mais conosco. Enquanto os  homens conversavam, o meu coração sentiu uma enorme pontada de tristeza e a  minha intuição pedia calma.
Logo que o Doutor saiu, Pepito  sentou ao lado de minha gaiola e disse com muita calma para tentar fazer  entender a situação.
- Meu pequeno amigo Luck, sabe,  talvez você não entenda o que está acontecendo e até mesmo ache que estamos  sendo injustos com você por separar sua pequena amada de suas asas, mas, por  favor, entenda, ela está muito doente e talvez não consiga sobreviver até o  findar deste dia. Com certeza vocês tem um amor muito sincero e uma das coisas  que mais temia era separar você de sua amada pequenina.
Ouvindo isso dei um piado  entristecido querendo um colo amigo e que essa dor da separação fosse embora o  mais rápido possível. Pepito percebeu que a minha vontade era estar mais um  pouco ao lado dela e mais uma vez alegrei-me por ele entender esse meu  desejo.
E assim foi minha despedida,  encostei meu pequeno corpinho ao lado de sua cabeça e fiquei juntinho dela até  seu último suspiro de vida neste mundo.
“Entender que perder quem amamos não  é uma tarefa fácil, é mais complicado que entender a separação de nossos pais, e  este processo em minha vida foi muito doloroso”.
O recomeço... Um grande  choque...
Já se completava quase seis anos de  minha existência na terra e muitas situações havia enfrentado, acreditava que só  restava aguardar minha hora de partir deste mundo, porém estava totalmente  enganado sobre isso, pois, nem imaginava que minha pequena existência haveria de  durar ainda longos anos.
Pepito era um grande humano, não só  em tamanho como também em generosidade e resplandecia simpatia para todos que um  dia tivera grande chance de conhecê-lo. Vivia sempre ao lado de sua amada esposa  Drika. Quantas e quantas tardes, eles nos faziam companhia tomando os seus  “chás” e conversando sobre nós, os pássaros.
Para meu maior desespero, poucos  anos depois, Pepito também havia sido acometido de uma grande enfermidade e  assim notei que sua freqüência em nossas gaiolas e viveiros já era pouca, e suas  generosas e alegres conversas eram raras. Quando aparecia, ficava poucos minutos  em pé e notava-se que logo precisava sentar-se, pois, suas pernas estavam fracas  e suas conversas era  de difícil entendimento, dizendo que logo tudo iria  terminar. 
Até que num determinado dia, não  mais o vi...
Após alguns dias, sua amada  companheira sentou ao lado de minha casinha e com a mesma calma de Pepito, disse  que ele havia voado para o céu e que um dia nós iríamos encontrá-lo também.  Dizia para mim que o céu era um lugar onde não havia dor, fome ou tristeza.  Quando ela dizia isso, uma enorme preocupação surgia dentro de mim, pois, uma  vez que eu não voava mais, como iria alcançar o céu? 
Fiquei com esse pensamento até que o  tempo se encarregou de fazer eu esquecer...
Todos os pássaros ficaram então sob  o cuidado da amada companheira de Pepito que nos tratava com o mesmo amor e  carinho. Drika, muito atenciosa, dizia palavras doces, de ternura e todos os  dias quando acordava, antes de sair correndo para trabalhar, procurava tratar de  nossa alimentação da maneira que podia, pois após a morte de Pepito ela ficou  numa situação econômica muito difícil.
Ela às vezes parava ao lado de nosso  viveiro e dizia para termos paciência que iria arrumar sempre algo bom para  comermos. Já era possível perceber que nossa alimentação não era tão boa quanto  antes e a quantidade mal dava para todos os pássaros que se encontravam no  viveiro. Notando essa situação, começamos a comer menos para poder de alguma  maneira ajudá-la, pois  havíamos visto ela deixar de comer o seu pão, para  distribuir para nós.
Drika era como um anjo em nossas  vidas, sempre querendo de alguma maneira nos agradar e infelizmente não podíamos  retribuir de uma maneira material, então procurávamos com pequenos gestos,  olhares, bicadinhas carinhosas, mostrando o quanto amávamos e agradecer pelo  cuidado e amor que tinha por nós.
Em busca de um  milagre...
Certo dia, Drika chegou chorando em  casa e como de costume veio a nosso encontro para contar como tinha sido seu  dia. Ela muito triste dizia para mim que havia perdido seu emprego, e pelo que  entendi, era o que a fazia ter dinheiro para comprar nossas comidas.
Naquele momento achando que já havia  sentido todos os sentimentos deste mundo percebi que um novo sentimento havia  brotado dentro de mim. Assim entendi definitivamente o significado da palavra  “desespero”.
Mais uma vez, em poucos dias ou  horas eu estaria indo embora daquela casa e, nada neste mundo era mais injusto,   porque já havia mudado tantas vezes e com tanto sofrimento.
Conversando com meus amigos naquela  tarde, tentamos de alguma maneira poder ajudar, mas nada podíamos fazer pela  Drika, pois estávamos trancados em um viveiro e nossas condições eram muito  limitadas mesmo querendo de alguma forma socorrê-la.
Drika havia saído para tentar de  alguma maneira contornar o problema, mas retornando para casa sem nenhum êxito,  veio até nosso viveiro e decidida fez a coisa que achava ser a mais certa, nos  soltando para sentir a liberdade pelo menos uma vez em nossas vidas.
Ao abrir o viveiro, todos os três  amiguinhos bateram suas asas sem ao menos deixar eu tentar explicar a eles que o  mundo lá fora não seria a melhor solução para nossos problemas. Eu mesmo não  fui, pois não tinha como voar, graças a minha deficiência que impedia e já um  dia, havia sentido a enorme frustração de estar solto no mundo. Restava então eu  desejar boa sorte aos meus amiguinhos e aguardar o meu destino final.
Drika chorava e estava muito triste  em fazer isso e era para eu aproveitar essa chance de ser livre porque naquela  mesma hora ela iria se libertar de tudo isso. Não entendia o que Drika queria  dizer, mas pelo modo que ela dizia, mas parecia que iria para o céu também, e  naquele momento fiquei muito triste porque todos iam para o céu e eu ficava aqui  em baixo sofrendo sem entender nada. 
Então na tentativa de não deixar que  ela fosse para o céu ou me deixasse sozinho, implorei para que me levasse  também. Saí do viveiro e fui subindo em seu ombro e num gesto de amor e carinho,  me aconcheguei em seu rosto. Neste mesmo momento ela me tomou em suas mãos e  colocou-me a sua frente dizendo assim:
- Sabe meu pequeno Luck, estava  certa do que ia fazer até este exato momento, mas antes de fazê-lo pedi um sinal  a Deus que se alguém neste mundo me amasse mesmo, teria que aparecer agora e  assim também demonstrar todo seu amor por mim. Luck, você hoje além de ser o que  mais amo, é também o salvador da minha vida e seu pequeno gesto demonstra que  nada está perdido.
Aquelas palavras que Drika me disse,  pouco entendi, entretanto algo me dizia que fiz a melhor obra de minha vida  depois de criar meus amados filhos.
Em poucos dias, estava com Drika em  outra casa bem mais simples e humilde e com o sentimento de dever  cumprido.
O vôo final...
E tudo foi muito bem, os anos  passaram até que um dia recebi uma visita muito especial.
Estava dormindo tranqüilamente,  sentia-me em um sonho, no meio da madrugada abri os olhos e Pepito todo  brilhante falava calmamente comigo e quando dizia algo, “incrível”, para minha  surpresa ele entendia também.
- Pepito, meu amigo, que saudade!  Todos esses anos esperei por você, achando que jamais conseguiria agradecer a  sua generosidade e amor que teve comigo.
- Meu amiguinho, todos nós temos que  cumprir uma missão na terra e meu tempo já havia sido concretizado. Hoje estou  aqui para poder dar minha mão a você, pois sei o quanto isso é importante. Você  irá conhecer um lugar maravilhoso e encontrará com muitos que você ama. Lá já  estão, seus pais, sua amada companheira e muitos que te respeitaram e te amaram  aqui na terra.
- Puxa Pepito! Parece mentira! Acho  mesmo que estou sonhando. Depois de tanto tempo de angústia vou poder ter essa  chance?
- Sim, a principio devo dizer que  você pode não ter sido nada aos olhos de muitos na terra, mas tornou a minha  vida e a vida de minha amada Drika muito mais simples e feliz. Toda vez que  olhávamos seus olhos, eles expressavam um brilho muito forte, jamais visto por  mim e minha amada. Hoje sabendo de toda sua trajetória, você dizia que logo  quando foi tirado de seus pais, sua vida não iria ser a das melhores, mas saiba,  foi. Deus te deu um dom que muitos almejam ter, o dom da “paz”, do “carinho”, da  “atenção”, da “simplicidade” e “humildade” e o maior de todos, do “amor  verdadeiro”. Saiba meu amiguinho que você salvou vidas, e foi a maior jóia viva  que poderia ter existido para nossas simples vida e hoje, Deus me concede a  liberdade de vir pessoalmente te buscar para então levá-lo céu.
- Pepito, estou muito contente em  saber que de alguma maneira minha vida foi importante na terra, mas preciso ser  muito sincero em dizer que nada disso teria acontecido se não fosse por você ter  me tirado da frente da morte, ajudando a me estabelecer, me alimentando e me  concedendo a felicidade de conhecer minha amada e de ter meus filhos. Hoje  consigo entender o significado da palavra “Deus”, ele é o amor maior que nos  guia de acordo com sua vontade, procurando então fazer de nós, seres que ajudam  ao próximo. Agora sim, estou pronto para minha nova casa “céu”, apenas deixe  muita paz para nossa amada Drika e permita que em todos os seus dias de vida ela  possa sentir nossa presença como no vento, não permitindo nos ver mais, porém  sentindo ele soprar em seu rosto e trazendo assim sempre a esperança em sua  vida.
Então assim termina minha história,  aos 14 anos de idade, fui levado às alturas do céu num vôo tão grandioso,  sentindo que minha presença na terra não foi em vão, recebendo o grande valor  pela vida e a minha conquista pela busca da tão sonhada “paz” e “amor” com muita  sabedoria e paciência.
Importante  saber...
Embora está história seja apenas um  conto, notamos que nos dias de hoje ainda é possível notar que nossos amigos de  penas ficam jogados dentro da gaiola em um canto qualquer da casa sem receber  atenção e os cuidados necessários e muitas vezes esses pássaros passam pelo  processo da fome, sede e o pior de todos “solidão”, e mesmo assim ainda resiste  por dias, semanas e até mesmo anos antes de morrer. Normalmente achamos que os  pássaros dentro de uma gaiola cantando é sinal de que está tudo bem, mas por um  momento já paramos para pensar se este canto mesmo sendo uma melodia muito  bonita não poderia ser de tristeza, dor ou sofrimento? Procuramos refletir um  pouco sobre o assunto e nos colocamos no lugar desses pequeninos...
Por quanto tempo, nós humanos  duraríamos sem água, comida e totalmente isolado de nossa família e amigos?  
Pior, saber que está passando por  este processo apenas porque a pessoa que você depende está negando atenção e  deixando você todo impossibilitado de buscar o seu sustento e sua  sobrevivência.
São situações onde devemos refletir  antes de adquirir qualquer tipo de animal de estimação, até porque o nome  “estimação” já diz tudo. A partir do dia que obter qualquer tipo de bichinho de  estimação, procure estimá-lo como fosse seu filho(a), pois ele dependerá de você  imensamente. Como podemos notar na história, a vida de Luck poderia ter sido  muito diferente.
Quando adquirimos um pássaro ou  qualquer outro bichinho de estimação, devemos pensar em diversos fatores  básicos, como se preocupar em deixar um tutor para cuidá-lo caso um dia sejamos  impossibilitado de continuar a lhe dar atenção e os devidos cuidados. No caso do  Pepito como podemos observar, ele preocupado com seus pássaros, deixou sua  esposa como tutora assim preparando-a para cuidar de seus pássaros caso ele  ficasse impossibilitado um dia.
Normalmente os pássaros duram poucos  anos, porém alguns chegam a durar de 15 até 80 anos, e por essa importante  razão, devemos pensar muito antes de adquirir determinadas espécies, assim  procurando saber melhor sobre suas origens, costumes entre outros fatores para  não ter nenhuma surpresa no futuro. No que diz respeito aos pássaros, eles se  apegam muito ao seu dono, transformando dentro deles uma fidelidade muito grande  e se isso não for correspondido pode com certeza trazer muita dor e sofrimento,  e a pior coisa que um dia poderá acontecer sem dúvida nenhuma, será o seu  abandono.
Fica muito claro nos dias de hoje, a  população tem se conscientizado ao adquirir seus bichinhos de estimações,  trazendo melhor conforto e os cuidados básicos para terem uma vida tranqüila e  saudável.
Normalmente quando eles chegam em  seu novo lar, alguns ficam contentes e outros muitas vezes ficam quietinhos e  abatidos. Aos que normalmente ficam abatidos, mostre a esse pequenino que ele  será muito amado por todos os membros da família e assim, você adquirirá a total  confiança de seu animal de estimação.
Procure sempre ter muita paciência,  pois esses pequeninos normalmente fazem bagunças sem o menor entendimento e  gritos, ameaças, castigos contra eles não serão as melhores maneiras de  repreendê-los.
A alguns anos atrás eu estava  passando em frente a uma Avicultura e entrando para conhecê-la, avistei uma  série de pássaros soltos e mansos. Ali estava algumas calopsitas, agapornis e  periquitos australianos e ao ver eles assim, “soltos” fiquei extremamente  encantado. Naquele dia mesmo estava certo que poderia adquirir um daqueles  pássaros para cuidar e ser meu bichinho de estimação. Comecei a escolher um  deles para presentear meu lar com alegria, pois adorava pássaros e certamente  não iria ter nenhum problema. Entre minhas escolhas, estava certo que seria uma  “calopsita”.  Notei bem no cantinho do mostruário uma calopsita bem quietinha e  possuída de um puro medo por estar naquele lugar. Acolhi este pequenino e levei  para minha casa contente e feliz por ter um novo amigo.
Quando cheguei em casa com o  pequenino, fui logo apresentando a minha esposa que o recebeu com muito carinho,  aconchegando em seu colo e simultaneamente o chamando de “Xuxa”. Ao longo dos  dias achávamos que estava tudo bem com o pequenino, mas percebia que ao  compará-lo com outros pássaros de sua espécie e raça, notoriamente ele era muito  pequeno perto dos outros e já se podia notar que sua asa e pezinho estava com um  problema de calcificação em razão de alguma queda no passado.
Ao notar isso, meu carinho por ele  se redobrou e minhas atenções começaram a ser muito mais voltadas a ele. Era  nítida a nossa falta de experiência e naquela época era muito difícil encontrar  informação de boa qualidade e segura para cuidar do nosso pequenino. Foi aí  então que despertei definitivamente e comecei buscar fontes de informações em  veterinários especializados, comprando livros sobre estudos da calopsita, seus  cuidados, alimentação e doenças que poderiam de alguma maneira afetá-lo, e tudo  isso para cuidar melhor de nosso pequenino.
Trato esses pequeninos como meus  filhos que me ajudaram a concretizar o projeto da minha vida e a entender melhor  o sentimento e a forma de carinho que eles são capazes de nos oferecer sem ao  menos pedir nada em troca. 
Todos eles são como uma jóia em  nossas vidas, pois sentimos que a cada olhar desses pequeninos, tocam  profundamente nossos corações, mostrando-nos que a vida é muito mais cheia de  vida quando procuramos amar o seu próximo, e não se importando qual a forma de  sentimento que temos por ele(a). 
Aprendi muito na vida com os  pássaros, pois seu olhar sincero me encanta e sua simplicidade de vida me  fascina. Portanto, se você tiver ao lado desses pequenos seres, tente buscar o  carinho que eles tende a oferecê-los,  seja em um cantar, em um toque ou até  mesmo em um pequeno olhar de pura gratidão por ter você como um amigo justo e  fiel.
Autor da Obra: Anderson Barbosa – O  Significado do Amor de um Pássaro
Adaptação: Solange Soares  Barbosa
Ano: 2007 – Segunda  Edição
Agradecimentos:
A minha esposa Solange por me ajudar  nesta gratificante tarefa e por amar imensamente a natureza.
Aos meus filhos Lucas e Vitor, por  tomarem minhas tarefas e por amar os pássaros.
Ao meu pequenino Xuxa que nos deixou no dia 19/06/2008 - Nosso amado  e sincero carinho e amor "por você"  
"Nosso amor por você é  como o Sol... toda manhã há de brilhar mesmo atrás das nuvens !!!"
Nunca... mas nunca  deixe seu pássaro ficar esperando por você, para mostrar o quanto ele te ama !  Anderson Barbosa