‘Nilo brasileiro’. Vista aérea do Parque Florestal Estadual do Rio Doce, na região sudoeste de Minas Gerais, cortado pelo rio que foi completamente poluído em 05/11/2015*, ao receber rejeitos químicos da mineradora Samarco - Ana Branco
I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade quem antevê a tensão entre o rio e as mineradoras que o exploraram desde sempre no poema “Lira itabirana”, de 1984: “O Rio? É doce. A Vale? Amarga.”
Fonte: Jornal O Globo
* O Rio Doce foi completamente destruído pelo rompimento das barragens da mineradora Samarco, em Mariana, há dez dias (05/11/2015). Com o desastre, os rejeitos químicos da empresa inundaram seu leito, que já é considerado “morto” por autoridades ambientais do Ministério Público do Espírito Santo e do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Minas Gerais.
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